Nota
explicativa:
Este
relatório é o resultado da minha necessidade de estudar para o concurso público
da Marinha do Brasil para Capelão Naval/2013. Portanto, não há nele qualquer
preocupação com normas técnicas, ABNT, ou padrões acadêmicos, mas simples
anotações conclusivas do que assimilei no estudo do livro, contendo muitas
partes dele que transcrevi para cá. Os textos que copiei na íntegra geralmente
estão em itálico ou entre “aspas”.
O
objetivo desse relatório foi apenas de apreender conteúdo visando uma prova com
questões objetivos. No entanto, apesar de não ter a intenção de apresentar um
resumo, sintase ou resenha da obra de Berkhof, quero compartilhar minha opinião
acerca do livro: É um livro extenso e bem abrangente dos tópicos teológicos.
Nela, o pesquisador encontra vasto material para pesquisa. Certamente, a
teologia reformada na vertente calvinista tem na obra de Berkhof um excelente
representante. É um livro que apresenta o posicionamento firme do autor nas
questões controversas, seus pressupostos são bem fundamentados na Escritura e há
um forte aporte histórico e filosófico entrelaçados nos seus capítulos do
inicio ai fim do livro.
Ismael Filgueira.
RELATÓRIO
DE LEITURA DO LIVRO TEOLOGIA SISTEMÁTICA de LOUIS BERKHOF
Berkhof
nesse capitulo introdutório trata da dogmática. Ele narra o fato de que a
abordagem quanto à ordem disposta nas obras de teologia sofreu uma mudança
vertiginosa desde o século XIX. Antes desse período, o estudo de teologia
começava com a doutrina de Deus, porem, a partir de Schleiermacher, com a
inauguração da teologia liberal, a tônica das obras de teologia se tornou o
homem. Com isso, Deus foi colocado literalmente em ultimo plano, Ou seja, no
ultimo capitulo dos livros. Além disso, a experiência religiosa assumiu o lugar
da revelação de Deus na Escritura como fonte de conhecimento teológico. Para a
teologia liberal, Revelação, não é a
manifestação de Deus ao homem, mas, o descobrimento de Deus pelo homem.
O
autor define teologia com uma sentença simples, dizendo que “a Teologia é o conhecimento sistematizado de
Deus de quem, por meio de quem, e para quem são todas as coisas”.
Em
seguida, Berkhof discorre sobre as provas bíblicas da existência de Deus,
definido por ele como um “Ser pessoal autoconsciente,
auto existente, que é a origem de todas as coisas e que transcende a criação
inteira, mas ao mesmo tempo é imanente em cada parte da criação”. Ao mesmo
tempo, ele aborda o ateísmo, dizendo que ninguém nasce ateu, e que “o ateísmo resulta do estado moral pervertido
do homem e do seu desejo de fugir de Deus”. P.13
O
autor divide os ateus em dois grupos: ateus práticos e teóricos. O pratica
simplesmente vive como se Deus não existisse. Mas o teórico intelectualiza o
seu ateísmo. Geralmente o ateu teórico tem a sua descrença em Deus enraizada em
algum pressuposto filosófico ou cientifico. Berkhof os classifica em três
seguimentos diferentes:
1.
Ateísmo dogmático, que nega definitivamente
a existência de um ser divino (verdadeiro ateu);
2.
Ateísmo
cético, que duvida da capacidade da mente humana de determinar se há ou não há
um Deus;
3.
Ateísmo
crítico, que sustenta que não há nenhuma prova válida da existência de Deus.
O
texto a seguir foi copiado na integra sem resumo por se tratar de um assunto
interessante:
“O ateísmo teórico geralmente está
arraigado em alguma teoria científica ou filosófica. O monismo materialista, em suas várias formas, e o ateísmo
normalmente andam de mãos dadas. O idealismo
subjetivo absoluto pode ainda
deixar-nos a ideia de Deus, mas nega que haja qualquer realidade que lhe corresponda.
Para o humanista moderno “Deus” simplesmente significa
“o espírito da humanidade”, “o sentimento de integralidade”, “meta racial” e
outras abstrações desta espécie. Outras teorias não somente dão lugar a Deus;
também pretendem manter a sua existência, mas certamente excluem o Deus do
teísmo, um Ser pessoal supremo, o Criador, o Preservador, e o Governador do
Universo, distinto de Sua criação e, contudo, em toda parte presente nela. O panteísmo funde o natural e o
sobrenatural, o finito e o infinito numa só substância. Muitas vezes fala de
Deus como base oculta do mundo fenomenal, mas não O concebe como pessoal e,
portanto dotado, como dotado de inteligência e vontade. Ousadamente declara que
tudo é Deus, assim se envolve naquilo a que Brightman chama “a expansão de
Deus”, de modo que temos “muito de Deus”, visto que Ele inclui também todo o
mal do mundo. Isto exclui o Deus da escritura, e até aqui claramente ateísta”.
As pág.
17 e 18 falam dos argumentos racionais
da existência de Deus, como segue no livro:
1. O ARGUMENTO ONTOLÓGICO. Este
argumento foi apresentado em várias formas por Anselmo, Descartes, Samuel
Clark, e outros. Foi apresentado em sua mais perfeita forma por Anselmo. Este
argumenta que o homem tem a ideia de um ser absolutamente perfeito; que a existência
é atributo de perfeição; e que, portanto, um ser absolutamente perfeito tem que
existir.
2. O ARGUMENTO COSMOLÓGICO. Este
argumento tem aparecido em diversas formas. Em geral se apresenta como segue:
Cada coisa existente no mundo tem que ter uma causa adequada; sendo assim, o
universo também tem que ter uma causa adequada, isto é, uma causa
indefinidamente grande.
3. O ARGUMENTO TELEOLÓGICO. Este
argumento também é causal e, na verdade, é apenas uma extensão do imediatamente
anterior. Pode ser exposto da seguinte forma: Em toda parte o mundo revela
inteligência, ordem, harmonia e propósito, e assim implica a existência de um
ser inteligente e com propósito, apropriado para a produção de um mundo como
este.
4. O ARGUMENTO MORAL. Como os outros
argumentos, este também assumiu diferentes formas. Kant tomou seu ponto de
partida no imperativo categórico, e deste deferiu a existência de alguém que,
como legislador e juiz, tem absoluto direito de dominar o homem. Em sua
opinião, este argumento é muito superior a qualquer dos outros. É o argumento
em que se apoia principalmente, em sua tentativa de provar a existência de
Deus. Esta pode ser uma das razões pelas quais este argumento é mais geralmente
reconhecido do que qualquer outro, embora nem sempre com a mesma formulação.
Alguns argumentam baseados na desigualdade muitas vezes observada entre a
conduta moral dos homens e a prosperidade que eles gozam na vida presente, e
acham que isso requer um ajustamento no futuro que, por sua vez, exige um
árbitro justo. A teologia moderna também o usa amplamente, em especial na forma
de que o reconhecimento que o homem tem do Sumo Bem e a sua busca de uma ideal
moral exigem e necessitam a existência de um ser santo e justo, não torna
obrigatória a crença em um Deus, em um Criador ou em um Ser de infinitas
perfeições (RESUMIR).
