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RELATÓRIO DE LEITURA DO LIVRO TEOLOGIA SISTEMÁTICA de LOUIS BERKHOF


Nota explicativa:
Este relatório é o resultado da minha necessidade de estudar para o concurso público da Marinha do Brasil para Capelão Naval/2013. Portanto, não há nele qualquer preocupação com normas técnicas, ABNT, ou padrões acadêmicos, mas simples anotações conclusivas do que assimilei no estudo do livro, contendo muitas partes dele que transcrevi para cá. Os textos que copiei na íntegra geralmente estão em itálico ou entre “aspas”.

O objetivo desse relatório foi apenas de apreender conteúdo visando uma prova com questões objetivos. No entanto, apesar de não ter a intenção de apresentar um resumo, sintase ou resenha da obra de Berkhof, quero compartilhar minha opinião acerca do livro: É um livro extenso e bem abrangente dos tópicos teológicos. Nela, o pesquisador encontra vasto material para pesquisa. Certamente, a teologia reformada na vertente calvinista tem na obra de Berkhof um excelente representante. É um livro que apresenta o posicionamento firme do autor nas questões controversas, seus pressupostos são bem fundamentados na Escritura e há um forte aporte histórico e filosófico entrelaçados nos seus capítulos do inicio ai fim do livro.
 Serra/ES, 26 de setembro de 2013
Ismael Filgueira.

RELATÓRIO DE LEITURA DO LIVRO TEOLOGIA SISTEMÁTICA de LOUIS BERKHOF

Berkhof nesse capitulo introdutório trata da dogmática. Ele narra o fato de que a abordagem quanto à ordem disposta nas obras de teologia sofreu uma mudança vertiginosa desde o século XIX. Antes desse período, o estudo de teologia começava com a doutrina de Deus, porem, a partir de Schleiermacher, com a inauguração da teologia liberal, a tônica das obras de teologia se tornou o homem. Com isso, Deus foi colocado literalmente em ultimo plano, Ou seja, no ultimo capitulo dos livros. Além disso, a experiência religiosa assumiu o lugar da revelação de Deus na Escritura como fonte de conhecimento teológico. Para a teologia liberal, Revelação, não é a manifestação de Deus ao homem, mas, o descobrimento de Deus pelo homem.

O autor define teologia com uma sentença simples, dizendo que “a Teologia é o conhecimento sistematizado de Deus de quem, por meio de quem, e para quem são todas as coisas”.

Em seguida, Berkhof discorre sobre as provas bíblicas da existência de Deus, definido por ele como um “Ser pessoal autoconsciente, auto existente, que é a origem de todas as coisas e que transcende a criação inteira, mas ao mesmo tempo é imanente em cada parte da criação”. Ao mesmo tempo, ele aborda o ateísmo, dizendo que ninguém nasce ateu, e que “o ateísmo resulta do estado moral pervertido do homem e do seu desejo de fugir de Deus”. P.13

O autor divide os ateus em dois grupos: ateus práticos e teóricos. O pratica simplesmente vive como se Deus não existisse. Mas o teórico intelectualiza o seu ateísmo. Geralmente o ateu teórico tem a sua descrença em Deus enraizada em algum pressuposto filosófico ou cientifico. Berkhof os classifica em três seguimentos diferentes:

1.     Ateísmo dogmático, que nega definitivamente a existência de um ser divino (verdadeiro ateu);

2.    Ateísmo cético, que duvida da capacidade da mente humana de determinar se há ou não há um Deus;

3.    Ateísmo crítico, que sustenta que não há nenhuma prova válida da existência de Deus.

O texto a seguir foi copiado na integra sem resumo por se tratar de um assunto interessante:

“O ateísmo teórico geralmente está arraigado em alguma teoria científica ou filosófica. O monismo materialista, em suas várias formas, e o ateísmo normalmente andam de mãos dadas. O idealismo subjetivo absoluto pode ainda deixar-nos a ideia de Deus, mas nega que haja qualquer realidade que lhe corresponda. Para o humanista moderno “Deus” simplesmente significa “o espírito da humanidade”, “o sentimento de integralidade”, “meta racial” e outras abstrações desta espécie. Outras teorias não somente dão lugar a Deus; também pretendem manter a sua existência, mas certamente excluem o Deus do teísmo, um Ser pessoal supremo, o Criador, o Preservador, e o Governador do Universo, distinto de Sua criação e, contudo, em toda parte presente nela. O panteísmo funde o natural e o sobrenatural, o finito e o infinito numa só substância. Muitas vezes fala de Deus como base oculta do mundo fenomenal, mas não O concebe como pessoal e, portanto dotado, como dotado de inteligência e vontade. Ousadamente declara que tudo é Deus, assim se envolve naquilo a que Brightman chama “a expansão de Deus”, de modo que temos “muito de Deus”, visto que Ele inclui também todo o mal do mundo. Isto exclui o Deus da escritura, e até aqui claramente ateísta”.

 

As pág. 17 e 18 falam dos argumentos racionais da existência de Deus, como segue no livro:

1. O ARGUMENTO ONTOLÓGICO. Este argumento foi apresentado em várias formas por Anselmo, Descartes, Samuel Clark, e outros. Foi apresentado em sua mais perfeita forma por Anselmo. Este argumenta que o homem tem a ideia de um ser absolutamente perfeito; que a existência é atributo de perfeição; e que, portanto, um ser absolutamente perfeito tem que existir.

2. O ARGUMENTO COSMOLÓGICO. Este argumento tem aparecido em diversas formas. Em geral se apresenta como segue: Cada coisa existente no mundo tem que ter uma causa adequada; sendo assim, o universo também tem que ter uma causa adequada, isto é, uma causa indefinidamente grande.

3. O ARGUMENTO TELEOLÓGICO. Este argumento também é causal e, na verdade, é apenas uma extensão do imediatamente anterior. Pode ser exposto da seguinte forma: Em toda parte o mundo revela inteligência, ordem, harmonia e propósito, e assim implica a existência de um ser inteligente e com propósito, apropriado para a produção de um mundo como este.

4. O ARGUMENTO MORAL. Como os outros argumentos, este também assumiu diferentes formas. Kant tomou seu ponto de partida no imperativo categórico, e deste deferiu a existência de alguém que, como legislador e juiz, tem absoluto direito de dominar o homem. Em sua opinião, este argumento é muito superior a qualquer dos outros. É o argumento em que se apoia principalmente, em sua tentativa de provar a existência de Deus. Esta pode ser uma das razões pelas quais este argumento é mais geralmente reconhecido do que qualquer outro, embora nem sempre com a mesma formulação. Alguns argumentam baseados na desigualdade muitas vezes observada entre a conduta moral dos homens e a prosperidade que eles gozam na vida presente, e acham que isso requer um ajustamento no futuro que, por sua vez, exige um árbitro justo. A teologia moderna também o usa amplamente, em especial na forma de que o reconhecimento que o homem tem do Sumo Bem e a sua busca de uma ideal moral exigem e necessitam a existência de um ser santo e justo, não torna obrigatória a crença em um Deus, em um Criador ou em um Ser de infinitas perfeições (RESUMIR).

5. O ARGUMENTO HISTÓRICO OU ETNOLÓGICO. Em geral este argumento toma a seguinte forma: Entre todos os povos e tribos da terra há um sentimento religioso que se revela em cultos exteriores. Visto que o fenômeno é universal, deve pertencer à própria natureza do homem.

A cognoscibilidade de Deus

As págs. 20 a 25 tratam da cognoscibilidade de Deus, que é o estudo da possibilidade do conhecimento de Deus, sem, contudo, compreendê-lo. Esse capitula também refuta os argumentos agnósticos que negam a possibilidade do conhecimento de Deus. O agnosticismo não nega a existência de Deus, porém, afirma que, embora Deus exista não é possível conhece-lo.

Pág. 38... Trata dos nomes de Deus, mostrando que são expressões antropomórficas, visando aproximar o conhecimento de Deus pelo homem. As paginas anteriores mostraram que não é possível conhecer o Ser de Deus em Sua essência, mas que através dos nomes de Deus conhecemos seus atributos.

[A sentença anterior que diz “não ser possível conhecer Deus em sua essência” não tem relação com o agnosticismo que afirma não haver nenhuma forma de conhecimento de Deus].

Algumas coisas interessantes sobre os nomes de Deus.

ELOHIM: esse é o nome usado nos primeiros capitulo de Genesis. Ele é escrito no plural, mas a ideia aqui não é de deuses, é de intensidade, indicando a plenitude do poder de Deus.

ADONAI é o nome que inicialmente Israel se dirigia a Deus, sofrendo posteriormente uma espécie de mutação para o nome (Yahweh), traduzido por alguns como Jeová, e por outros como Javé, ou simplesmente Senhor.

EL-SHADAI. Este nome significa Deus todo poderoso, ele indica a grandeza de Deus.

YAHWEH. Veio a substituir os nomes anteriores. É o nome incomunicável, que com o tempo perdeu a pronuncia.

Equivalência neotestamentária: THEOS X ELOHIM; KIRIOS X YAHWEH

A respeito dos atributos de Deus, Berkhof os divide em atributos comunicáveis e incomunicáveis, diferentemente de outros teólogos que dividem em atributos naturais e morais; absolutos e relativos etc.

A pág. 49 apresenta um interessante debate sobre Deus como o Ser Absoluto e discorre se o Absoluto da filosofia é compatível com o Deus da teologia cristã. Fica claro para o autor que as definições de Ser absoluto descrito por Hegel e Spinoza são incompatíveis com a revelação cristã. Berkhof fecha essa discussão dizendo que “quando o Absoluto é definido como a Causa Primeira de todas as coisas existentes, ou como o fundamento último de toda realidade, ou como o único Ser auto existente, pode ser considerado idêntico ao Deus revelado nas Escrituras. Ele é autossuficiente, mas ao mesmo tempo pode entrar livremente em várias relações com Sua criação como um todo e com Suas criaturas”. 

A partir da pág. 56 Berkhof estuda os atributos Comunicáveis de Deus. Ele divide esses atributos em quatro: 1) Espiritualidade de Deus, 2) Atributos Intelectuais, 3) Morais e 4) de Soberania. Em relação aos Atributos Morais, que é na verdade uma divisão dos Atributos Comunicáveis ele subdivide apenas em Bondade de Deus, Santidade de Deus e Justiça de Deus.

A partir da pág. 75 inicia-se o estudo da Trindade, mostrando que no concilio de Niceia em 325 d.C. foi afirmado a plena divindade de Cristo, sendo assim derrubada a heresia ariana. Além disso, No concilio de Constantinopla em 381 a heresia monarquianista também é vencida com a conclusão da divindade do Espirito Santo.

Após a Reforma nada se alterou concernente à doutrina do Espirito Santo. Apenas algumas velhas heresias que foram revitalizadas e revestidas com novas roupagens, principalmente na filosofia de Hegel e na teologia do pai da teologia liberal Schleiermacher, que afirmava uma espécie de modalismo. Ou seja, Deus se manifestando, ora como Pai, ora como Filho e ora como Espirito Santo.

A pág. 91 em diante trata da doutrina dos decretos de Deus. Neste ponto, o autor reconhece que os reformadores calvinistas estão sozinhos, porque segundo ele, os arminianos negam essa doutrina e os luteranos não concebem uma predestinação absoluta, mas condicional.

Predestinação.

Este capitulo (pag. 100-102), a exemplo dos outros, começa com um levantamento histórico da doutrina da predestinação, que praticamente não recebeu nenhuma atenção até Agostinho. Agostinho desenvolveu e sistematizou a doutrina da predestinação. Essa doutrina encontrou inimigos como Pelagio, embora a maioria dos pensadores apoiasse as ideias de Agostinho. Entretanto, somente com Calvino que a doutrina da predestinação se popularizou, se tornando uma das mais evidentes doutrinas defendidas pelos reformadores calvinistas.  

A autoria mais particularizada da predestinação é atribuída ao Pai.

Bons e maus, tanto homens quanto anjos são objetos da predestinação, que tem Cristo como mediador.

Este estudo acerca da predestinação termina abordando a questão não contraditória (segundo o autor) do supralapsário e infralapsário. O que isto significa? É um debate sobre o decreto de Deus concernente à queda. O primeiro grupo acredita que Deus decretou a queda. O segundo grupo postula um decreto permitindo a queda, ou seja, um decreto condicional. O autor argumenta que não existe nenhuma contradição nessas posturas diferentes. Ele afirma que o supralapsarianismo trata a questão do ponto de vista idealista, teleológico. Já o infralapsarianismo faz uma abordagem histórica da questão.

Criação em Geral

A primeira parte desse capitulo não indica aparentemente tratar-se de possíveis assuntos para se elaborar questões de prova.

Teorias Divergentes a Respeito da origem do Mundo.