5. O ARGUMENTO HISTÓRICO OU ETNOLÓGICO.
Em geral este argumento toma a seguinte forma: Entre todos os povos e tribos da
terra há um sentimento religioso que se revela em cultos exteriores. Visto que
o fenômeno é universal, deve pertencer à própria natureza do homem.
A cognoscibilidade de Deus
As págs.
20 a 25 tratam da cognoscibilidade de Deus, que é o estudo da possibilidade do
conhecimento de Deus, sem, contudo, compreendê-lo. Esse capitula também refuta
os argumentos agnósticos que negam a possibilidade do conhecimento de Deus. O
agnosticismo não nega a existência de Deus, porém, afirma que, embora Deus exista
não é possível conhece-lo.
Pág.
38... Trata dos nomes de Deus, mostrando que são expressões antropomórficas,
visando aproximar o conhecimento de Deus pelo homem. As paginas anteriores
mostraram que não é possível conhecer o Ser de Deus em Sua essência, mas que
através dos nomes de Deus conhecemos seus atributos.
[A sentença anterior que diz “não ser
possível conhecer Deus em sua essência” não tem relação com o agnosticismo que
afirma não haver nenhuma forma de conhecimento de Deus].
Algumas
coisas interessantes sobre os nomes de Deus.
‘ELOHIM: esse é o nome usado nos
primeiros capitulo de Genesis. Ele é escrito no plural, mas a ideia aqui não é
de deuses, é de intensidade, indicando
a plenitude do poder de Deus.
ADONAI
é o nome que inicialmente Israel se dirigia a Deus, sofrendo posteriormente uma
espécie de mutação para o nome (Yahweh), traduzido por alguns como Jeová, e por
outros como Javé, ou simplesmente Senhor.
EL-SHADAI.
Este nome significa Deus todo poderoso, ele indica a grandeza de Deus.
YAHWEH.
Veio a substituir os nomes anteriores. É o nome incomunicável, que com o tempo
perdeu a pronuncia.
Equivalência
neotestamentária: THEOS X ELOHIM; KIRIOS X YAHWEH
A
respeito dos atributos de Deus, Berkhof os divide em atributos comunicáveis e
incomunicáveis, diferentemente de outros teólogos que dividem em atributos
naturais e morais; absolutos e relativos etc.
A pág.
49 apresenta um interessante debate sobre Deus como o Ser Absoluto e discorre
se o Absoluto da filosofia é compatível com o Deus da teologia cristã. Fica
claro para o autor que as definições de Ser absoluto descrito por Hegel e Spinoza
são incompatíveis com a revelação cristã. Berkhof fecha essa discussão dizendo
que “quando o Absoluto é definido como a
Causa Primeira de todas as coisas existentes, ou como o fundamento último de
toda realidade, ou como o único Ser auto existente, pode ser considerado
idêntico ao Deus revelado nas Escrituras. Ele é autossuficiente, mas ao mesmo
tempo pode entrar livremente em várias relações com Sua criação como um todo e
com Suas criaturas”.
A
partir da pág. 56 Berkhof estuda os atributos Comunicáveis de Deus. Ele divide
esses atributos em quatro: 1)
Espiritualidade de Deus, 2) Atributos Intelectuais, 3) Morais e 4) de Soberania.
Em relação aos Atributos Morais, que é na verdade uma divisão dos Atributos Comunicáveis
ele subdivide apenas em Bondade de Deus,
Santidade de Deus e Justiça de Deus.
A
partir da pág. 75 inicia-se o estudo da Trindade, mostrando que no concilio de
Niceia em 325 d.C. foi afirmado a plena divindade de Cristo, sendo assim derrubada
a heresia ariana. Além disso, No concilio de Constantinopla em 381 a heresia
monarquianista também é vencida com a conclusão da divindade do Espirito Santo.
Após
a Reforma nada se alterou concernente à doutrina do Espirito Santo. Apenas
algumas velhas heresias que foram revitalizadas e revestidas com novas
roupagens, principalmente na filosofia de Hegel e na teologia do pai da
teologia liberal Schleiermacher, que afirmava uma espécie de modalismo. Ou
seja, Deus se manifestando, ora como Pai, ora como Filho e ora como Espirito
Santo.
A pág.
91 em diante trata da doutrina dos decretos de Deus. Neste ponto, o autor
reconhece que os reformadores calvinistas estão sozinhos, porque segundo ele,
os arminianos negam essa doutrina e os luteranos não concebem uma predestinação
absoluta, mas condicional.
Predestinação.
Este
capitulo (pag. 100-102), a exemplo dos outros, começa com um levantamento
histórico da doutrina da predestinação, que praticamente não recebeu nenhuma
atenção até Agostinho. Agostinho desenvolveu e sistematizou a doutrina da predestinação.
Essa doutrina encontrou inimigos como Pelagio, embora a maioria dos pensadores apoiasse
as ideias de Agostinho. Entretanto, somente com Calvino que a doutrina da predestinação
se popularizou, se tornando uma das mais evidentes doutrinas defendidas pelos
reformadores calvinistas.
A
autoria mais particularizada da predestinação é atribuída ao Pai.
Bons
e maus, tanto homens quanto anjos são objetos da predestinação, que tem Cristo
como mediador.
Este
estudo acerca da predestinação termina abordando a questão não contraditória
(segundo o autor) do supralapsário e infralapsário. O que isto significa? É um
debate sobre o decreto de Deus concernente à queda. O primeiro grupo acredita
que Deus decretou a queda. O segundo grupo postula um decreto permitindo a
queda, ou seja, um decreto condicional. O autor argumenta que não existe
nenhuma contradição nessas posturas diferentes. Ele afirma que o
supralapsarianismo trata a questão do ponto de vista idealista, teleológico. Já
o infralapsarianismo faz uma abordagem histórica da questão.
Criação em Geral
A
primeira parte desse capitulo não indica aparentemente tratar-se de possíveis
assuntos para se elaborar questões de prova.
Teorias Divergentes a Respeito da origem
do Mundo.
Berkhof
descreve três teorias da criação do mundo concorrentes com a descrição cristã.
São elas:
TEORIA DUALISTA. Nem sempre o dualismo é
apresentado de modo igual, mas, em sua formação mais usual, estabelece dois
princípios auto existentes, Deus e a matéria, distintos um do outro e, ao mesmo
tempo, co-eternos. Contudo, a matéria original é tida apenas como uma substância
negativa e imperfeita (às vezes considerada má), que é subordinada a Deus e instrumento
da Sua vontade (Platão, Aristóteles, os gnósticos, os maniqueus). Segundo essa teoria,
Deus não é o Criador, mas apenas o estruturador e artífice do mundo.
2. A TEORIA DA EMANAÇÃO, EM VÁRIAS
FORMAS. Essa teoria pretende que o mundo é uma emanação necessária do Ser divino. De acordo com ela, Deus e o mundo são
essencialmente um, sendo este a manifestação fenomênica daquele. A ideia de
emanação é característica de todas as teorias panteístas, embora nem sempre
apresentada da mesma maneira.
3. A TEORIA DA EVOLUÇÃO.
Criação do Mundo Espiritual.
P.132-140
Não
há nada relevante a se comentar nestes tópicos no que diz respeito a possíveis
questões de prova.
Criação do Mundo Material - O Relato
Bíblico da Criação. P. 141...
A
Bíblia declara a criação dos céus e da terra. No entanto, sua ênfase recai
praticamente toda ao mundo material, restando assim, pouquíssimas informações
ao mundo espiritual. O relato da criação dá atenção ao que se vê, ao que pode
ser tocado, sem mencionar pormenores do que há no céu, bem como relatos a cerca
de espíritos , anjos etc.
Há
um interessante relato na pagina 141 sobre um certo paralelismo do relato da
criação feito pelos babilônios. Inclusive esse relato babilônico foi questão de
prova em uma das provas anteriores da marinha.
Na
p.148 há uma tabela que deve ser memorizada. É a ordem dos dias da criação.
O
autor rebate a acusação da alta crítica de que há dois relatos da criação em gênesis,
e que estes relatos se contradizem. Ele argumenta que o relato registrado no cap.
2 de Genesis é apenas a descrição da historia do homem, com a inclusão de dados
do relato citado no cap. 1.
A p.
149 apresenta uma importante relação de teorias que foram elaboradas com a
intenção de harmonizar o relato bíblico da criação com as novas descobertas da
ciência.
Doutrina da Providencia (providencia em
geral e preservação, concorrência, governo, providencia extraordinária ou
milagres). P.156 – 168.
A
doutrina da providencia é o estudo do domínio e governo de Deus sobre sua
criação. É a manutenção dos decretos divinos espedidos sobre o universo. Neste capitulo
o autor mostra as opiniões errôneas do deísmo e do panteísmo, que é apresentado
do seguinte modo:
Pode-se definir a providência como o
permanente exercício a energia divina, pelo qual o Criador preserva todas as
Suas criaturas, opera em tudo que se passa no mundo e dirige todas as coisas
para o seu determinado fim. Esta definição indica que há três elementos na
providência, a saber, a preservação (conservatio, sustentatio), a concorrência
ou cooperação (concursus, co-operatio), e o governo (gubernatio).
Panteísmo
X teísmo.
O panteísmo não distingue entre a
criação e a providência, mas o teísmo acentua uma dupla distinção: (a) A
criação é o chamamento à existência daquilo que antes não existia, enquanto que
a providência continua ou faz continuar aquilo que já foi chamado à existência.
(b) na criação não pode haver cooperação da criatura com o Criador, mas na
providência concorrem a Causa primeira e causas secundárias. A Escritura sempre
distingue ambas.
OBJETOS DA PROVIDÊNCIA DIVINA.
Os
ensinamentos da Escritura sobre este ponto. A Bíblia ensina claramente o
governo providencial de Deus: 1- sobre o universo em geral, 2- sobre o mundo
físico, 3- sobre os negócios das nações, 4- sobre o nascimento do homem e sua
sorte na vida, 5- sobre as vitórias e fracassos que sobrevêm às vidas dos
homens, 6- sobre coisas aparentemente acidentais ou insignificantes, 7- sobre a
proteção dos justos, 8- no suprimento das necessidades do povo de Deus, 9- nas
respostas à oração, 10- no desmascaramento e castigo dos ímpios.
Providência geral e
especial.
Geralmente
os teólogos distinguem entre providência geral e especial, a primeira indicando
o governo de Deus sobre o universo todo, e a última, Seu cuidado de cada parte
dele em relação ao todo. Não são duas espécies de providência, mas a mesma
providência exercida em duas diferentes relações. Contudo, a expressão
“providência especial” pode ter uma conotação mais específica, e nalguns casos
se refere ao cuidado especial de Deus por Suas criaturas racionais. Alguns
falam até mesmo de uma providência muito especial (providentia especialissima),
com referência aos que estão na relação especial de filiação a Deus.
Providências especiais são combinações especiais feitas na ordem dos eventos,
como na resposta à oração, na libertação de dificuldades, e em todos os casos
em que a graça e o socorro vêm, em circunstâncias críticas.
Na subdivisão da doutrina da
providencia, além do estudo da providencia geral e preservação, temos o estudo
da concorrência divina, governo divino e providencia extraordinária.
A IDÉIA DA CONCORRÊNCIA
DIVINA.
Acerca desse assunto Berkhof
dá sua Definição e explicação: Pode-se
definir a concorrência como a cooperação do poder divino com todos os poderes
subordinados, em harmonia com as leis pré-estabelecidas de sua operação,
fazendo-os agir precisamente como agem.
NATUREZA DO GOVERNO DIVINO.
Pode-se
definir o governo divino como a continua atividade de Deus pela qual Ele rege
todas as coisas teleologicamente a fim de garantir a realização do propósito
divino.
PROVIDÊNCIAS EXTRAORDINÁRIAS
OU MILAGRES.
NATUREZA
DOS MILAGRES. Usualmente se faz distinção entre providentia ordinária e
providentia extraordinária. Na primeira, Deus age por meio de causas
secundárias em estrito acordo com as leis da natureza, embora possam variar os resultados,
com diferentes combinações. Mas na última Ele age imediatamente ou sem a
mediação de causa secundárias, em sua operação ordinária.
A DOUTRINA DO HOMEM COM RELAÇÃO A DEUS. P.169
I. A Origem do Homem.
Na
teologia Berkhofiana a doutrina do homem deve seguir imediatamente após a de Deus.
Esse estudo é chamado de antropologia teológica e não pode ser confundido com
outros campos de estudo como a antropologia cultural e outros. A antropologia
teológica Tem como fonte de estudo somente a Bíblia, e a experiência humana é analisada
à luz da escritura.
A
natureza do homem - Os Elementos Constitutivos da Natureza Humana.
O
conceito de tricotomia surgiu com os gregos. Já a ideia dicotômica foi ampliada
por Agostinho, passando a prevalecer na Idade Média e se mantendo inalterada
com a Reforma. Segundo o autor, a dicotomia é o ensino correto das escrituras.
Quanto
às três teorias da origem da alma, criacionismo e traducionismo são as duas
mais bem aceitas na cristandade. Já o pré-existencialismo tem pouca aceitação.
O autor resume a questão com a seguinte sentença: “A Bíblia não faz nenhuma afirmação direta a respeito da origem da alma
do homem, exceto no caso de Adão” p. 189. No entanto, a opção de Berkhof é
o criacionismo.
O Homem Como a Imagem de Deus
Este
capitulo começa esboçando as ideias que foram desenvolvidas no decorrer da
historia. Poucas coisas são dignas de nota, não obstante o posicionamento de
Lutero que era bem restrito. Ele “não
buscava a imagem de Deus em nenhum dos dons naturais do homem, tais como as
suas faculdades racionais e morais, mas, sim, exclusivamente na justiça
original e, portanto, considerava a imagem como inteiramente perdida devido ao
pecado”. Calvino tinha uma opinião divergente de Lutero, sendo sua visão
mais ampla, e não tão pessimista quanto o reformador alemão.
Seguem-se
as conclusões do autor quanto à imagem de Deus no homem:
1.