Berkhof descreve três teorias da criação do mundo concorrentes com a descrição cristã. São elas:

TEORIA DUALISTA. Nem sempre o dualismo é apresentado de modo igual, mas, em sua formação mais usual, estabelece dois princípios auto existentes, Deus e a matéria, distintos um do outro e, ao mesmo tempo, co-eternos. Contudo, a matéria original é tida apenas como uma substância negativa e imperfeita (às vezes considerada má), que é subordinada a Deus e instrumento da Sua vontade (Platão, Aristóteles, os gnósticos, os maniqueus). Segundo essa teoria, Deus não é o Criador, mas apenas o estruturador e artífice do mundo.

2. A TEORIA DA EMANAÇÃO, EM VÁRIAS FORMAS. Essa teoria pretende que o mundo é uma emanação necessária do Ser divino.  De acordo com ela, Deus e o mundo são essencialmente um, sendo este a manifestação fenomênica daquele. A ideia de emanação é característica de todas as teorias panteístas, embora nem sempre apresentada da mesma maneira.

3. A TEORIA DA EVOLUÇÃO.

Criação do Mundo Espiritual. P.132-140

Não há nada relevante a se comentar nestes tópicos no que diz respeito a possíveis questões de prova.

Criação do Mundo Material - O Relato Bíblico da Criação. P. 141...

A Bíblia declara a criação dos céus e da terra. No entanto, sua ênfase recai praticamente toda ao mundo material, restando assim, pouquíssimas informações ao mundo espiritual. O relato da criação dá atenção ao que se vê, ao que pode ser tocado, sem mencionar pormenores do que há no céu, bem como relatos a cerca de espíritos , anjos etc.

Há um interessante relato na pagina 141 sobre um certo paralelismo do relato da criação feito pelos babilônios. Inclusive esse relato babilônico foi questão de prova em uma das provas anteriores da marinha.

Na p.148 há uma tabela que deve ser memorizada. É a ordem dos dias da criação.

O autor rebate a acusação da alta crítica de que há dois relatos da criação em gênesis, e que estes relatos se contradizem. Ele argumenta que o relato registrado no cap. 2 de Genesis é apenas a descrição da historia do homem, com a inclusão de dados do relato citado no cap. 1.

A p. 149 apresenta uma importante relação de teorias que foram elaboradas com a intenção de harmonizar o relato bíblico da criação com as novas descobertas da ciência.

Doutrina da Providencia (providencia em geral e preservação, concorrência, governo, providencia extraordinária ou milagres). P.156 – 168.

A doutrina da providencia é o estudo do domínio e governo de Deus sobre sua criação. É a manutenção dos decretos divinos espedidos sobre o universo. Neste capitulo o autor mostra as opiniões errôneas do deísmo e do panteísmo, que é apresentado do seguinte modo:

Pode-se definir a providência como o permanente exercício a energia divina, pelo qual o Criador preserva todas as Suas criaturas, opera em tudo que se passa no mundo e dirige todas as coisas para o seu determinado fim. Esta definição indica que há três elementos na providência, a saber, a preservação (conservatio, sustentatio), a concorrência ou cooperação (concursus, co-operatio), e o governo (gubernatio).

Panteísmo X teísmo.

O panteísmo não distingue entre a criação e a providência, mas o teísmo acentua uma dupla distinção: (a) A criação é o chamamento à existência daquilo que antes não existia, enquanto que a providência continua ou faz continuar aquilo que já foi chamado à existência. (b) na criação não pode haver cooperação da criatura com o Criador, mas na providência concorrem a Causa primeira e causas secundárias. A Escritura sempre distingue ambas.

OBJETOS DA PROVIDÊNCIA DIVINA.

Os ensinamentos da Escritura sobre este ponto. A Bíblia ensina claramente o governo providencial de Deus: 1- sobre o universo em geral, 2- sobre o mundo físico, 3- sobre os negócios das nações, 4- sobre o nascimento do homem e sua sorte na vida, 5- sobre as vitórias e fracassos que sobrevêm às vidas dos homens, 6- sobre coisas aparentemente acidentais ou insignificantes, 7- sobre a proteção dos justos, 8- no suprimento das necessidades do povo de Deus, 9- nas respostas à oração, 10- no desmascaramento e castigo dos ímpios.

Providência geral e especial.

Geralmente os teólogos distinguem entre providência geral e especial, a primeira indicando o governo de Deus sobre o universo todo, e a última, Seu cuidado de cada parte dele em relação ao todo. Não são duas espécies de providência, mas a mesma providência exercida em duas diferentes relações. Contudo, a expressão “providência especial” pode ter uma conotação mais específica, e nalguns casos se refere ao cuidado especial de Deus por Suas criaturas racionais. Alguns falam até mesmo de uma providência muito especial (providentia especialissima), com referência aos que estão na relação especial de filiação a Deus. Providências especiais são combinações especiais feitas na ordem dos eventos, como na resposta à oração, na libertação de dificuldades, e em todos os casos em que a graça e o socorro vêm, em circunstâncias críticas.

Na subdivisão da doutrina da providencia, além do estudo da providencia geral e preservação, temos o estudo da concorrência divina, governo divino e providencia extraordinária.

A IDÉIA DA CONCORRÊNCIA DIVINA.

Acerca desse assunto Berkhof dá sua Definição e explicação: Pode-se definir a concorrência como a cooperação do poder divino com todos os poderes subordinados, em harmonia com as leis pré-estabelecidas de sua operação, fazendo-os agir precisamente como agem.

NATUREZA DO GOVERNO DIVINO.

Pode-se definir o governo divino como a continua atividade de Deus pela qual Ele rege todas as coisas teleologicamente a fim de garantir a realização do propósito divino.

PROVIDÊNCIAS EXTRAORDINÁRIAS OU MILAGRES.

NATUREZA DOS MILAGRES. Usualmente se faz distinção entre providentia ordinária e providentia extraordinária. Na primeira, Deus age por meio de causas secundárias em estrito acordo com as leis da natureza, embora possam variar os resultados, com diferentes combinações. Mas na última Ele age imediatamente ou sem a mediação de causa secundárias, em sua operação ordinária.

 

A DOUTRINA DO HOMEM COM RELAÇÃO A DEUS. P.169

I. A Origem do Homem.

Na teologia Berkhofiana a doutrina do homem deve seguir imediatamente após a de Deus. Esse estudo é chamado de antropologia teológica e não pode ser confundido com outros campos de estudo como a antropologia cultural e outros. A antropologia teológica Tem como fonte de estudo somente a Bíblia, e a experiência humana é analisada à luz da escritura.

A natureza do homem - Os Elementos Constitutivos da Natureza Humana.

O conceito de tricotomia surgiu com os gregos. Já a ideia dicotômica foi ampliada por Agostinho, passando a prevalecer na Idade Média e se mantendo inalterada com a Reforma. Segundo o autor, a dicotomia é o ensino correto das escrituras.

Quanto às três teorias da origem da alma, criacionismo e traducionismo são as duas mais bem aceitas na cristandade. Já o pré-existencialismo tem pouca aceitação. O autor resume a questão com a seguinte sentença: “A Bíblia não faz nenhuma afirmação direta a respeito da origem da alma do homem, exceto no caso de Adão” p. 189. No entanto, a opção de Berkhof é o criacionismo.

O Homem Como a Imagem de Deus

Este capitulo começa esboçando as ideias que foram desenvolvidas no decorrer da historia. Poucas coisas são dignas de nota, não obstante o posicionamento de Lutero que era bem restrito. Ele “não buscava a imagem de Deus em nenhum dos dons naturais do homem, tais como as suas faculdades racionais e morais, mas, sim, exclusivamente na justiça original e, portanto, considerava a imagem como inteiramente perdida devido ao pecado”. Calvino tinha uma opinião divergente de Lutero, sendo sua visão mais ampla, e não tão pessimista quanto o reformador alemão.

Seguem-se as conclusões do autor quanto à imagem de Deus no homem:

1.    As palavras “imagem” e “semelhança” são empregadas como sinônimos e uma pela outra e, portanto, não se referem a duas coisas diferentes.

2.    A imagem de Deus segundo a qual o homem foi criado, certamente inclui o que geralmente se denomina “justiça original”, ou mais especificamente, verdadeiro conhecimento, justiça a santidade.

3.    Mas não se deve restringir a imagem de Deus ao conhecimento, à justiça e à santidade originais, perdidos devido ao pecado; ela inclui também elementos que pertencem à constituição natural do homem.

4.    Outro elemento frequentemente incluído na imagem de Deus é o da espiritualidade.

5.    Outro elemento da imagem de Deus ainda é a imortalidade.

6.    Há considerável diferença de opinião quanto a se o domínio do homem sobre a criação inferior também fazia parte da imagem de Deus. Não é de admirar, em vista do fato de que a Escritura não se expressa explicitamente sobre este ponto.

 

A Condição Original do Homem como a Imagem de Deus.

A partir da página 198 Berkhof trata da condição origal do homem, mostrando sua estreita conexão com a imagem de Deus. Em seguida apresenta os três principais conceitos dessa questão:

1. O CONCEITO PROTESTANTE. Os protestantes ensinam que o homem foi criado num estado de relativa perfeição, um estado de justiça e santidade. Não significa que ele já tinha alcançado o mais elevado estado de excelência de que era suscetível. Geralmente se admite que ele estivesse destinado a alcançar um grau mais elevado de perfeição pela obediência.

2. O CONCEITO CATÓLICO ROMANO. Segundo eles, a justiça original não pertencia à natureza humana em sua integridade, mas era algo que foi acrescentado sobrenaturalmente. Em virtude da sua criação, o homem foi simplesmente revestido de todos os pecados e faculdades naturais da natureza humana como tal.

3.  CONCEITOS DE ÊNFASE RACIONALIZANTE.  Os pelagianos, os socinianos, os arminianos, os racionalistas e os evolucionistas lançam em total descrédito a ideia de um estado primitivo de santidade. Os quatro primeiros grupos concordam que o homem foi criado num estado de inocência, ou seja, de neutralidade moral e religiosa, mas foi dotado de livre arbítrio, de modo que podia seguir esta ou aquela direção.

O Homem na Aliança das Obras. P. 201- 209

O HOMEM NO ESTADO DE PECADO. P.210 a 223

I. A Origem do Pecado

Este é um importante assunto na teologia e filosofia e geralmente bem explorado pelas bancas examinadoras de provas para capelão. Por esta razão copiei na íntegra a introdução do capitulo:

O problema do mal que há no mundo sempre foi considerado um dos mais profundos problemas da filosofia e da teologia. É um problema que se impõe naturalmente à atenção do homem, visto que o poder do mal é forte e universal, é uma doença sempre presente na vida em todas as manifestações desta, e é matéria da experiência diária na vida de todos os homens. Os filósofos foram constrangidos a encarar o problema e a procurar uma resposta quanto à origem de todo mal, e particularmente do mau moral, que há no mundo. A alguns, pareceu uma parte de tal modo integrante da vida, que buscaram a solução na constituição natural das coisas. Outros, porém, estão convictos que o mal teve uma origem voluntária, isto é, que se originou na livre escolha do homem, quer na existência atual quer numa existência anterior. Estes se acham bem mais perto da verdade revelada na Palavra de Deus.

O autor remonta a origem do mal ao mundo angelical e não à desobediência de Adão no Édem. Para ele, o pecado no Édem explica a introdução do mal na humanidade, porém, não explica sua origem. Outro ponto importante nessa questão é que na teologia reformada não é atribuído a Deus a autoria da criação do mal. Sintetizando: Deus decretou a possibilidade do homem praticar o mal ao cria-lo como um ser livre.

Resolvi copiar o texto a seguir sobre Conceitos Históricos a Respeito da Origem do Pecado por se tratar de dados interessantes e com grande possibilidade de ser questão de prova:

Os mais antigos “pais da igreja”, assim chamados, não falam muito definidamente da origem do pecado, conquanto a ideia de que se originou na voluntária transgressão e queda de Adão no paraíso já achasse nos escritos de Irineu. Esta se tornou logo a ideia dominante na igreja, especialmente em oposição ao gnosticismo, que considerava o mal inerente à matéria e, como tal, produto do Demiurgo. O contato da alma humana com a matéria imediatamente a tornou pecaminosa. Essa teoria (gnóstica) naturalmente priva o pecado do seu caráter voluntário e ético. Orígenes procurou manter isso com a sua teoria do preexistencialismo. Segundo ele, as almas dos homens pecaram voluntariamente numa existência anterior e, portanto, entraram no mundo numa condição pecaminosa. Esta ideia platônica estava tão sobrecarregada de dificuldades que não pôde encontrar aceitação geral. Contudo, durante os séculos dezoito e dezenove foi defendida por Mueller e Rueckert, e por filósofos como Lessing, Schelling e J. H. Fichte. Em geral os chamados pais da igreja grega, do terceiro e do quarto século, mostravam certa inclinação para reduzir entre o pecado de Adão e o dos seus descendentes, ao passo que os “pais” da igreja latina ensinavam cada vez com maior clareza que a atual condição pecaminosa do homem encontra a sua explicação na primeira transgressão de Adão no paraíso. Os ensinos da igreja oriental culminaram finalmente no pelagianismo, que negava a existência de alguma relação vital entre [o pecado de Adão e o dos seus descendentes], enquanto que os da igreja ocidental chegaram ao seu ponto culminante no agostinianismo, que acentuava o fato de que somos culpados e corruptos em Adão. O semipelagianismo admitia a conexão adâmica, mas sustentava que isso explica apenas a corrupção do pecado, não a culpa. Durante a Idade Media reconhecia-se geralmente essa conexão. Às vezes era interpretada à maneira agostiniana, mas com mais frequência, à maneira semipelagiana. Os reformadores compartilhavam os conceitos de Agostinho, e os socinianos os de Pelágio, enquanto que os arminianos moviam-se em direção ao semipelagianismo. Sob a influencia do racionalismo e da filosofia evolucionista, a doutrina da queda do homem e de seus efeitos fatais sobre a raça humana aos poucos foi descartada.