As
palavras “imagem” e “semelhança” são empregadas como sinônimos e uma pela outra
e, portanto, não se referem a duas coisas diferentes.
2.
A
imagem de Deus segundo a qual o homem foi criado, certamente inclui o que
geralmente se denomina “justiça original”, ou mais especificamente, verdadeiro
conhecimento, justiça a santidade.
3.
Mas
não se deve restringir a imagem de Deus ao conhecimento, à justiça e à
santidade originais, perdidos devido ao pecado; ela inclui também elementos que
pertencem à constituição natural do homem.
4.
Outro
elemento frequentemente incluído na imagem de Deus é o da espiritualidade.
5.
Outro
elemento da imagem de Deus ainda é a imortalidade.
6.
Há
considerável diferença de opinião quanto a se o domínio do homem sobre a
criação inferior também fazia parte da imagem de Deus. Não é de admirar, em
vista do fato de que a Escritura não se expressa explicitamente sobre este
ponto.
A Condição Original do Homem como a
Imagem de Deus.
A
partir da página 198 Berkhof trata da condição origal do homem, mostrando sua
estreita conexão com a imagem de Deus. Em seguida apresenta os três principais
conceitos dessa questão:
1. O CONCEITO PROTESTANTE. Os
protestantes ensinam que o homem foi criado num estado de relativa perfeição,
um estado de justiça e santidade. Não significa que ele já tinha alcançado o
mais elevado estado de excelência de que era suscetível. Geralmente se admite
que ele estivesse destinado a alcançar um grau mais elevado de perfeição pela
obediência.
2. O CONCEITO CATÓLICO ROMANO. Segundo
eles, a justiça original não pertencia à natureza humana em sua integridade,
mas era algo que foi acrescentado sobrenaturalmente. Em virtude da sua criação,
o homem foi simplesmente revestido de todos os pecados e faculdades naturais da
natureza humana como tal.
3.
CONCEITOS DE ÊNFASE RACIONALIZANTE.
Os pelagianos, os socinianos, os arminianos, os racionalistas e os
evolucionistas lançam em total descrédito a ideia de um estado primitivo de
santidade. Os quatro primeiros grupos concordam que o homem foi criado num
estado de inocência, ou seja, de neutralidade moral e religiosa, mas foi dotado
de livre arbítrio, de modo que podia seguir esta ou aquela direção.
O Homem na Aliança das Obras. P. 201- 209
O HOMEM NO ESTADO DE PECADO. P.210
a 223
I. A Origem do Pecado
Este
é um importante assunto na teologia e filosofia e geralmente bem explorado
pelas bancas examinadoras de provas para capelão. Por esta razão copiei na íntegra
a introdução do capitulo:
O problema do mal que há no mundo sempre
foi considerado um dos mais profundos problemas da filosofia e da teologia. É
um problema que se impõe naturalmente à atenção do homem, visto que o poder do
mal é forte e universal, é uma doença sempre presente na vida em todas as
manifestações desta, e é matéria da experiência diária na vida de todos os
homens. Os filósofos foram constrangidos a encarar o problema e a procurar uma
resposta quanto à origem de todo mal, e particularmente do mau moral, que há no
mundo. A alguns, pareceu uma parte de tal modo integrante da vida, que buscaram
a solução na constituição natural das coisas. Outros, porém, estão convictos
que o mal teve uma origem voluntária, isto é, que se originou na livre escolha
do homem, quer na existência atual quer numa existência anterior. Estes se
acham bem mais perto da verdade revelada na Palavra de Deus.
O
autor remonta a origem do mal ao mundo angelical e não à desobediência de Adão
no Édem. Para ele, o pecado no Édem explica a introdução do mal na humanidade,
porém, não explica sua origem. Outro ponto importante nessa questão é que na
teologia reformada não é atribuído a Deus a autoria da criação do mal.
Sintetizando: Deus decretou a possibilidade do homem praticar o mal ao cria-lo
como um ser livre.
Resolvi
copiar o texto a seguir sobre Conceitos
Históricos a Respeito da Origem do Pecado por se tratar de dados
interessantes e com grande possibilidade de ser questão de prova:
Os mais antigos “pais da igreja”, assim
chamados, não falam muito definidamente da origem do pecado, conquanto a ideia
de que se originou na voluntária transgressão e queda de Adão no paraíso já
achasse nos escritos de Irineu. Esta se tornou logo a ideia dominante na
igreja, especialmente em oposição ao gnosticismo, que considerava o mal
inerente à matéria e, como tal, produto do Demiurgo. O contato da alma
humana com a matéria imediatamente a tornou pecaminosa. Essa teoria (gnóstica)
naturalmente priva o pecado do seu
caráter voluntário e ético. Orígenes procurou manter isso com a sua teoria do preexistencialismo.
Segundo ele, as almas dos homens pecaram voluntariamente numa existência anterior
e, portanto, entraram no mundo numa condição pecaminosa. Esta ideia
platônica estava tão sobrecarregada de dificuldades que não pôde encontrar
aceitação geral. Contudo, durante os séculos dezoito e dezenove foi defendida
por Mueller e Rueckert, e por filósofos como Lessing, Schelling e J. H. Fichte.
Em geral os chamados pais da igreja grega, do terceiro e do quarto século,
mostravam certa inclinação para reduzir entre o pecado de Adão e o dos seus
descendentes, ao passo que os “pais” da igreja latina ensinavam cada vez com
maior clareza que a atual condição pecaminosa do homem encontra a sua
explicação na primeira transgressão de Adão no paraíso. Os ensinos da igreja
oriental culminaram finalmente no pelagianismo,
que negava a existência de alguma relação vital entre [o pecado de Adão e o dos
seus descendentes], enquanto que os da igreja ocidental chegaram ao seu
ponto culminante no agostinianismo,
que acentuava o fato de que somos culpados e corruptos em Adão. O semipelagianismo admitia a
conexão adâmica, mas sustentava que isso explica apenas a corrupção do pecado,
não a culpa. Durante a Idade Media reconhecia-se geralmente essa conexão.
Às vezes era interpretada à maneira agostiniana, mas com mais frequência, à
maneira semipelagiana. Os reformadores compartilhavam os conceitos de
Agostinho, e os socinianos os de Pelágio, enquanto que os arminianos moviam-se
em direção ao semipelagianismo. Sob a influencia do racionalismo e da filosofia
evolucionista, a doutrina da queda do homem e de seus efeitos fatais sobre a
raça humana aos poucos foi descartada.
Berkhof
acentua que a ideia do pecado foi substituída pela do mal, e este mal era
explicado de varias maneiras:
·
Kant o
considerava como uma coisa pertencente à esfera super-racional, que ele
confessava não ter condições de explicar.
·
Para
Leibniz, devia-se às necessárias
limitações do universo.
·
Schleiermacher via sua origem na natureza sentimental
do homem, e
·
Ritschl na ignorância humana, ao passo que.
·
O evolucionista o atribui à oposição das
propensões inferiores à consciência moral em seu desenvolvimento gradativo.
·
Barth
fala da origem do pecado como o mistério da predestinação.
P.210
Os Resultados do Primeiro Pecado. - pagina
217
1. O resultado imediato do primeiro
pecado foi a depravação total da natureza humana. O contágio do seu
pecado espalhou-se imediatamente pelo homem todo, não ficando sem ser tocada
nenhuma parte da sua natureza, mas contaminando todos os poderes e faculdades
do corpo e da alma. Esta completa corrupção do homem é ensinada claramente na
Escritura. A depravação total de que se trata aqui não significa que a natureza
humana ficou logo tão completamente depravada como teria a possibilidade de vir
a ser. Na vontade essa depravação manifestou-se como incapacidade espiritual.
2. Imediatamente relacionada com a
matéria do item anterior, deu-se a perda da comunhão com Deus mediante o
Espírito Santo. Ele
rompeu com a verdadeira fonte de vida e bem-aventurança, e o resultado foi uma
condição de morte espiritual.
3. Consciência da corrupção,
revelando-se no sentido de vergonha. E depois houve uma consciência de culpa,
que achou expressão numa consciência acusadora e no temor de Deus que isso
inspirou.
4. Não somente a morte espiritual, mas
também a morte física resultou do primeiro pecado do homem.
5. O homem foi expulso do paraíso,
porque este representava o lugar da comunhão com Deus.
Teorias Filosóficas a Respeito da
Natureza do Mal.
P.219
– 223. Essas paginas apresentam um estudo interessante e digno de nota.
1. TEORIA DUALISTA. Esta é uma das
teorias que foram comuns na filosofia grega. Na forma do gnosticismo, conseguiu
penetrar na Igreja Primitiva. Admite a existência de um princípio eterno do
mal, e sustenta que no homem o espírito representa o princípio do bem, e
corpo, o do mal.
2. TEORIA DE QUE O PECADO É MERA
PRIVAÇÃO. De acordo com Leibniz, o presente mundo é o melhor mundo possível. A
existência do pecado deve ser considerada inevitável. O pecado não pode ser
atribuído à acaso pessoal de Deus e, portanto, deve ser considerado como
simples negação ou privação, sem necessidade de nenhuma causa eficiente. As
limitações da criatura o tornam inevitável. Essa teoria torna o pecado um mal
necessário.
3. TEORIA DE QUE O PECADO É UMA ILUSÃO. Para
Spinoza, como para Leibniz, o pecado é simplesmente um defeito, uma limitação
da qual o homem está cônscio; mas enquanto Leibniz considera a noção do
mal, que surge dessa limitação, como necessária, Spinoza sustenta que a
resultante consciência do pecado deve-se simplesmente à inadequação do
conhecimento do homem, que não consegue ver tudo sub espécie aeternitatis, isto
é, em unidade com a eterna e infinita essência de Deus. Se o conhecimento do
homem fosse adequado, de sorte que visse tudo em Deus, ele não teria nenhuma ideia
do pecado; este seria simplesmente inexistente para ele.
4. TEORIA DE QUE O PECADO É FALTA DE
CONSCIÊNCIA DE DEUS, PELO FATO DE ESTAR A NATUREZA HUMANA PRESA AOS SENTIDOS. É
o conceito de Schleiermacher. Segundo ele, a consciência do pecado, da parte do
homem, depende da sua consciência de Deus. Quando o senso da realidade de Deus
se desperta no homem, imediatamente toma consciência da oposição da sua
natureza inferior àquela noção. Esta oposição segue-se da própria constituição
de seu ser, de sua natureza sensorial, presa aos sentidos, da ligação da alma
com um organismo físico. É, pois, uma imperfeição inerente, mas uma imperfeição
que o homem sente como pecado e culpa. Contudo, isso não faz de Deus o autor do
pecado, uma vez que o homem concebe erroneamente essa imperfeição como pecado. Segundo
essa teoria O pecado não tem existência
objetiva, mas existe somente na consciência do homem.
5. TEORIA DO PECADO COMO FALTA DE
CONFIANÇA EM Deus E COMO OPOSIÇÃO AO SEU REINO, DEVIDO À IGNORÂNCIA. Como
Schleiermacher, Ritschl também dá ênfase ao fato de que o pecado é entendido
somente do ponto de vista da consciência cristã. Os que se acham fora dos
limites da religião cristã, e os que estão ainda alheios à experiência da
redenção, não têm nenhum conhecimento do pecado.
6. TEORIA DE QUE O PECADO É EGOÍSMO. Assumem
essa posição Mueller e A H. Strong, A.B. Langston, entre outros. Alguns que
assumem essa posição concebem o egoísmo apenas como o oposto do altruísmo ou da
generosidade; outros o entendem como a escolha do ego, em vez de Deus, como o
supremo objeto do amor. Ora, essa teoria, especialmente quando concebe o
egoísmo como a colocação do ego no lugar de Deus, é, de longe, a melhor das
teorias mencionadas.
7. TEORIA DE QUE O PECADO CONSISTE NA
OPOSIÇÃO DAS INCLINAÇÕES INFERIORES DA NATUREZA HUMANA A UMA CONSCIÊNCIA MORAL
DESENVOLVIDA GRADATIVAMENTE.
–obs.
Essa sétima teoria é de pouca relevância.
Berkhof
finaliza esse tópico com a seguinte declaração: “O defeito radical dessas teorias todas é que procura definir o pecado
sem levar em consideração que o pecado é essencialmente o abandono de Deus, a
oposição a Deus e a transgressão da lei de Deus. Sempre se deve definir o
pecado em termos da relação do homem com Deus e Sua vontade como vem expressa
na lei moral”.
A Ideia Bíblica do Pecado. P.
223 a 255
1. O PECADO É O MAL NUMA CATEGORIA
ESPECÍFICA. Hoje em dia ouvimos falar muito do mal, e relativamente pouco do
pecado; e isso é muito enganoso. Nem todo mal é pecado. Não se deve confundir o
pecado com o mal físico, com aquilo que é danoso ou calamitoso. É possível
falar, não só do pecado mas da doença, como um mal, má, então, a palavra “mal”
é empregada em dois sentidos totalmente diversos. Acima da esfera física está a
esfera ética, na qual é aplicável o contraste entre o bem moral e o mal moral,
e é somente nesta esfera que podemos falar de pecado.
2. O PECADO TEM CARÁTER ABSOLUTO. Na
esfera ética, o constraste entre o bem e o mal é absoluto. Não há condição
neutra entre ambos. Apesar de indubitavelmente haver graus nos dois, não há
graduação entre o bem e o mal.
3. PECADO SEMPRE TEM RELAÇÃO COM DEUS E
SUA VONTADE. Os mais antigos teólogos compreendem que é impossível ter uma
correta concepção do pecado sem vê-lo em relação a Deus e Sua vontade e,
portanto, acentuavam este aspecto e normalmente falavam do pecado como “falta
de conformidade com a lei de Deus”.
4. O PECADO INCLUI A CULPA E A
CORRUPÇÃO. A culpa é o estado de merecimento da condenação ou de ser passível
de punição pela violação de uma lei ou de uma exigência moral. Ela expressa a
relação do pecado com a justiça ou da penalidade com a lei.