Berkhof acentua que a ideia do pecado foi substituída pela do mal, e este mal era explicado de varias maneiras:

·         Kant o considerava como uma coisa pertencente à esfera super-racional, que ele confessava não ter condições de explicar.

·         Para Leibniz, devia-se às necessárias limitações do universo.

·         Schleiermacher via sua origem na natureza sentimental do homem, e

·         Ritschl na ignorância humana, ao passo que.

·         O evolucionista o atribui à oposição das propensões inferiores à consciência moral em seu desenvolvimento gradativo.

·         Barth fala da origem do pecado como o mistério da predestinação. P.210

 

Os Resultados do Primeiro Pecado. - pagina 217

1. O resultado imediato do primeiro pecado foi a depravação total da natureza humana. O contágio do seu pecado espalhou-se imediatamente pelo homem todo, não ficando sem ser tocada nenhuma parte da sua natureza, mas contaminando todos os poderes e faculdades do corpo e da alma. Esta completa corrupção do homem é ensinada claramente na Escritura. A depravação total de que se trata aqui não significa que a natureza humana ficou logo tão completamente depravada como teria a possibilidade de vir a ser. Na vontade essa depravação manifestou-se como incapacidade espiritual.

2. Imediatamente relacionada com a matéria do item anterior, deu-se a perda da comunhão com Deus mediante o Espírito Santo. Ele rompeu com a verdadeira fonte de vida e bem-aventurança, e o resultado foi uma condição de morte espiritual.

3. Consciência da corrupção, revelando-se no sentido de vergonha. E depois houve uma consciência de culpa, que achou expressão numa consciência acusadora e no temor de Deus que isso inspirou.

4. Não somente a morte espiritual, mas também a morte física resultou do primeiro pecado do homem.

5. O homem foi expulso do paraíso, porque este representava o lugar da comunhão com Deus.

Teorias Filosóficas a Respeito da Natureza do Mal.

P.219 – 223. Essas paginas apresentam um estudo interessante e digno de nota.

1. TEORIA DUALISTA. Esta é uma das teorias que foram comuns na filosofia grega. Na forma do gnosticismo, conseguiu penetrar na Igreja Primitiva. Admite a existência de um princípio eterno do mal, e sustenta que no homem o espírito representa o princípio do bem, e corpo, o do mal.

2. TEORIA DE QUE O PECADO É MERA PRIVAÇÃO. De acordo com Leibniz, o presente mundo é o melhor mundo possível. A existência do pecado deve ser considerada inevitável. O pecado não pode ser atribuído à acaso pessoal de Deus e, portanto, deve ser considerado como simples negação ou privação, sem necessidade de nenhuma causa eficiente. As limitações da criatura o tornam inevitável. Essa teoria torna o pecado um mal necessário.

3. TEORIA DE QUE O PECADO É UMA ILUSÃO. Para Spinoza, como para Leibniz, o pecado é simplesmente um defeito, uma limitação da qual o homem está cônscio; mas enquanto Leibniz considera a noção do mal, que surge dessa limitação, como necessária, Spinoza sustenta que a resultante consciência do pecado deve-se simplesmente à inadequação do conhecimento do homem, que não consegue ver tudo sub espécie aeternitatis, isto é, em unidade com a eterna e infinita essência de Deus. Se o conhecimento do homem fosse adequado, de sorte que visse tudo em Deus, ele não teria nenhuma ideia do pecado; este seria simplesmente inexistente para ele.

4. TEORIA DE QUE O PECADO É FALTA DE CONSCIÊNCIA DE DEUS, PELO FATO DE ESTAR A NATUREZA HUMANA PRESA AOS SENTIDOS. É o conceito de Schleiermacher. Segundo ele, a consciência do pecado, da parte do homem, depende da sua consciência de Deus. Quando o senso da realidade de Deus se desperta no homem, imediatamente toma consciência da oposição da sua natureza inferior àquela noção. Esta oposição segue-se da própria constituição de seu ser, de sua natureza sensorial, presa aos sentidos, da ligação da alma com um organismo físico. É, pois, uma imperfeição inerente, mas uma imperfeição que o homem sente como pecado e culpa. Contudo, isso não faz de Deus o autor do pecado, uma vez que o homem concebe erroneamente essa imperfeição como pecado. Segundo essa teoria O pecado não tem existência objetiva, mas existe somente na consciência do homem.

5. TEORIA DO PECADO COMO FALTA DE CONFIANÇA EM Deus E COMO OPOSIÇÃO AO SEU REINO, DEVIDO À IGNORÂNCIA. Como Schleiermacher, Ritschl também dá ênfase ao fato de que o pecado é entendido somente do ponto de vista da consciência cristã. Os que se acham fora dos limites da religião cristã, e os que estão ainda alheios à experiência da redenção, não têm nenhum conhecimento do pecado.

6. TEORIA DE QUE O PECADO É EGOÍSMO. Assumem essa posição Mueller e A H. Strong, A.B. Langston, entre outros. Alguns que assumem essa posição concebem o egoísmo apenas como o oposto do altruísmo ou da generosidade; outros o entendem como a escolha do ego, em vez de Deus, como o supremo objeto do amor. Ora, essa teoria, especialmente quando concebe o egoísmo como a colocação do ego no lugar de Deus, é, de longe, a melhor das teorias mencionadas.

7. TEORIA DE QUE O PECADO CONSISTE NA OPOSIÇÃO DAS INCLINAÇÕES INFERIORES DA NATUREZA HUMANA A UMA CONSCIÊNCIA MORAL DESENVOLVIDA GRADATIVAMENTE.

–obs. Essa sétima teoria é de pouca relevância.

Berkhof finaliza esse tópico com a seguinte declaração: “O defeito radical dessas teorias todas é que procura definir o pecado sem levar em consideração que o pecado é essencialmente o abandono de Deus, a oposição a Deus e a transgressão da lei de Deus. Sempre se deve definir o pecado em termos da relação do homem com Deus e Sua vontade como vem expressa na lei moral”.

A Ideia Bíblica do Pecado. P. 223 a 255

1. O PECADO É O MAL NUMA CATEGORIA ESPECÍFICA. Hoje em dia ouvimos falar muito do mal, e relativamente pouco do pecado; e isso é muito enganoso. Nem todo mal é pecado. Não se deve confundir o pecado com o mal físico, com aquilo que é danoso ou calamitoso. É possível falar, não só do pecado mas da doença, como um mal, má, então, a palavra “mal” é empregada em dois sentidos totalmente diversos. Acima da esfera física está a esfera ética, na qual é aplicável o contraste entre o bem moral e o mal moral, e é somente nesta esfera que podemos falar de pecado.

2. O PECADO TEM CARÁTER ABSOLUTO. Na esfera ética, o constraste entre o bem e o mal é absoluto. Não há condição neutra entre ambos. Apesar de indubitavelmente haver graus nos dois, não há graduação entre o bem e o mal.

3. PECADO SEMPRE TEM RELAÇÃO COM DEUS E SUA VONTADE. Os mais antigos teólogos compreendem que é impossível ter uma correta concepção do pecado sem vê-lo em relação a Deus e Sua vontade e, portanto, acentuavam este aspecto e normalmente falavam do pecado como “falta de conformidade com a lei de Deus”.

4. O PECADO INCLUI A CULPA E A CORRUPÇÃO. A culpa é o estado de merecimento da condenação ou de ser passível de punição pela violação de uma lei ou de uma exigência moral. Ela expressa a relação do pecado com a justiça ou da penalidade com a lei.

5. O PECADO TEM SUA SEDE NO CORAÇÃO. O pecado não reside nalguma faculdade da alma, mas no coração, que na psicologia da Escritura é o órgão central da alma, onde estão as saídas da vida. E desse centro, sua influencia e suas operações espalham-se para o intelecto, a vontade, as emoções – em suma, a todo homem, seu corpo inclusive.

6. O PECADO NÃO CONSISTE APENAS DE ATOS MANIFESTOS. O pecado não consiste somente de atos patentes, mas também de hábitos pecaminosos e de uma condição pecaminosa da alma. Estes três âmbitos se inter-relacionam do seguinte modo: O estado pecaminoso á a base dos hábitos pecaminosos, e estes se manifestam em ações pecaminosas.

A conclusão do autor: “Em conclusão, pode-se dizer que definir o pecado como falta de conformidade com a lei moral de Deus, em ato, disposição ou estado”.

O Conceito Pelagiano de Pecado.

O conceito pelagiano do pecado é completamente diverso do que foi apresentado acima. O único ponto de semelhança está em que o pelagiano também vê o pecado em relação à lei de Deus, e o considera uma transgressão da lei.

EXPOSIÇÃO DO CONCEITO PELAGIANO. Pelágio tomou o seu ponto de partida na capacidade do homem. Sua proposição fundamental é: Deus ordenou ao homem que praticasse o bem; daí, este deve ter capacidade para fazê-lo. Significa que o homem tem livre arbítrio no sentido absoluto da expressão, de modo que lhe é possível decidir a favor ou contra o que é bom, e também praticar tanto o bem como o mal. A decisão não depende de qualquer caráter moral que haja no homem, pois a vontade é inteiramente indeterminada. Se o homem vai fazer o bem ou o mal depende simplesmente da sua vontade livre e independente. Disto se segue, naturalmente, que não existe o que chamam de desenvolvimento moral do indivíduo. O bem e o mal estão localizados nas ações isoladas do homem. A coisa chamada natureza pecaminosa não existe, como tampouco as chamadas disposições pecaminosas. O pecado é sempre uma escolha deliberada do mal, escolha feita por uma vontade perfeitamente livre e que igualmente pode escolher e seguir o bem. A universidade do pecado é admitida, porquanto toda experiência a testifica. Deve-se à limitação e ao hábito de pecar, que se forma gradativamente. Estritamente falando, segundo o ponto de vista pelagiano, não há pecadores, mas tão somente atos pecaminosos isolados.

O autor em seguida esboça suas objeções à teoria pelagiana. Talvez seja necessário dá uma olhada posteriormente e até mesmo transcrever o resumo para cá.

A Transmissão do Pecado. P. 230

Historicamente os teólogos se divergiram bastante no que diz respeito à transmissão do pecado. Há aqueles que associam o pecado de Adão com o pecado de toda a humanidade, sem contudo afirmar que pecamos em consequência (imputação) do pecado de Adão (pecado original). Pensam assim teólogos neo-ortodoxos como os citados pelo autor: “Até Barth e Brunner, apesar de se oporem violentamente ao modernismo teológico, não consideram a pecaminosidade universal da raça humana como resultado do pecado de Adão. Historicamente, este ocupa um lugar único, meramente como o primeiro pecador”.

Outros como os pelagianos negam qualquer relação do pecado de Adão com os pecados da humanidade, não sendo atribuído a nós culpa ou mesmo herança pecaminosa. Neste caso, Adão foi apenas um mau exemplo. Entretanto, não negam a universalidade do pecado. Já os reformadores pensam diferente: “De acordo com Lutero, somos tidos como culpados por Deus por causa do pecado herdado de Adão e que reside em nós. Calvino fala num tom um tanto semelhante. Ele sustenta que, desde que Adão foi, não somente o progenitor da raça humana, mas também a sua raiz, todos os seus descendentes nascem com natureza corrupta; e que tanto a culpa do pecado de Adão como a própria corrupção inata são-lhes imputadas como pecado”.

O Pecado na Vida da Raça Humana - p. 237

Chama-se “pecado original” (1) porque é derivado da raiz original da raça humana; (2) porque está presente na vida de todo e qualquer indivíduo, desde a hora do seu nascimento e, portanto, não pode ser considerado como resultado de imitação; (3) porque é a raiz interna de todos os pecados concretizados que corrompem a vida do homem.

Há dois elementos no pecado original: culpa original e corrupção original.

A palavra “culpa” expressa a relação que há entre o pecado e a justiça. Quem é culpado está numa relação penal com a lei.

A corrupção original inclui duas coisas, a saber, a ausência da justiça original e a presença do mal positivo. A corrupção original não é apenas uma moléstia, como a descrevem alguns dos “pais” gregos e os arminianos, mas, sim, pecado, no sentido real da palavra.