5. O PECADO TEM SUA SEDE NO CORAÇÃO. O
pecado não reside nalguma faculdade da alma, mas no coração, que na psicologia
da Escritura é o órgão central da alma, onde estão as saídas da vida. E desse
centro, sua influencia e suas operações espalham-se para o intelecto, a
vontade, as emoções – em suma, a todo homem, seu corpo inclusive.
6. O PECADO NÃO CONSISTE APENAS DE ATOS
MANIFESTOS. O pecado não consiste somente de atos patentes, mas também de
hábitos pecaminosos e de uma condição pecaminosa da alma. Estes três âmbitos se
inter-relacionam do seguinte modo: O estado pecaminoso á a base dos hábitos
pecaminosos, e estes se manifestam em ações pecaminosas.
A
conclusão do autor: “Em conclusão, pode-se dizer que definir o pecado como
falta de conformidade com a lei moral de Deus, em ato, disposição ou estado”.
O Conceito Pelagiano de Pecado.
O
conceito pelagiano do pecado é completamente diverso do que foi apresentado
acima. O único ponto de semelhança está em que o pelagiano também vê o pecado
em relação à lei de Deus, e o considera uma transgressão da lei.
EXPOSIÇÃO DO CONCEITO PELAGIANO. Pelágio
tomou o seu ponto de partida na capacidade do homem. Sua proposição fundamental
é: Deus ordenou ao homem que praticasse o bem; daí, este deve ter capacidade
para fazê-lo. Significa que o homem tem livre arbítrio no sentido absoluto da
expressão, de modo que lhe é possível decidir a favor ou contra o que é bom, e
também praticar tanto o bem como o mal. A decisão não depende de qualquer
caráter moral que haja no homem, pois a vontade é inteiramente indeterminada.
Se o homem vai fazer o bem ou o mal depende simplesmente da sua vontade livre e
independente. Disto se segue, naturalmente, que não existe o que chamam de
desenvolvimento moral do indivíduo. O bem e o mal estão localizados nas ações
isoladas do homem. A coisa chamada natureza pecaminosa não existe, como
tampouco as chamadas disposições pecaminosas. O pecado é sempre uma escolha
deliberada do mal, escolha feita por uma vontade perfeitamente livre e que
igualmente pode escolher e seguir o bem. A universidade do pecado é admitida,
porquanto toda experiência a testifica. Deve-se à limitação e ao hábito de
pecar, que se forma gradativamente. Estritamente falando, segundo o ponto de vista
pelagiano, não há pecadores, mas tão somente atos pecaminosos isolados.
O autor em seguida esboça suas objeções à teoria pelagiana. Talvez
seja necessário dá uma olhada posteriormente e até mesmo transcrever o resumo
para cá.
A Transmissão do Pecado. P.
230
Historicamente
os teólogos se divergiram bastante no que diz respeito à transmissão do pecado.
Há aqueles que associam o pecado de Adão com o pecado de toda a humanidade, sem
contudo afirmar que pecamos em consequência (imputação) do pecado de Adão (pecado
original). Pensam assim teólogos neo-ortodoxos como os citados pelo autor: “Até Barth e Brunner, apesar de se oporem
violentamente ao modernismo teológico, não consideram a pecaminosidade
universal da raça humana como resultado do pecado de Adão. Historicamente, este
ocupa um lugar único, meramente como o primeiro pecador”.
Outros
como os pelagianos negam qualquer relação do pecado de Adão com os pecados da
humanidade, não sendo atribuído a nós culpa ou mesmo herança pecaminosa. Neste
caso, Adão foi apenas um mau exemplo. Entretanto, não negam a universalidade do
pecado. Já os reformadores pensam diferente: “De acordo com Lutero, somos tidos como culpados por Deus por causa do
pecado herdado de Adão e que reside em nós. Calvino fala num tom um tanto semelhante.
Ele sustenta que, desde que Adão foi, não somente o progenitor da raça humana,
mas também a sua raiz, todos os seus descendentes nascem com natureza corrupta;
e que tanto a culpa do pecado de Adão como a própria corrupção inata são-lhes
imputadas como pecado”.
O Pecado na Vida da Raça Humana -
p. 237
Chama-se “pecado original” (1) porque é
derivado da raiz original da raça humana; (2) porque está presente na vida de
todo e qualquer indivíduo, desde a hora do seu nascimento e, portanto, não pode
ser considerado como resultado de imitação; (3) porque é a raiz interna de
todos os pecados concretizados que corrompem a vida do homem.
Há
dois elementos no pecado original: culpa original e corrupção original.
A palavra “culpa” expressa a relação que há entre o pecado e a justiça. Quem é
culpado está numa relação penal com a lei.
A corrupção original inclui duas coisas,
a saber, a ausência da justiça original e a presença do mal positivo. A corrupção original não é apenas uma
moléstia, como a descrevem alguns dos “pais” gregos e os arminianos, mas, sim,
pecado, no sentido real da palavra.
O
autor se mostrou confuso neste ponto. Ele anuncia dois elementos do pecado
original, como citei acima, e relacionou mais dois: depravação e incapacidade
total, totalizando quatro.
O
PECADO IMPERDOÁVEL.
Berkhof
diz que no decorrer da historia varias ideias erradas surgiram para explicar o
pecado imperdoável, como as postuladas por Crisostomos, Jerônimo, Agostinho,
Melanchiton e os dogmáticos de linha luterana. Sua definição esta como
segue: “O pecado IMPERDOÁVEL consiste na rejeição e calúnia consciente,
maldosa e voluntária, e isso contra as evidências e respectiva convicção do
testemunho do Espírito Santo a respeito da graça de Deus em Cristo,
atribuindo-o, por ódio ou inimizade, ao príncipe das trevas”.
A Punição do Pecado. P.
249 a 255
Este
assunto é de fácil assimilação, não carecendo de anotações.
O HOMEM NA ALIANÇA DA GRAÇA.
P.256 a 295
Embora
seja um capitulo bem grande, resumi apenas os tópicos abordados no final, por
se mostrarem assuntos de maior interesse.
Sobre
a divisão da história bíblica, três teorias foram elaboradas. Uma delas e a
mais popular, principalmente entre os pentecostais é a teoria dispensacionalista.
Esta teoria divide a história bíblica em 6 ou 7 e até 8 dispensações. O
dispensacionalismo encontra muitas dificuldades para se ajustar com o ensino
bíblico, sendo rejeitado pelo autor. Outra teoria é a das três dispensações
postulada por Irineu que não alcançou muita popularidade. A terceira teoria
apresentada é mais fácil de conciliar com o ensino geral das escrituras e é a
posição adotada pelos reformados. Ela consiste em duas dispensações somente: do
Antigo e do Novo Testamento. Berkhof descreve sua conclusão da seguinte
maneira: “Com base em tudo quanto acima
foi dito, é preferível seguir as linhas tradicionais distinguindo apenas duas
dispensações ou administrações, quais sejam, a do Velho Testamento e a do Novo;
e subdividir a primeira em vários períodos ou estágios da revelação da aliança da
graça”.
A
subdivisão proposta a seguir não é segundo o autor várias alianças firmadas por
Deus, mas sim, a progressiva revelação da aliança da graça.