O autor se mostrou confuso neste ponto. Ele anuncia dois elementos do pecado original, como citei acima, e relacionou mais dois: depravação e incapacidade total, totalizando quatro.

O PECADO IMPERDOÁVEL.

Berkhof diz que no decorrer da historia varias ideias erradas surgiram para explicar o pecado imperdoável, como as postuladas por Crisostomos, Jerônimo, Agostinho, Melanchiton e os dogmáticos de linha luterana. Sua definição esta como segue:         “O pecado IMPERDOÁVEL consiste na rejeição e calúnia consciente, maldosa e voluntária, e isso contra as evidências e respectiva convicção do testemunho do Espírito Santo a respeito da graça de Deus em Cristo, atribuindo-o, por ódio ou inimizade, ao príncipe das trevas”.

A Punição do Pecado. P. 249 a 255

Este assunto é de fácil assimilação, não carecendo de anotações.

O HOMEM NA ALIANÇA DA GRAÇA. P.256 a 295

Embora seja um capitulo bem grande, resumi apenas os tópicos abordados no final, por se mostrarem assuntos de maior interesse.

Sobre a divisão da história bíblica, três teorias foram elaboradas. Uma delas e a mais popular, principalmente entre os pentecostais é a teoria dispensacionalista. Esta teoria divide a história bíblica em 6 ou 7 e até 8 dispensações. O dispensacionalismo encontra muitas dificuldades para se ajustar com o ensino bíblico, sendo rejeitado pelo autor. Outra teoria é a das três dispensações postulada por Irineu que não alcançou muita popularidade. A terceira teoria apresentada é mais fácil de conciliar com o ensino geral das escrituras e é a posição adotada pelos reformados. Ela consiste em duas dispensações somente: do Antigo e do Novo Testamento. Berkhof descreve sua conclusão da seguinte maneira: “Com base em tudo quanto acima foi dito, é preferível seguir as linhas tradicionais distinguindo apenas duas dispensações ou administrações, quais sejam, a do Velho Testamento e a do Novo; e subdividir a primeira em vários períodos ou estágios da revelação da aliança da graça”.

A subdivisão proposta a seguir não é segundo o autor várias alianças firmadas por Deus, mas sim, a progressiva revelação da aliança da graça.

A primeira revelação da aliança se deu ainda no Éden em Gn 3.15, em seguida tivemos a aliança com Noé, com Abraão e a aliança do Sinai.

Quanto ao Novo Testamento, a teologia reformada nega que seja uma nova aliança, afirmando que se trata apenas de continuidade da aliança iniciada no Velho Testamento.

A DOUTRINA DA PESSOA E OBRA DE CRISTO

A Doutrina de Cristo na História

Os gnósticos foram profundamente influenciados pela concepção dualista dos gregos, em que a matéria, entendida como inerentemente má, é descrita como completamente oposta ao espírito; e por uma tendência mística para considerar as coisas terrenas como representações alegóricas dos grandes processos redentores cósmicos. Rejeitavam a ideia de uma encarnação, de uma manifestação de Deus em forma visível, visto que isto envolveria um contato direto do espírito com a matéria.

As paginas 297,8 tratam das teorias heréticas formuladas para explicar a pessoa de Cristo até o Concilio de Calcedônia. Contudo, todas elas fracassaram, sendo rechaçadas nos concílios de Nicéia em 325, Constantinopla em 381 e Calcedônia em 451.

Após o concilio de Calcedônia em 451 – A Idade Média acrescentou muito pouca coisa à doutrina da pessoa de Cristo. Alguns novos pontos foram salientados por Tomaz de Aquino. O principal deles é que “Há duas vontades em Cristo, mas a causalidade última pertence à vontade divina, à qual a vontade humana está sempre sujeita”.

Na reforma praticamente nada se alterou com a doutrina de Cristo. Berkhof afirma que Tanto a Igreja Romana como as igrejas da reforma subscreveram a doutrina de Cristo nos termos de sua formulação pelo Concílio de Calcedônia’. Suas diferenças importantes e profundas estão noutras áreas. Há uma peculiaridade da cristologia luterana que merece atenção. A doutrina de Lutero sobre a presença física de Cristo na ceia do Senhor levou ao conceito caracteristicamente luterano da communicatio idiomatum (comunicação de propriedades), com o sentido de “que cada uma das naturezas de Cristo permeia a outra (perichoresis), e que a Sua humanidade participa dos atributos da Sua divindade”.

Somente no século XIX houve mudanças drásticas concernente a cristologia, dando inicio ao chamado “segundo período cristológico”.

Scheleiermacher esteve à frente do novo desenvolvimento. Ele considerava Cristo como uma nova criação, na qual a natureza humana é elevada ao nível da perfeição ideal. Todavia, dificilmente se pode dizer que o seu Cristo se eleva acima do nível humano.

O conceito que Hegel tinha de Cristo é parte integrante do seu sistema panteísta de pensamento. O verbo se fez carne significa para ele que Deus se encarnou na humanidade, de modo que a encarnação expressa realmente a unidade de Deus e o homem.

A Unipersonalidade de CristoNo ano 451 A.D. o Concílio de Calcedônia conheceu e formulou a fé cristã a respeito da pessoa de Cristo e declarou que Ele deve “ser reconhecido em duas naturezas, inconfusa, imutável, indivisível e inseparavelmente; sendo que a distinção das naturezas de modo nenhum é eliminada pela união, mas, antes, a propriedade de cada natureza é preservada, e ambas concorrem numa Pessoa e numa Subsistência, não partida ou dividida em duas pessoas”. Evidentemente que esta declaração apenas diz como é a personalidade de Cristo, sem haver nenhum tipo de tentativa de explicar como isso se deu.

A Doutrina da “Kénosis” em Suas Várias Formas.

“Em meados do século dezenove uma nova forma de cristologia fez seu aparecimento nas teorias quenósicas. Encontrou apoio especialmente entre os luteranos, mas também teve o apoio de alguns teólogos reformados (calvinistas). Representa parte de uma tentativa de fortalecer a união dos segmentos luterano e reformado da igreja. Os defensores desse novo conceito desejavam fazer plena justiça à realidade e integridade da humanidade de Cristo e salientar a magnitude da Sua abnegação e do Seu sacrifício”.

EXPOSIÇÃO DA DOUTRINA. “O termo “Kénosis” é empregado num duplo sentido na teologia. Originariamente foi utilizado por teólogos luteranos para denotar a autolimitação, não do Logos, mas do Deus e homem, autolimitação pela qual Ele, no interesse da Sua humilhação, pôs de lado o uso prático dos Seus atributos divinos. Contudo, nos ensinamentos dos quenosistas o termo assinala a doutrina de que, na encarnação, o Logos se despojou dos Seus atributos transitivos ou de todos os Seus atributos, reduziu-se a uma simples potencialidade, e então, em união com a natureza humana, desenvolveu-se de novo, tornando-se uma pessoa divino-humana”.

Essa tal doutrina kénosis é resultado de má compreensão de alguns teólogos do estado de humilhação de Cristo.

OS ESTADOS DE CRISTO

O Estado de Humilhação p. 324

A DOUTRINA DOS ESTADOS DE CRISTO NA HISTÓRIA. A doutrina dos estados de Cristo realmente data do século dezessete, embora já se encontrassem indícios dela nos escritos dos reformadores, e mesmo em alguns dos chamados pais da igreja primitivos. Desenvolveu-se primeiro entre os luteranos, mas logo foi adotada também pelos reformados (calvinistas). Divergiam, porém, quanto ao real sujeito dos estados. De acordo com os luteranos, o sujeito é a natureza humana de Cristo, mas de acordo com os reformados é a pessoa do Mediador. Havia considerável diferença de opinião sobre o assunto, mesmo entre os luteranos. Sob a influência de Schleiermacher, a ideia dos estados do Mediador desapareceu gradativamente da teologia. Toda e qualquer alusão à humilhação e exaltação de Cristo perdeu seu sentido. O resultado é que em muitas obras atuais de dogmática, buscamos em vão um capítulo sobre os estados de Cristo.

Em relação aos estados de Cristo, que são os estado de humilhação e estado de exaltação não há muita coisa a se comentar, embora haja vários assuntos interessantes. Todavia, é uma temática bastante especulativa e de pouca relevância (acredito eu) para se formular alguma questão de prova. E, mesmo que se formulem questões de prova nesse capitulo, seguramente não apresentará um grau elevado de dificuldade. A única coisa que quero ressaltar aqui é que os luteranos diferem em alguns detalhes dos calvinistas. Os calvinistas seguem uma linha de pensamento mais segura, tradicional e menos especulativa.

OS OFÍCIOS DE CRISTO. P. 349

Até aqui nada de interessante digno de nota.

Causa e necessidade da Expiação. P. 360

A importância desse tópico se justifica segundo o autor, pelo fato de “A grande e central parte da obra sacerdotal de Cristo jaz na expiação, mas esta, naturalmente, não é completa sem a intercessão. Sua obra sacrificial na terra requer o Seu serviço no santuário celestial. Ambas são partes complementares da tarefa sacerdotal do Salvador. Este capítulo e os três subsequentes serão dedicados à discussão da doutrina da expiação, às vezes chamada ‘coração do Evangelho”.

No decorrer da história os teólogos discutiram se a expiação era desnecessária, relativamente necessária ou absolutamente necessária.

QUE A EXPIAÇÃO NÃO ERA NECESSÁRIA. O autor menciona os nominalistas da Idade Média, Socino e os arminianos, mas esse argumento é principalmente postulado pelos liberais. “Schleiermacher e Ritschl, que exerceram dominantes influencia sobre a teologia moderna, romperam completamente com o conceito judicial da expiação. Como defensores das teorias místicas e da influencia moral da expiação, eles negavam o fato de uma expiação objetiva e, daí, por implicação, negavam também a sua necessidade.

Segundo o autor, a posição apoiada pelas escrituras e defendida pela teologia reformada é a da absoluta necessidade de expiação, embora os reformadores como Calvino e Lutero não tinham muita clareza dessa questão.

A Natureza da Expiação. A doutrina da expiação aqui apresentada é a doutrina da satisfação ou substituição penal, que é a doutrina claramente ensinada pela palavra de Deus.

Objeções à Doutrina da Expiação Substitutiva e penal ou da Satisfação.

Tal expiação era inteiramente desnecessária, que anularia o caráter de Deus, que supõe uma impossível transferência da ira, entre outras.

Teorias Divergentes da Expiação

São várias as teorias que foram elaboradas para tentar explicar a Expiação. Lembrando que essas teorias são heréticas do ponto de vista dos reformados. Tentarei resumir com breves palavras as teorias mais importantes:

Primeiramente temos as teorias da igreja primitiva, que são elas:

1) TEORIA DO RESGATE PAGO A SATANÁS (Origines). Esta se baseia na singular noção de que a morte de Cristo constituiu um resgate pago a Satanás, a fim de cancelar as justas prerrogativas deste sobre o homem;

2) TEORIA DA RECAPITULAÇÃO (Irineu).

A Teoria da Satisfação, de Anselmo (Teoria Comercial).

A teoria de Anselmo é, às vezes, identificada com a dos Reformadores, que também é conhecida como teoria da satisfação, mas as duas não são idênticas. Anselmo foi o primeiro a elaborar uma doutrina bastante completa da expiação, e em muitos aspectos a sua teoria aponta na direção certa. Contudo, está aberta a diversas críticas.

A Teoria da Influência Moral.

Esta teoria foi propugnada por Abelardo, em oposição a Anselmo, e desde os seus dias encontrou muitos defensores ardorosos. A ideia fundamental é que não há nenhum princípio da natureza divina que necessariamente requeira satisfação da parte do pecador; e que a morte de Cristo não deve ser considerada como uma expiação pelo pecado. Foi meramente uma manifestação do amor de Deus, sofrendo Ele em todas as Suas criaturas pecadoras e com elas, e levando sobre Si as suas dores e os seus pesares. Este sofrimento não serviu para satisfazer a justiça divina, mas, sim, para revelar o amor divino, com vistas a abrandar os corações humanos e levá-los ao arrependimento.

A Teoria do Exemplo.

Esta teoria foi defendida pelos socinianos no século dezesseis, em oposição à doutrina dos Reformadores de que Cristo expiou vicariamente o pecado da humanidade. Seu princípio fundamental é que não existe justiça retributiva em Deus que exija absoluta e inexoravelmente que o pecado seja punido. Sua justiça não O impede de perdoar quem Ele quiser, sem exigir nenhuma satisfação. A morte de Cristo não expiou o pecado, nem levou Deus a perdoar o pecado. Cristo salva os homens revelando-lhes o caminho da fé e da obediência como o caminho da vida eterna, dando-lhes um exemplo de verdadeira obediência, tanto em Sua vida como em Sua morte, e inspirando-os a terem vida semelhante.

A Teoria Governamental.