A
primeira revelação da aliança se deu ainda no Éden em Gn 3.15, em seguida
tivemos a aliança com Noé, com Abraão e a aliança do Sinai.
Quanto
ao Novo Testamento, a teologia reformada nega que seja uma nova aliança,
afirmando que se trata apenas de continuidade da aliança iniciada no Velho
Testamento.
A DOUTRINA DA PESSOA E OBRA DE CRISTO
A Doutrina de Cristo na História
Os gnósticos
foram profundamente influenciados pela concepção dualista dos gregos, em que a
matéria, entendida como inerentemente má, é descrita como completamente oposta
ao espírito; e por uma tendência mística para considerar as coisas terrenas
como representações alegóricas dos grandes processos redentores cósmicos.
Rejeitavam a ideia de uma encarnação, de uma manifestação de Deus em forma
visível, visto que isto envolveria um contato direto do espírito com a matéria.
As
paginas 297,8 tratam das teorias heréticas formuladas para explicar a pessoa de
Cristo até o Concilio de Calcedônia. Contudo, todas elas fracassaram, sendo
rechaçadas nos concílios de Nicéia em 325, Constantinopla em 381 e Calcedônia
em 451.
Após
o concilio de Calcedônia em 451 – A Idade Média acrescentou muito pouca coisa à
doutrina da pessoa de Cristo. Alguns novos pontos foram salientados por Tomaz
de Aquino. O principal deles é que “Há
duas vontades em Cristo, mas a causalidade última pertence à vontade divina, à
qual a vontade humana está sempre sujeita”.
Na
reforma praticamente nada se alterou com a doutrina de Cristo. Berkhof afirma
que Tanto a Igreja Romana como as igrejas
da reforma subscreveram a doutrina de Cristo nos termos de sua formulação pelo
Concílio de Calcedônia’. Suas diferenças importantes e profundas estão noutras
áreas. Há uma peculiaridade da cristologia luterana que merece atenção. A
doutrina de Lutero sobre a presença física de Cristo na ceia do Senhor levou ao
conceito caracteristicamente luterano da communicatio
idiomatum (comunicação de propriedades), com o sentido de “que cada uma das
naturezas de Cristo permeia a outra (perichoresis), e que a Sua humanidade
participa dos atributos da Sua divindade”.
Somente
no século XIX houve mudanças drásticas concernente a cristologia, dando inicio
ao chamado “segundo período cristológico”.
Scheleiermacher esteve à frente do novo
desenvolvimento. Ele considerava Cristo como uma nova criação, na qual a
natureza humana é elevada ao nível da perfeição ideal. Todavia, dificilmente se
pode dizer que o seu Cristo se eleva acima do nível humano.
O conceito que Hegel tinha de Cristo é parte integrante do seu sistema panteísta
de pensamento. O verbo se fez carne significa para ele que Deus se encarnou na
humanidade, de modo que a encarnação expressa realmente a unidade de Deus e o
homem.
A Unipersonalidade de Cristo – No ano 451 A.D. o Concílio de Calcedônia
conheceu e formulou a fé cristã a respeito da pessoa de Cristo e declarou que
Ele deve “ser reconhecido em duas naturezas, inconfusa, imutável, indivisível e
inseparavelmente; sendo que a distinção das naturezas de modo nenhum é
eliminada pela união, mas, antes, a propriedade de cada natureza é preservada,
e ambas concorrem numa Pessoa e numa Subsistência, não partida ou dividida em
duas pessoas”. Evidentemente que esta declaração apenas diz como é a
personalidade de Cristo, sem haver nenhum tipo de tentativa de explicar como
isso se deu.
A Doutrina da “Kénosis” em Suas Várias
Formas.
“Em meados do século dezenove uma nova
forma de cristologia fez seu aparecimento nas teorias quenósicas. Encontrou
apoio especialmente entre os luteranos, mas também teve o apoio de alguns
teólogos reformados (calvinistas). Representa parte de uma tentativa de
fortalecer a união dos segmentos luterano e reformado da igreja. Os defensores
desse novo conceito desejavam fazer plena justiça à realidade e integridade da
humanidade de Cristo e salientar a magnitude da Sua abnegação e do Seu
sacrifício”.
EXPOSIÇÃO DA DOUTRINA. “O termo
“Kénosis” é empregado num duplo sentido na teologia. Originariamente foi
utilizado por teólogos luteranos para denotar a autolimitação, não do Logos,
mas do Deus e homem, autolimitação pela qual Ele, no interesse da Sua
humilhação, pôs de lado o uso prático dos Seus atributos divinos. Contudo, nos
ensinamentos dos quenosistas o termo assinala a doutrina de que, na
encarnação, o Logos se despojou dos Seus atributos transitivos ou de todos os
Seus atributos, reduziu-se a uma simples potencialidade, e então, em união com a
natureza humana, desenvolveu-se de novo, tornando-se uma pessoa divino-humana”.
Essa
tal doutrina kénosis é resultado de má compreensão de alguns teólogos do estado
de humilhação de Cristo.
OS ESTADOS DE CRISTO
O Estado de Humilhação p.
324
A DOUTRINA DOS ESTADOS DE CRISTO NA
HISTÓRIA. A doutrina dos estados de Cristo realmente data do século dezessete,
embora já se encontrassem indícios dela nos escritos dos reformadores, e mesmo
em alguns dos chamados pais da igreja primitivos. Desenvolveu-se primeiro entre
os luteranos, mas logo foi adotada também pelos reformados (calvinistas).
Divergiam, porém, quanto ao real sujeito dos estados. De acordo com os
luteranos, o sujeito é a natureza humana de Cristo, mas de acordo com os
reformados é a pessoa do Mediador. Havia considerável diferença de opinião
sobre o assunto, mesmo entre os luteranos. Sob a influência de Schleiermacher,
a ideia dos estados do Mediador desapareceu gradativamente da teologia. Toda e
qualquer alusão à humilhação e exaltação de Cristo perdeu seu sentido. O
resultado é que em muitas obras atuais de dogmática, buscamos em vão um
capítulo sobre os estados de Cristo.
Em
relação aos estados de Cristo, que são os estado de humilhação e estado de
exaltação não há muita coisa a se comentar, embora haja vários assuntos
interessantes. Todavia, é uma temática bastante especulativa e de pouca
relevância (acredito eu) para se formular alguma questão de prova. E, mesmo que
se formulem questões de prova nesse capitulo, seguramente não apresentará um
grau elevado de dificuldade. A única coisa que quero ressaltar aqui é que os
luteranos diferem em alguns detalhes dos calvinistas. Os calvinistas seguem uma
linha de pensamento mais segura, tradicional e menos especulativa.
OS OFÍCIOS DE CRISTO. P.
349
Até aqui
nada de interessante digno de nota.
Causa e necessidade da Expiação. P.
360
A
importância desse tópico se justifica segundo o autor, pelo fato de “A grande e central parte da obra
sacerdotal de Cristo jaz na expiação, mas esta, naturalmente, não é
completa sem a intercessão. Sua obra sacrificial na terra requer o Seu serviço no
santuário celestial. Ambas são partes complementares da tarefa sacerdotal do
Salvador. Este capítulo e os três subsequentes serão dedicados à discussão da
doutrina da expiação, às vezes chamada ‘coração do Evangelho”.