A teoria governamental foi destinada a ser um meio termo entre a doutrina da expiação, ensinada pelos Reformadores, e o conceito sociniano. Ela nega necessariamente a justiça de Deus requer que todas as exigências da lei sejam satisfeitas. A lei é mero produto da vontade de Deus, e Ele pode alterá-la ou até abrigá-la, como Lhe aprouver. Embora pela estrita justiça o pecador merecesse a morte eterna, esta sentença não é executada rigorosamente, pois os crentes são livres.

A Teoria Mística.

A teoria mística tem em comum com a teoria da influencia moral isto – que ela concebe a expiação exclusivamente como exercendo influencia sobre o homem e produzindo uma mudança nele. Ao mesmo tempo, difere da teoria da influencia moral no sentido de que concebe a mudança operada no homem, não primordialmente como uma mudança ética ocorrida na vida consciente do homem, mas como uma profunda mudança na vida subconsciente e produzida de maneira mística. O principio básico desta teoria é que, na encarnação, a vida divina penetrou na vida da humanidade, a fim de eleva-la ao nível da divina.

A teoria do Arrependimento Vicário

Esta teoria de McLeod Campbell é também chamada teoria da simpatia* e identificação. Parte da suposição gratuita de que um arrependimento perfeito teria valido como suficiente expiação pelo pecado, se tão somente o homem fosse capaz de experimentar um verdadeiro arrependimento, o que ele não era. Pois bem, Cristo ofereceu a Deus, pelo bem da humanidade, o requerido arrependimento e, ao fazê-lo, preencheu as condições para o perdão. Sua obra consistiu realmente na vicária confissão do pecado, para beneficio do homem.

Assim encerram as teorias acerca da expiação. Apenas quero ressaltar novamente que a Doutrina da Expiação Substitutiva e penal ou da Satisfação (não a de Anselmo) é a posição correta.

 

O Reinado Espiritual de Cristo. P. 400

Há algumas considerações a serem feitas a respeito do reino de Cristo, que é o mesmo reino de Deus ou reino dos céus, ou seja, há apenas UM reino. Primeiramente o reino de Deus é tanto presente quanto futuro; em segundo lugar, é um reino espiritual e esta baseado na obra de redenção de Cristo.

Também é importante salientar o que o autor menciona acerca daqueles que querem mensurar o reino de Deus com aspectos temporais e materiais: “Em conexão com a tendência atual de considerar o reino de Deus simplesmente como uma nova condição social, um reino ético de fins, a ser estabelecido por esforços humanos tais como a educação, determinações legais e reformas sociais, é bom ter em mente que a expressão “reino de Deus” nem sempre é empregada no mesmo sentido. Fundamentalmente, a expressão denota uma ideia abstrata, e não concreta, a saber, o governo de Deus estabelecido e reconhecido nos corações dos pecadores”.

A DOUTRINA DA APLICAÇÃO DA OBRA DE REDENÇÃO

Soteriologia em Geral - P.407 – 415

As seguintes exposições da ordem da salvação (ordo salutis) refletem as concepções fundamentais do método de salvação que caracterizam as diversas igrejas, desde a Reforma.

1.    O CONCEITO REFORMADO (CALVINISTA). Após considerar alguns pontos sem muita importancia, o autor apresenta uma síntese do pensamento reformado quanto a ordo salutis.  “Eles (reformados) principiam a ordo salutis com a regeneração ou com a vocação e, assim, salientam o fato de que a aplicação da obra redentora de Cristo é, em seu início, uma obra de Deus. Segue-se a isto uma discussão da conversão, na qual a obra da regeneração penetra a vida consciente do pecador, e ele se volta do ego, do mundo e de Satanás para Deus. A conversão inclui o arrependimento e a fé, devido à sua grande importância, esta é geralmente estudada separadamente. A discussão da fé leva naturalmente à da justificação, considerando que esta nos é mediada pela fé. E porque a justificação coloca o homem numa nova relação com Deus, levando junto consigo a dádiva do Espírito de adoção e impondo ao homem uma nova obediência, e também lhe dando capacidade para fazer de coração à vontade de Deus, a obra de santificação é considerada logo a seguir. Finalmente, conclui-se a ordem da salvação com a doutrina da perseverança dos santos e a sua glorificação final”.

 

2.    O CONCEITO LUTERANO. Os luteranos, embora não negando as doutrinas da eleição, da união mística e da imputação da justiça de Cristo, não têm o seu ponto de partida em nenhuma delas. Eles reconhecem plenamente o fato de que a realização subjetiva da obra de redenção nos corações e vidas dos pecadores é uma obra da graça divina, mas, ao mesmo tempo, fazem uma exposição da ordo salutis que coloca a principal ênfase naquilo que é feito a parte hominis (da parte do homem), antes que naquilo que é feito a parte Dei (da parte de Deus). Eles vêem na fé primeiramente um Dom de Deus, mas, ao mesmo tempo, fazem da fé, considerada mais particularmente como um princípio ativo no homem e como uma atividade do homem, o fator absolutamente determinante em sua ordem da salvação.

 

3.    O CONCEITO CATÓLICO ROMANO. Na teologia católica romana, a doutrina da igreja precede à discussão da ordo salutis. As crianças são regeneradas pelo batismo, mas os que conhecem o Evangelho mais tarde, recebem a gratia suffciens (graça suficiente), que consiste numa iluminação da mente e num fortalecimento da vontade. O homem pode resistir a esta graça, mas também pode dar-lhe assentimento. Se lhe der assentimento, ela se transformará numa gratia co-operans  (graça cooperante). Sob a qual o homem coopera para preparar-se para a justificação. É mais que evidente que a fé não ocupa um lugar importante nesse esquema. Ela é apenas um assentimento intelectual às doutrinas da igreja. O dom da justificação é preservado pela obediência aos mandamentos e pela prática de boas obras.

 

4.    O CONCEITO ARMINIANO. A ordem da salvação elaborada pelos arminianos, embora atribuindo ostensivamente a obra da salvação de Deus, realmente a torna dependente da atitude e da obra do homem. Deus abre a possibilidade de salvação, mas cabe ao homem aproveitar a oportunidade. O arminiano considera a expiação de Cristo “como uma oblação e satisfação pelos pecados do mundo inteiro” (Pope), isto é, pelos pecados de todos os indivíduos da raça humana. Ele nega que a culpa do pecado de Adão seja imputada a todos os seus descendentes, e que o homem seja por natureza totalmente depravado e, portanto, incapaz de fazer algum bem espiritual; e crê que, embora a natureza humana esteja indubitavelmente prejudicada e deteriorada como resultado da Queda, o homem ainda é capaz de, por natureza, fazer aquilo que é espiritualmente bom e de converter-se a Deus.

Operações do Espírito Santo em Geral. P.416 - 428

Não nada a comentar dessa paginas.

Graça comum e graça especial. P.429

Devemos notar os seguintes pontos de distinção entre a graça especial (no sentido de graça salvadora) e a graça comum:

a.    A extensão da graça especial é determinada pelo decreto da eleição. Esta graça limita-se aos eleitos, ao passo que a graça comum não sofre esta limitação, mas é outorgada indiscriminadamente a todos os homens.

 

b.    A graça especial remove a culpa e a penalidade do pecado, muda a vida interior do homem, e gradativamente o purifica da corrupção do pecado pela operação sobrenatural do Espírito Santo. Por outro lado, a graça comum jamais remove a culpa do pecado, não renova a natureza humana, mas apenas tem um efeito restringente sobre a influência corruptora do pecado.

 

c.    A graça especial é irresistível.

 

d.    A graça especial age de maneira espiritual e recriadora, renovando completamente a natureza do homem e, assim, tornando o homem capaz e desejoso de aceitar a oferta da salvação em Jesus Cristo e de produzir frutos especiais. A graça comum, ao contrário, opera somente de modo racional e moral, tornando o homem, de maneira geral, receptivo ante a verdade, apresentando motivos à vontade e apelando para os desejos naturais do homem.

Meios Pelos Quais Opera a Graça Comum.

Os seguintes são alguns dos mais importantes meios pelos quais a graça comum realiza a sua obra:

1. A LUZ DA REVELAÇÃO DE DEUS. 2. GOVERNOS. 3. OPINIÃO PÚBLICA. 4. PUNIÇÕES E RECOMPENSAS DIVINAS.

Frutos da Graça Comum.

1.    É SUSTADA A EXECUÇÃO DA SENTENÇA. 2. RESTRIÇÃO DO PECADO. 3. PRESERVAÇÃO DE ALGUMA PERCEPÇÃO DA VERDADE, DA MORAL E DA RELIGIÃO. 4. A PRÁTICA DO BEM EXTERNO E DA JUSTIÇA CIVIL. 5. MUITAS BÊNÇÃOS NATURAIS.

A UNIÃO MÍSTICA. P. 441

O autor aborda várias faces da união mística do crente com seu Salvador Jesus Cristo. Mas no meio do texto, entre muitos parágrafos, ele descreve o que é a união mística com uma breve sentença bem explicativa: “Pode-se definir a união mística como a união íntima, vital e espiritual entre Cristo e o Seu povo, em virtude da qual Ele é a fonte da sua vida e poder, da sua bendita ventura e salvação”.

Características da União Mística.

1. É UMA UNIÃO ORGÂNICA. Cristo e os crentes formam um corpo.

2. É UMA UNIÃO VITAL. Nesta união, Cristo é o princípio vitalizador e dominante de todo o corpo de crentes. Não é outra coisa senão a vida de Cristo que habita e anima os crentes.

3. É UMA UNIÃO MEDIADA PELO ESPÍRITO SANTO.

4. É UMA UNIÃO QUE IMPLICA AÇÃO RECÍPROCA. O ato inicial é de Cristo, que une os crentes a Si.

5. É UMA UNIÃO PESSOAL. Todo crente está unido pessoal e diretamente a Cristo.

6. É UMA UNIÃO TRANSFORMADORA.

Conceitos Errôneos da União Mística.

1. ERRO RACIONALISTA. Devemos evitar o erro dos racionalistas que costumam identificar a união mística com a união de Cristo como o Logos com toda a criação

2. ERRO MÍSTICO. Outro erro perigoso é o dos místicos, que entendem a união mística como uma identificação do crente com Cristo. De acordo com este conceito, há nela uma união de essência, na qual a personalidade de um simplesmente se funde na do outro, de maneira que Cristo e o crente não permanecem como pessoas distintas.

3. ERRO SOCINIANO E ARMINIANO. No outro extremo acham-se os ensinos dos socinianos e arminianos, que apresentam a união mística como simples união moral, ou como uma união de amor e simpatia.

4.  ERRO SACRAMENTALISTA.  Outro erro a evitar-se é o dos sacramentalistas, representados pela Igreja Católica Romana e por alguns luteranos e episcopais da alta igreja.

Vocação em Geral e Vocação Externa. P. 448

DIFERENTES CONCEPÇÕES DA VOCATIO VERBALIS (vocação verbal).

A vocatio verbalis é, como a própria expressão o sugere, o chamamento divino que chega ao homem por intermédio da pregação da Palavra de Deus. De acordo com os católicos romanos, este chamamento pode chegar-lhe também por meio da ministração do batismo. De fato, eles consideram o sacramento como o mais importante meio de levar o homem a Cristo, e atribuem à pregação do Evangelho uma significação decididamente subordinada. O central para Roma é o altar, não o púlpito.

No transcurso do tempo evidenciou-se considerável diferença de opinião sobre a questão, por que o Evangelho se mostra eficaz nalguns casos e noutros não.

Pelágio buscou a solução disso na vontade arbitrária do homem. Por natureza o homem tem uma vontade perfeitamente livre, de modo que ele pode aceitar ou rejeitar o Evangelho, como queira, e assim pode obter ou deixar de obter as bênçãos da salvação.

Agostinho, por outro lado, atribuía a diferença à operação da graça de Deus. Ele dizia: “O ouvir o chamamento divino é produzido pela própria graça divina naquele que antes lhe resistia; e então se acende nele o amor pela virtude, quando ele pára de resistir”.

O semipelagianismo procurou um termo médio entre ambos, evitando tanto a negação agostiniana da vontade livre (do livre arbítrio) como a depreciação pelagiana da graça divina.

Lutero desenvolveu a ideia de que, enquanto que a lei opera o arrependimento, o chamamento do Evangelho traz consigo o dom do Espírito Santo. O Espírito está na Palavra, e, portanto, o chamamento, em si mesmo, é sempre suficiente e, em sua intenção, é sempre eficaz.

A vigorosa insistência de Lutero no caráter eficaz do chamamento do Evangelho deve-se à depreciação anabatista dele. Os anabatistas virtualmente puseram de lado a Palavra de Deus como meio de graça e davam ênfase àquilo que denominavam palavra interna, “luz interior” e iluminação do Espírito Santo. Para eles, a palavra externa não passa de letra que mata, ao passo que a palavra interna é espírito e vida. A vocação externa significa pouco ou nada em seu esquema.

Teologia reformada (calvinista).  Segundo Calvino, o chamamento do Evangelho não é eficiente em si mesmo, mas lhe é dada eficácia pela operação do Espírito Santo, quando Este aplica salvadoramente a Palavra ao coração do homem; e esta aplicação é feita somente aos corações e vidas dos eleitos. Deste modo, a salvação do homem é obra de Deus, do começo ao fim. Por Sua graça salvadora, Deus não somente capacita o homem, mas também o leva a dar ouvidos ao chamamento do Evangelho para a salvação.

Os arminianos não ficaram satisfeitos com esta posição, mas virtualmente retornaram ao semipelagianismo da Igreja Católica Romana. Segundo eles, a proclamação universal do Evangelho é acompanhada pela graça universal suficiente – “uma assistência graciosa real e universalmente outorgada, suficiente para habilitar todos os homens para, se o quiserem, alcançar a plena posse das bênçãos espirituais e, finalmente, a salvação”.

Vocação Externa.

A vocação externa consiste na apresentação e oferta da salvação em Cristo aos pecadores, juntamente com uma calorosa exortação a aceitarem a Cristo pela fé, para obterem o perdão dos pecados e a vida eterna.

Regeneração e Vocação Eficaz – p. 459.

Emprego do Termo Regeneração na Teologia.

Tanto na igreja primitiva, quanto na teologia católica romana o termo regeneração não ficou bem entendido. Até Agostinho deixou a desejar. Pelágio e Tomaz de Aquino a confundiu com justificação. A opinião de Tomaz de Aquino foi vitoriosa na igreja. Até nos dias atuais há uma certa confusão de regeneração e justificação na Igreja Católica Romana, confusão sem dúvida devida em grande parte ao fato de que a justificação não é concebida como um ato forense, mas como um ato ou processo de renovação. Nela o homem não é declarado, mas feito justo.

PELOS REFORMADORES E NAS IGREJAS PROTESTANTES. Lutero não escapou inteiramente da confusão da regeneração com a justificação.  Além disso, ele falava da regeneração ou do novo nascimento num sentido muito amplo. Até mesmo Calvino não compreendeu a regeneração como os calvinistas da atualidade.

Na teologia reformada (calvinista) do presente, a palavra “regeneração” é geralmente usada num sentido mais restrito, como um designativo do ato divino pelo qual o pecador é dotado de nova vida espiritual, e pelo qual o princípio dessa nova vida é posto em ação pela primeira vez. Assim concebida, ela inclui tanto a nova geração como o novo nascimento, em que a nova vida se torna manifesta.

Na teologia “liberal” moderna, o termo “regeneração” adquiriu um sentido diferente. Schleiermacher distinguia dois aspectos da regeneração, a saber, a conversão e a justificação, e afirmava que na regeneração “uma nova consciência religiosa é produzida no crente pelo espírito cristão comum da comunidade, e a nova vida, ou a ‘santificação’, constitui o seu aparelhamento” Esse “espírito cristão da comunidade”, é resultado de um influxo da vida divina, mediante Cristo, na igreja, e é chamado “Espírito Santo” por Schleiermacher.

Os estudiosos da psicologia da religião geralmente deixam de distinguir entre regeneração e conversão. Consideram-na como um processo no qual a atitude do homem para com a vida muda do autocêntrico para o heterocêntrico. Ela acha sua explicação primariamente na vida subconsciente, e não envolve necessariamente nada de sobrenatural.

CONCEITOS ERRÔNEOS.

a. A regeneração não é uma mudança ocorrida na substância da natureza humana, como o ensinavam os maniqueus e, nos dias da Reforma, FláciIllírico.

b. Também não é simplesmente uma mudança ocorrida numa ou mais faculdades da alma, como, por exemplo, da vida emocional (sentimento ou coração), pela remoção da aversão às coisas divinas, como alguns conservadores a concebem.

c. Também não é uma mudança completa ou perfeita da natureza total do homem, ou de alguma parte dela, de sorte que ela não é mais capaz de pecar, como o ensinavam os anabatistas extremos e algumas outras seitas fanáticas.

CARACTERÍSTICAS POSITIVAS DA REGENERAÇÃO.

a.    A regeneração consiste na implantação do princípio da nova vida espiritual no homem, numa radical mudança da disposição dominante da alma, que, sob a influência do Espírito Santo.

b.    É uma transformação  instantânea da natureza do homem, afetando imediatamente o homem todo, intelectual, emocional e moralmente.

c.    Em seu sentido mais limitado, é uma mudança que ocorre na vida subconsciente. É uma secreta e inescrutável obra de Deus que o homem nunca percebe diretamente.

DEFINIÇÃO DE REGENERAÇÃO: Regeneração é o ato de Deus pelo qual o princípio da nova vida é implantado no homem, e a disposição dominante da alma é tornada santa.

A Vocação Eficaz em Relação à Vocação Externa e à Regeneração.

1.    SUA INSEPARÁVEL CONEXÃO COM A VOCAÇÃO EXTERNA. Pode-se dizer que a vocação de Deus é uma só, e a distinção ente uma vocação externa e uma vocação interna ou eficaz simplesmente chama a atenção para o fato de que esta vocação única tem dois aspectos. Lutero, diferentemente dos reformados calvinistas, acreditava que a vocação interna sempre vinha precedida pela vocação eficaz, que, para ele é a pregação da Palavra de Deus.

========= p.466 aprox.

 

Conceitos Divergentes de Regeneração. P. 471

Dentre os diversos conceitos de regeneração (sem entrar nos detalhes) temos o pelagiano, arminiano e a chamada regeneração batismal, que se subdivide nos conceitos da igreja católica, anglicana e luterana, com algumas variações de um para outro. Temos ainda o conceito dos teólogos mediatários, idealizado por Schleiermacher; o conceito tricotômico, com ênfase no espirito e finalmente o conceito do liberalismo moderno.

Conversão

Da discussão da regeneração e da vocação eficaz é natural a transição para a da conversão. Pela operação do Espírito, aquelas redundam nesta. A conversão pode ser uma crise agudamente marcante, mas também pode vir na forma de um processo gradual. Na psicologia da religião, geralmente a regeneração e a conversão são identificadas. Tudo isso indica a estreita relação entre ambas.

Estão implícitos na conversão a fé, considerada pelos teólogos o elemento positivo e o arrependimento, que é tratado como elemento negativo. Berkhof também assinala que as três palavras no grego empregadas para arrependimento como conversão são as palavras: Metanoia, Epistrophe e metameleia. Há também as palavras hebraicas nacham e shubh.

a psicologia da religião deu considerável atenção ao fato da conversão, mas sempre se deve ter em mente que, embora tenha trazido à nossa atenção alguns fato interessantes, pouco ou nada fez para explicar a conversão como um fenômeno religioso.

Características da Conversão.

1.    A conversão pertence aos atos recriadores de Deus, e não aos Seus atos judiciais.

2.    Como a palavra metanoia claramente indica, a conversão tem lugar, não na vida subconsciente do pecador, mas em sua vida consciente. Isto não significa que ela não tem suas raízes na vida subconsciente.

3. A conversão assinala o início, não só do despojamento do velho homem, da fuga do pecado, mas também do revestimento do novo homem, da luta pela santidade no viver.

4. Tomando a palavra “conversão” em seu sentido mais específico, ela indica uma mudança instantânea, e não um processo como o da santificação.

5. Contrariamente aos que pensam na conversão unicamente como uma crise definida na vida, deve-se notar que, conquanto a conversão possa ser uma crise agudamente marcante, pode ser também uma mudança muito gradativa.

6. não é um fenômeno psicológico, mas uma obra sobrenatural de Deus.

A Doutrina da Fé na História.

1. ANTES DA REFORMA. Desde os primeiros tempos da igreja cristã, a fé sobressaia nas mentes dos lideres como a grandiosa condição da salvação. A seu lado, o arrependimento logo se tornou um tanto proeminente. Ao mesmo tempo, houve pouca reflexão, a principio, sobre a natureza da fé e apenas um ligeiro entendimento da relação da fé com as outras partes da ordo salutis

Tomaz de Aquino define a virtude da fé como um “hábito da mente, em razão do qual a vida eterna tem início em nós, considerando que ela leva o intelecto a dar o seu consentimento às coisas que se não vêem”.

(DEPOIS DA REFORMA) Em contrapartida, os Reformadores geralmente a consideravam como fidúcia (confiança), com sua sede na vontade. Entretanto, há muitas divergências quanto a importância dos elementos da fé entre os reformados.

Os arminianos revelaram uma tendência romanizante, quando conceberam a fé como uma obra meritória do homem.

Schleiermacher, o pai da teologia moderna, mal menciona a fé salvadora e ignora absolutamente a fé em termos de confiança em Deus.

Barth e Brunner consideram a fé simplesmente como a resposta divina, produzida por Deus no homem.

CONCEITO DE FÉ: QUATRO TIPOS DE FÉ.

a. Fé histórica. Pura e simples apreensão da verdade, vazia de qualquer propósito moral ou espiritual.

b. Fé miraculosa. A fé miraculosa, assim chamada, é a persuasão produzida na mente de uma pessoa de que um milagre será realizado por ela ou em favor dela.

c. Fé temporal. Esta é a persuasão das verdades religiosas que vem acompanhada de algumas incitações da consciência, mas não tem suas raízes num coração regenerado.

d. A verdadeira fé salvadora. A verdadeira fé salvadora tem sua sede no coração e suas raízes na vida regenerada.

Justificação – p. 507

Historicamente a doutrina da justificação pela fé nem sempre foi claramente compreendida. De fato, até à época da Reforma, ela não encontrou sua expressão clássica.

A DOUTRINA DEPOIS DA REFORMA. A doutrina da justificação foi o grande princípio material da Reforma. Com respeito à natureza da justificação, os Reformadores corrigiram o erro de confundir a justificação com a santificação, salientando o seu caráter legal e descrevendo-a como um ato da livre graça de Deus pelo qual Ele perdoa os nossos pecados e nos aceita como justos aos Seus olhos, mas não nos muda interiormente.

Natureza e Características da Justificação.

A justificação é um ato judicial de Deus, no qual Ele declara, com base na justiça de Jesus Cristo, que todas as reivindicações da lei são satisfeitas com vistas ao pecador. Ela é singular, na obra da redenção, em que é um ato judicial de Deus, e não um ato ou processo de renovação, como é o caso da regeneração, da conversão e da santificação.

Santificação – p. 524 (Nada digno de nota).

A Perseverança dos Santos – p. 542

Pode-se definir a perseverança como a contínua operação do Espírito Santo no crente, pela qual a obra da graça divina, iniciada no coração, tem prosseguimento e se completa. É porque Deus nunca abandona a Sua obra que os crentes continuam de pé até o fim.

A DOUTRINA DA IGREJA E DOS MEIOS DE GRAÇA – p. 548

A IGREJA

A doutrina da aplicação dos méritos de Cristo leva naturalmente à doutrina da igreja, pois esta consiste dos que são partícipes de Cristo e das bênçãos da salvação que nele há. A concepção reformada (calvinista) é que Cristo, pela operação do Espírito Santo, reúne homens Consigo, dota-os da verdadeira fé e, assim, constitui a igreja como Seu corpo, a communio fidelium ou sanctorum (comunhão dos fiéis ou dos santos). Todavia, na Igreja Católica Romana o estudo da igreja tem precedência sobre tudo mais, antecedendo até ao estudo da doutrina de Deus e da revelação divina. O que se diz é que a igreja foi o instrumento da produção da Bíblia e, portanto, tem precedência sobre ela; além disso, ela é despenseira de todas as graças sobrenaturais. (segundo ele) Não é Cristo que nos leva à igreja, mas a igreja que nos leva a Cristo. Toda a ênfase recai, não sobre a igreja invisível como communio fidelium, mas sobre a igreja visível como mater fidelium (mãe dos fiéis).

No Novo Testamento, Jesus foi o primeiro a fazer uso da palavra ekklesia, e Ele a aplicou ao grupo dos que se reuniram em torno dele, Mt 16.18, reconheceram-no publicamente como seu Senhor e aceitaram os princípios do reino de Deus.

Mais tarde, como resultado da expansão da igreja, a palavra adquiriu várias significações. Igrejas locais foram estabelecidas em toda parte, e eram também chamadas ekklesiai, desde que eram manifestações da igreja universal de Cristo. Eis os usos mais importantes da palavra:

a. Com muita freqüência a palavra ekklesia designa um círculo de crentes de alguma localidade definida, uma igreja local, independentemente da questão se esses crentes estão reunidos para o culto ou não.

b. Nalguns casos, a palavra denota o que se pode denominar ekklesia doméstica, igreja na casa de alguma pessoa.

c. a palavra se acha pelo menos uma vez, no singular, para denotar um grupo de igrejas, a saber, as igrejas da Judéia, da Galiléia e de Samaria.

d. Num sentido mais geral, a palavra serve para denotar a totalidade do corpo, no mundo inteiro, daqueles que professam exteriormente a Cristo e se organizam para fins de culto, sob a direção de oficiais para isso designados.

e. Finalmente, em seu sentido mais compreensivo, a palavra se refere a todo o corpo de fiéis, quer no céu quer na terra, que se uniram ou se unirão a Cristo como seu Salvador.

OUTROS DESIGNATIVOS (figurados) BÍBLICOS DA IGREJA.

Corpo de Cristo -Templo do Espírito Santo ou de Deus - A Jerusalém de cima, ou nova Jerusalém, ou Jerusalém celestial - Coluna e baluarte da verdade.

A Doutrina da Igreja na História.

Antes da reforma – Cabe a Cipriano a distinção de ser o primeiro a desenvolver plenamente a doutrina da igreja em sua estrutura episcopal. Ele considerava os bispos como reais sucessores dos apóstolos e lhes atribuía caráter sacerdotal em virtude da sua obra sacrificial.

APÓS A REFORMA

Lutero. Ele considerava a igreja como a comunhão espiritual daqueles que crêem em Cristo, e restabeleceu a idéia escriturística do sacerdócio de todos os crentes. Ele defendia a unidade da igreja, mas distinguia dois aspectos dela, um visível e outro invisível. Ele teve o cuidado de assinalar que não existem duas igrejas, mas simplesmente dois aspectos da mesma igreja. A igreja invisível torna-se visível, não pelo governo de bispos e cardeais, nem na chefia do papa, mas pela administração da Palavra e dos sacramentos.

Os anabatistas não ficaram satisfeitos com a posição de Lutero e insistiam numa igreja só de crentes. Em muitos casos, eles zombavam da igreja visível e dos meios de graça. Além disso, exigiam completa separação de igreja e estado.

Calvino e os teólogos reformados estavam de acordo com Lutero quanto à confissão de que a igreja é essencialmente uma communio sanctorum, uma comunhão de santos. Todavia, eles não procuravam, como os luteranos, a unidade e a santidade da igreja primariamente nas ordenanças objetivas da igreja, tais como os ofícios, a Palavra e os sacramentos, mas sobretudo na comunhão subjetiva dos crentes. Distinguiam, também, entre um aspecto visível e um aspecto invisível da igreja, embora de maneira ligeiramente diversa. Ademais, encontravam as verdadeiras marcas da igreja, não somente na correta administração da Palavra e dos Sacramentos, mas também na fiel administração da disciplina da igreja.

o racionalismo Era indiferente em matéria de fé e não tinha entusiasmo pela igreja, que ele colocou a par com outras sociedades humanas. Até negava que Cristo tivesse a intenção de fundar uma igreja no sentido geralmente aceito da palavra.

Para Schleiermacher, a igreja era essencialmente a comunidade cristã, o corpo dos crentes animados pelo mesmo espírito. Ele via pouca utilidade na distinção entre a igreja visível e a invisível, e via a essência da igreja no espírito de companheirismo cristão.

Ritschl substituiu a distinção entre a igreja invisível e a visível pela distinção entre o reino e a igreja. Ele considerava o reino como a comunidade do povo de Deus que age motivado pelo amor, e a igreja como aquela mesma comunidade reunida para o culto. O nome “igreja” restringe-se, pois, a uma organização externa com a função única de cultuar; e esta função apenas capacita os crentes a familiarizar-se melhor uns com os outros.

A Essência da Igreja.

1. A CONCEPÇÃO CATÓLICA ROMANA. Os cristãos primitivos falavam da igreja como a communio sanctorum (comunhão dos santos) e assim, sem contudo terem pensado na matéria completamente, já deram expressão à essência da igreja. Logo, porém, no fim do segundo século, como resultado do surgimento de heresias, a questão quanto à verdadeira igreja se lhes impôs e os levou a fixar a atenção em certas características da igreja como instituição externa. Desde o tempo de Cipriano até a Reforma, a essência da igreja foi cada vez mais procurada em sua organização visível e externa. Os católicos romanos definem a igreja  como:  “A congregação de todos os fiéis que, sendo batizados, professam a mesma fé, participam dos mesmos sacramentos e são governados por seus legítimos pastores, sob um chefe visível na terra”.

A CONCEPÇÃO ORTODOXA GREGA.  A concepção ortodoxa grega da igreja é estreitamente relacionada com a dos católicos romanos, e, todavia, difere dela nalguns pontos importantes. Essa igreja não reconhece a Igreja Católica Romana como a igreja verdadeira, mas reivindica para si esta honra. Há somente uma igreja verdadeira, e essa igreja é a Ortodoxa Grega.

A CONCEPÇÃO PROTESTANTE. A Reforma foi uma reação contra o externalismo de Roma em Geral, e em particular, também contra a sua concepção externa da igreja. Ela tornou a trazer ao primeiro plano a verdade de que a essência da igreja não se acha na organização externa da igreja, mas nesta como a communio sanctorum. Tanto para Lutero como para Calvino, a igreja era simplesmente a comunidade dos santos, isto é, a comunidade dos que crêem e são santificados em Cristo, e que estão ligados a Ele, sendo Ele a sua Cabeça.

O caráter Multiforme da Igreja.

1. A DA IGREJA MILITANTE E A IGREJA TRIUNFANTE. Na presente dispensação, a igreja é militante.

2. DISTINÇÃO ENTRE IGREJA VISÍVEL E INVISÍVEL. Quer dizer que, de um lado, a igreja de Deus é visível, e de outro, é invisível. Dizem que Lutero foi o primeiro a fazer esta distinção.

3. A DISTINÇÃO ENTRE A IGREJA COMO ORGANISMO E A IGREJA COMO INSTITUIÇÃO. Não se deve identificar esta distinção com a imediatamente anterior, como às vezes se faz. É uma distinção que se aplica à igreja visível e dirige a atenção a dois aspectos diferentes da igreja considerada como corpo visível. É um erro pensar que a igreja só se torna visível nos ofícios, na administração da Palavra e dos Sacramentos e numa certa forma de governo eclesiástico. Mesmo que todas estas coisa estivessem ausentes, a igreja continuaria sendo visível na vida comunitária e no testemunho público dos crentes.

Definição de igreja.

Calvino define a igreja como a “multidão de pessoas espalhadas pelo mundo, que professam adoração a um só Deus em Cristo; são iniciadas nesta fé pelo batismo; dão testemunho da sua unidade e amor por sua participação na Ceia; estão de acordo na Palavra de Deus, e pela pregação dessa Palavra mantêm o ministério ordenado de Cristo”.

A igreja e o Reino de Deus.

1. A IDÉIA DO REINO DE DEUS. O reino de Deus é primariamente um conceito escatológico. A ideia primordial do reino de Deus na Escritura é a do governo de Deus estabelecido e reconhecido nos corações dos pecadores pela poderosa influência regeneradora do Espírito Santo, assegurando-lhes as inestimáveis bênçãos da salvação – um governo que, em princípio, é realizado na terra, mas que não chegará à sua culminação antes do visível e glorioso retorno de Jesus Cristo. Sua realização atual é espiritual e invisível.

2. CONCEPÇÕES HISTÓRICAS DO REINO. Agostinho via o Reino como uma realidade presente e identificada com a igreja.

A Igreja Católica Romana identificava francamente o reino de Deus com a sua instituição hierárquica, mas os Reformadores recuperaram o conceito de que, nesta dispensação, ele se identifica com a igreja invisível.

Sob a influencia de Kant, e principalmente de Ritschl, ele foi despojado do seu caráter religioso e veio a ser considerado como um reino ético de fins.

3. O REINO DE DEUS E A IGREJA INVISÍVEL. É impossível estar no reino de Deus sem estar na igreja como corpo místico de Jesus Cristo. Há semelhanças entre ambos, porém, devemos fazer as devidas distinções entre eles.

4. O REINO DE DEUS E A IGREJA VISÍVEL. Desde que os católicos romanos insistem indiscriminadamente na identificação do reino de Deus e a igreja, sua igreja reclama poder e jurisdição sobre todos os domínios da vida, como a ciência e as artes, o comércio e a indústria, como também sobre as organizações sociais e políticas. Este é um conceito completamente equivocado.

Berkhof encerra esse assunto com a sentença: “Na medida em que a igreja visível serve de instrumento para o estabelecimento e a extensão do Reino, naturalmente ela está subordinada a este como um meio para um fim. Pode-se dizer que o Reino é um conceito mais amplo que a igreja, porque objetiva nada menos que o domínio completo de todas as manifestações da vida. Ele representa o domínio de Deus em todas as esferas do esforço humano”.

Os Atributos da Igreja – p. 567

Segundo os protestantes, os atributos são atribuídos primariamente à igreja considerada como um organismo invisível, e só secundariamente como instituição externa.

1.    A UNIDADE DA IGREJA. Concepção protestante. Os protestantes asseveram que a unidade da igreja não é primariamente de caráter externo, mas, sim, de caráter interno e espiritual. É a unidade do corpo místico de Jesus Cristo, do qual todos os crentes são membros. Este corpo é dirigido por uma Cabeça, Jesus Cristo, que é também o Rei da igreja, e é vivificado por um só Espírito, o Espírito de Cristo.

2.    A SANTIDADE DA IGREJA. Os protestantes sustentam que a igreja é absolutamente santa num sentido objetivo, isto é, como ela é considerada em Jesus Cristo.

3.    A CATOLICIDADE DA IGREJA. Os protestantes insistem em que a igreja invisível é primordialmente a real igreja católica, porque inclui todos os crentes  da  terra,  de  toda  e  qualquer  época  particular,  sem  nenhuma  exceção;  porque, conseqüentemente, ela também tem os seus membros entre todas as nações evangelizadas do mundo; e porque exerce uma influencia controladora sobre a vida inteira do homem, em todas as suas fases.

AS MARCAS DA IGREJA EM PARTICULAR.

a. A fiel pregação da Palavra. Esta é a mais importante marca da igreja.

b.  A correta ministração dos sacramentos. Jamais se deve separar os sacramentos da Palavra, pois eles não têm conteúdo próprio, mas extraem o seu conteúdo da Palavra de Deus;

c. O fiel exercício de disciplina. É deveras essencial para a manutenção da pureza da doutrina e para salvaguardar a santidade dos sacramentos.

O Governo da Igreja – p.575

Relativo ao capitulo que tange sobre o governo da igreja, não fiz nenhuma asseveração, por se tratar primeiramente de um assunto geral e de fácil assimilação e, no que diz respeito aos detalhes, um tema estritamente presbiteriano.

O Poder da Igreja – p. 590

O único ponto que suspeitei como uma possível questão de prova nesse capitulo é o que o autor descreve a seguir como “o poder dogmático ou docente (potestas dogmática ou docendi)”.

POTESTAS DOGMATICA OU DOCENDI. A igreja tem uma tarefa divina, com relação à verdade. É seu dever ser uma testemunha da verdade perante os de fora, e tanto uma testemunha como um mestre para os de dentro. A igreja deve exercer este poder:

a. Na preservação da Palavra de Deus.

b. Ministração da Palavra e dos sacramentos.

c. Na estruturação de símbolos e confissões.

d. No cultivo do estudo da teologia.

OS MEIOS DE GRAÇA – p. 601

Conceitos Históricos a Respeito dos Meios de Graça

A Igreja Primitiva nada nos oferece de definido sobre este ponto. Havia muito maior ênfase aos sacramentos que à Palavra de Deus. O batismo era mui geralmente considerado como o meio pelo qual os pecadores são regenerados, enquanto que a eucaristia sobressaía como o sacramento da santificação.

CONCEITO CATÓLICO ROMANO. Embora os católicos romanos considerassem até as relíquias e as imagens como meios de graça, distinguiam particularmente a Palavra e os sacramentos. Ao mesmo tempo, não davam a devida proeminência à Palavra, e só lhe atribuíam significação preparatória.

2. CONCEITO LUTERANO. Com a Reforma, a ênfase foi transferida dos sacramentos para a Palavra de Deus. Lutero deu grande proeminência à Palavra de Deus como o primordial meio de graça. Ele assinalava que os sacramentos nada significam sem a Palavra e que, na verdade, eles são apenas a Palavra visível. Lutero não conseguiu corrigir inteiramente o erro católico romano quanto à conexão inseparável entre os meios externos e a graça interna comunicada por intermédio deles.

3. CONCEITO DOS MÍSTICOS. Lutero teve que discutir muito com os místicos anabatistas, e foi principalmente sua reação contra as idéias deles que determinaram o seu conceito final sobre os meios de graça. Os anabatistas e outras seitas místicas da época da Reforma e de tempos posteriores à Reforma negavam virtualmente que Deus sempre se serve de meios para a distribuição da Sua graça. Eles salientavam que Deus é absolutamente livre para comunicar a Sua graça, e, portanto, dificilmente se pode conceber que Ele está preso a tais meios externos.

4. CONCEITO RACIONALISTA. Os socinianos do tempo da Reforma, por outro lado, foram muito longe na direção oposta. O próprio Socino nem sequer considerava o batismo como um rito destinado a ser permanente na igreja de Jesus Cristo, mas os seus seguidores não chegaram a esse extremo. Reconheciam o batismo e a Ceia do Senhor como ritos de validade permanente, mas lhe atribuíam apenas uma eficácia moral.

5. CONCEITO REFORMADO (CALVINISTA). Enquanto a reação aos anabatistas levou os luteranos a mover-se em direção a Roma e a ligar a graça de Deus aos meios no sentido mais absoluto – posição assumida também pelos anglicanos da Igreja Alta – as igrejas reformadas (calvinistas) deram continuidade ao conceito originário da Reforma. Eles negam que os meios de graça podem, por si mesmos, conferir graça, como se fossem dotados de poder mágico para produzir santidade. Deus, e Deus somente, é a causa eficiente da salvação. E, na distribuição e comunicação da Sua graça, Ele não está atado absolutamente aos meios divinamente ordenados pelos quais Ele age ordinariamente, mas os utiliza para atenderem aos propósitos da Sua graça, de acordo com o Seu livre arbítrio.

 

O Batismo Cristão – p.619 – 641.

Analogias do Batismo Cristão.

1. NO MUNDO GENTÍLICO. O batismo não era uma coisa inteiramente nova nos dias de Jesus. Os egípcios, os persas e os hindus tinham todos as suas purificações religiosas. Estas eram mais proeminentes ainda nas religiões gregas e romanas.

ENTRE OS JUDEUS. Os judeus tinham muitas purificações e abluções, mas estas não tinham caráter sacramental e, portanto, não eram sinais e selos da aliança. O chamado batismo dos prosélitos tinha maior semelhança com o batismo cristão. Quando gentios eram incorporados em Israel, eles eram circuncidados e, pelo menos em tempos mais tardios, também eram batizados.

Outra comparação interessante que o autor faz é com o batismo de João. Ele afirma que há vários pontos de semelhança entre os dois, mas mostra também outros pontos que os diferenciam. Dentre os termos de diferenciação está a antiga dispensação que se encontra o batismo de João.

No decorrer do livro, o autor discorre algumas questões irrelevantes para se formular perguntas de prova, como a forma e a formula batismal, a validade ou não de batismo de crianças, entre outras coisas.

A Ceia do Senhor – p.642

QUEM DEVE PARTICIPAR DA CEIA DO SENHOR. A Ceia do Senhor não foi instituída para todos os homens, indiscriminadamente, nem mesmo para todos os que acham espaço na igreja visível de Cristo, mas unicamente para os que se arrependem fervorosamente dos seus pecados, confiam que estes foram cobertos pelo sangue expiatório de Jesus Cristo, e estão desejosos de aumentar sua fé e de crescer num viver verdadeiramente santo. Os participantes da Ceia do Senhor têm que ser pecadores arrependidos, prontos a admitir que, por si mesmos, estão perdidos. Devem ter uma fé viva em Jesus Cristo, de modo que, para a sua redenção, confiam no sangue expiatório do Salvador. Além disso, devem ter correta compreensão da Ceia do Senhor, devem fazer correta avaliação dela, devem discernir entre ela e as refeições comuns, e devem fixar o fato de que o pão e o vinho são lembranças do corpo e do sangue de Cristo. E, finalmente, devem ter um santo desejo de crescimento espiritual e de cada vez maior conformidade com a imagem de Cristo.

Basicamente a ceia do Senhor ou como é preferencialmente chamada por alguns de santa ceia tem quatro escolas de interpretação quanto ao conceito e significado: os católicos a define como transubstanciação, os luteranos de consubstanciação, zwinglianos (batistas) de memorial e os reformados calvinistas um meio termo entre o conceito zwingliano e luterano.

No mais, não vi nada que pudesse constituir em elemento que apresentasse qualquer nível de dificuldade para se elaborar questões de prova.

 

A DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS

ESCATOLOGIA INDIVIDUAL – p. 657 – 733.

a questão da escatologia é uma questão natural. Alguma doutrina das últimas coisas não é coisa peculiar à religião cristã.

A QUESTÃO DA ESCATOLOGIA NA FILOSOFIA. A questão do destino final do indivíduo e da raça ocuparam importante lugar nas especulações dos filósofos. Platão ensinava a imortalidade da alma, isto é, sua existência continuada após a morte, e esta doutrina persistiu como um importante dogma da filosofia até à época presente. Spinoza não teve lugar para ela em seu sistema panteísta, mas Wolff e Leibnitz a defenderam com toda sorte de argumentos. Kant dava ênfase à insustentabilidade desses argumentos, mas, não obstante, conservou a doutrina da imortalidade como um postulado da razão prática. A filosofia idealista do século dezenove a rejeitou.

Morte Física – p. 664

A idéia escriturística da morte inclui a morte física, a morte espiritual e a morte eterna. Naturalmente, a morte física e a espiritual são discutidas em conexão com a doutrina do pecado, e a morte eterna é considerada mais particularmente na escatologia geral. Por essa razão, uma discussão da morte em qualquer sentido da palavra poderia parecer fora de lugar na escatologia individual. Todavia, dificilmente se poderia deixar totalmente fora de consideração, ao se fazer a tentativa de relacionar as gerações passadas com a consumação final.

A morte física é o término da vida física pela separação de corpo e alma. A morte é um rompimento das relações naturais da vida.

Imortalidade da alma

Diferentes Conotações do Termo “Imortalidade”.

São indispensáveis certas distinções para evitar confusão.

1. No sentido mais absoluto da palavra, só se atribui imortalidade a Deus.

2. A imortalidade, no sentido de uma existência continuada ou sem fim, também é atribuída a todos os espíritos, a alma humana inclusive.

3. Ainda, o termo “imortalidade” é empregado na linguagem teológica para designar o estado do homem no qual ele está inteiramente livre das sementes da decadência e da morte.

4. Finalmente, a palavra “imortalidade” designa, especialmente na linguagem escatológica, o estado do homem no qual ele é impérvio à morte e não tem a mínima possibilidade de se tornar sua presa.

Testemunho da Revelação Geral Quanto à Imortalidade da Alma (provas históricas e filosóficas).

1.    ARGUMENTO HISTÓRICO. a crença na imortalidade da alma se acha em todas as raças e nações, não importa seu estágio de civilização.

2.    ARGUMENTO METAFÍSICO. Na morte a matéria se dissolve em suas partes. Mas a alma, como uma entidade espiritual, não se compõe de várias partes, e, portanto, é incapaz de divisão ou dissolução.

3. ARGUMENTO TEOLÓGICO. argumenta-se que Deus não teria conferido aos homens essas habilidades e talentos só para faze-los fracassar em suas realizações, não teria dado aos corações esses desejos e aspirações só para decepciona-los. Ele deve ter providenciado uma existência futura, na qual a vida humana alcançara fruição real.

4. ARGUMENTO MORAL. A consciência humana atesta a existência de um Governante do universo que exerce justiça.

SUBSTITUTOS DA DOUTRINA DA IMORTALIDADE PESSOAL.

O desejo de imortalidade está implantado tão profundamente na alma humana que, mesmo os que aceitam os ditames de uma filosofia materialista, procuram algum tipo de substituto para  a  rejeitada  noção  da imortalidade pessoal da alma. Sua esperança quanto ao futuro assume uma das seguintes formas:

a.    Imortalidade racial.

Há os que se consolam com a idéia de que o individuo continuará a viver nesta terra em sua posteridade, em seus filhos e netos, até gerações intermináveis. O individuo busca compensação para a sua falta de esperança numa imortalidade pessoal na noção de que ele contribui com sua parte para a vida da raça e continuará vivendo nela.

b. Imortalidade de comemoração. De acordo com o positivismo, esta é a única imortalidade que devemos desejar e buscar. Cada qual deve ter em vista fazer alguma coisa para estabelecer um nome para si mesmo e que passe para os anais da história. Se o fizer, continuará a viver nos corações e mentes de uma posteridade agradecida.

c. Imortalidade de influencia. Esta se relaciona de perto com a imediatamente anterior. Se o homem deixar sua marca na vida e realizar alguma coisa de valor duradouro, sua influencia continuará por muito tempo depois de sua partida. Jesus e Paulo, Agostinho, etc.

 

O Estado Intermediário

A. Conceito Bíblico de Estado Intermediário.

1. DESCRIÇÃO BÍBLICA DOS CRENTES ENTRE A MORTE E A RESSURREIÇÃO. A posição usual das igrejas reformadas (calvinistas) é que as almas dos crentes, imediatamente após a morte, ingressam nas glórias do céu.

 

PURGATÓRIO não é um lugar de prova (ou de segunda oportunidade), mas de purificação e de preparação para as almas dos crentes que têm a segurança de uma entrada final no céu, mas ainda não estão prontas para apossar-se da felicidade da visão beatífica.

LIMBUS PATRUM. lugar onde, segundo os ensinos de Roma, as almas dos santos do Velho Testamento ficaram detidos.

LIMBUS INFANTUM. Este é o lugar de habitação das almas de todas as crianças não batizadas, independentemente de sua descendência, quer de pagãos, quer de cristãos.

A DOUTRINA DO SONO DA ALMA (PSICOPANIQUIA).

a. Exposição da doutrina. Esta é uma das formas em que a existência consciente da alma depois da morte é negada. Ela afirma que, depois da morte, a alma continua a existir como um ser espiritual individual, mas num estado de repouso inconsciente.

O EXTINCIONISMO ensina que o homem foi criado imortal, mas que a alma, que continua em pecado, está privada, por um ato positivo de Deus, do dom da imortalidade e, finalmente, é destruída, ou (segundo alguns), para sempre é despojada da consciência, o que equivale praticamente a ser reduzida à não existência.

 A DOUTRINA DA IMORTALIDADE CONDICIONAL. a imortalidade não é um dote natural da alma, mas um dom de Deus em Cristo aos que crêem. A alma que não aceita a Cristo, finalmente deixa de existir, ou perde toda a consciência.

TEORIA DA “SEGUNDA PROVA”, Essa teoria pretende que a salvação mediante Cristo é possível no estado intermediário para certas classes de pessoas, ou talvez para todas; e que é oferecida nos mesmos termos como no presente, a saber, a fé em Cristo como Salvador. Cristo é dado a conhecer a todos os que ainda necessitam dele para a salvação, e todos são instados a aceita-lo.

 

ESCATOLOGIA GERAL

A Segunda Vinda de Cristo

Vários termos são empregados para denotar este grande evento, dos quais os seguintes são os mais importantes: (1) apocalypsus (desvendamento, revelação); (2) epiphaneia (aparecimento, manifestação; e (3) parousia (literalmente, presença).

PRÉ-MILENISMO.

Não fiz nenhuma asseveração a respeito do pré-milenismo por se tratar de um tema que conheço bem, e por suas diferenças em relação ao pós-milenismo a amilenismo serem gritantes.

PÓS-MILENISMO.

A posição do pós-milenismo é completamente oposta à tomada pelo premilenismo, respeitante à data da segunda vinda de Cristo. Ele afirma que o retorno de Cristo será depois do milênio, que se pode esperar para durante e no fim da dispensação do Evangelho. Imediatamente após, Cristo virá para introduzir a ordem eterna de coisas. Na discussão do pós-milenismo será necessário distinguir duas formas da teoria, uma das quais espera que o milênio será realizado pela influência sobrenatural do Espírito Santo, e a outra espera que ele advirá por um processo natural de evolução.

As objeções ao pos-milenismo são baseadas nos seguintes postulados:

a.    A idéia fundamental da doutrina segundo a qual o mundo inteiro será gradativamente ganho para Cristo, a vida de todas as nações será transformada pelo Evangelho no transcurso do tempo, a justiça e a paz reinarão supremas,  e as bênçãos  do  Espírito serão  derramadas  mais copiosamente que antes, de sorte que a igreja experimentará um período de prosperidade sem par imediatamente antes da vinda do Senhor.

b.    a presente era não acabará numa grande mudança cataclísmica, mas passará numa transição quase imperceptível para a era vindoura.

c.    A idéia moderna de que a evolução natural e os esforços do homem no campo da educação, da reforma social e da legislação produzirão gradativamente o reinado perfeito do espírito cristão (Walter Rauschenbush).

A Doutrina da Ressurreição na História.

Os teólogos do período da Reforma geralmente estavam de acordo em que o corpo da ressurreição será idêntico ao atual.

NO VELHO TESTAMENTO. só mostra algum conhecimento dela nos seus últimos livros. É deveras comum a opinião de que Israel tomou por empréstimo dos persas a sua crença na ressurreição. p. 724

O Juízo Final

1. JUÍZO PURAMENTE METAFÓRICO.

2. JUÍZO EXCLUSIVAMENTE IMANENTE.

O JUÍZO NÃO SERÁ UM SÓ EVENTO.

O JUÍZO FINAL É DESNECESSÁRIO.

É indubitavelmente certo, porém, que uma grande parte da linguagem referente ao céu e ao inferno deve ser entendida figuradamente.

 

 

 

 

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