No
decorrer da história os teólogos discutiram se a expiação era desnecessária,
relativamente necessária ou absolutamente necessária.
QUE
A EXPIAÇÃO NÃO ERA NECESSÁRIA. O autor menciona os nominalistas da Idade Média,
Socino e os arminianos, mas esse argumento é principalmente postulado pelos
liberais. “Schleiermacher e Ritschl, que
exerceram dominantes influencia sobre a teologia moderna, romperam
completamente com o conceito judicial da expiação. Como defensores das teorias
místicas e da influencia moral da expiação, eles negavam o fato de uma expiação
objetiva e, daí, por implicação, negavam também a sua necessidade.
Segundo
o autor, a posição apoiada pelas escrituras e defendida pela teologia reformada
é a da absoluta necessidade de expiação, embora os reformadores como
Calvino e Lutero não tinham muita clareza dessa questão.
A
Natureza da Expiação. A doutrina da
expiação aqui apresentada é a doutrina da satisfação ou substituição penal, que
é a doutrina claramente ensinada pela palavra de Deus.
Objeções à Doutrina da
Expiação Substitutiva e penal ou da Satisfação.
Tal expiação era
inteiramente desnecessária, que anularia o caráter de Deus, que supõe uma
impossível transferência da ira, entre outras.
Teorias Divergentes da
Expiação
São
várias as teorias que foram elaboradas para tentar explicar a Expiação.
Lembrando que essas teorias são heréticas do ponto de vista dos reformados.
Tentarei resumir com breves palavras as teorias mais importantes:
Primeiramente
temos as teorias da igreja primitiva,
que são elas:
1)
TEORIA DO RESGATE PAGO A SATANÁS (Origines). Esta se baseia na singular noção
de que a morte de Cristo constituiu um resgate pago a Satanás, a fim de
cancelar as justas prerrogativas deste sobre o homem;
2)
TEORIA DA RECAPITULAÇÃO (Irineu).
A Teoria da Satisfação, de
Anselmo (Teoria Comercial).
A teoria de Anselmo é, às
vezes, identificada com a dos Reformadores, que também é conhecida como teoria
da satisfação, mas as duas não são idênticas. Anselmo foi o primeiro a elaborar
uma doutrina bastante completa da expiação, e em muitos aspectos a sua teoria
aponta na direção certa. Contudo, está aberta a diversas críticas.
A Teoria da Influência
Moral.
Esta teoria foi propugnada por Abelardo, em oposição a
Anselmo, e desde os seus dias encontrou muitos defensores ardorosos. A ideia
fundamental é que não há nenhum princípio da natureza divina que
necessariamente requeira satisfação da parte do pecador; e que a morte de
Cristo não deve ser considerada como uma expiação pelo pecado. Foi
meramente uma manifestação do amor de Deus, sofrendo Ele em todas as Suas
criaturas pecadoras e com elas, e levando sobre Si as suas dores e os seus
pesares. Este sofrimento não serviu para satisfazer a justiça divina, mas, sim,
para revelar o amor divino, com vistas a abrandar os corações humanos e
levá-los ao arrependimento.
A Teoria do Exemplo.
Esta teoria foi defendida
pelos socinianos no século dezesseis, em oposição à doutrina dos Reformadores
de que Cristo expiou vicariamente o pecado da humanidade. Seu princípio
fundamental é que não existe justiça retributiva em Deus que exija absoluta e
inexoravelmente que o pecado seja punido. Sua justiça não O impede de perdoar
quem Ele quiser, sem exigir nenhuma satisfação. A morte de Cristo não
expiou o pecado, nem levou Deus a perdoar o pecado. Cristo salva os homens
revelando-lhes o caminho da fé e da obediência como o caminho da vida eterna,
dando-lhes um exemplo de verdadeira obediência, tanto em Sua vida como em Sua
morte, e inspirando-os a terem vida semelhante.
A Teoria Governamental.
A teoria governamental foi
destinada a ser um meio termo entre a doutrina da expiação, ensinada pelos
Reformadores, e o conceito sociniano. Ela nega necessariamente a justiça de
Deus requer que todas as exigências da lei sejam satisfeitas. A lei é mero produto da vontade de
Deus, e Ele pode alterá-la ou até abrigá-la, como Lhe aprouver. Embora pela
estrita justiça o pecador merecesse a morte eterna, esta sentença não é
executada rigorosamente, pois os crentes são livres.
A Teoria Mística.
A teoria mística tem em
comum com a teoria da influencia moral isto – que ela concebe a expiação
exclusivamente como exercendo influencia sobre o homem e produzindo uma mudança
nele. Ao mesmo tempo, difere da teoria da influencia moral no sentido de que
concebe a mudança operada no homem, não primordialmente como uma mudança ética
ocorrida na vida consciente do homem, mas como uma profunda mudança na vida
subconsciente e produzida de maneira mística. O principio básico desta teoria
é que, na encarnação, a vida divina penetrou na vida da humanidade, a fim de
eleva-la ao nível da divina.
A teoria do Arrependimento
Vicário
Esta teoria de McLeod
Campbell é também chamada teoria da simpatia* e identificação. Parte da
suposição gratuita de que um arrependimento perfeito teria valido como
suficiente expiação pelo pecado, se tão somente o homem fosse capaz de experimentar
um verdadeiro arrependimento, o que ele não era. Pois bem, Cristo ofereceu a
Deus, pelo bem da humanidade, o requerido arrependimento e, ao fazê-lo,
preencheu as condições para o perdão. Sua obra consistiu realmente na vicária confissão
do pecado, para beneficio do homem.
Assim
encerram as teorias acerca da expiação. Apenas quero ressaltar novamente que a
Doutrina da Expiação Substitutiva e penal ou da Satisfação (não a de Anselmo) é
a posição correta.
O Reinado Espiritual de
Cristo. P. 400
Há
algumas considerações a serem feitas a respeito do reino de Cristo, que é o
mesmo reino de Deus ou reino dos céus, ou seja, há apenas UM reino.
Primeiramente o reino de Deus é tanto presente quanto futuro; em segundo lugar,
é um reino espiritual e esta baseado na obra de redenção de Cristo.
Também
é importante salientar o que o autor menciona acerca daqueles que querem
mensurar o reino de Deus com aspectos temporais e materiais: “Em conexão com a tendência atual de
considerar o reino de Deus simplesmente como uma nova condição social, um reino
ético de fins, a ser estabelecido por esforços humanos tais como a educação,
determinações legais e reformas sociais, é bom ter em mente que a expressão
“reino de Deus” nem sempre é empregada no mesmo sentido. Fundamentalmente, a
expressão denota uma ideia abstrata, e não concreta, a saber, o governo de Deus
estabelecido e reconhecido nos corações dos pecadores”.
A DOUTRINA DA APLICAÇÃO DA
OBRA DE REDENÇÃO
Soteriologia em Geral - P.407
– 415
As seguintes exposições da
ordem da salvação (ordo salutis) refletem as concepções fundamentais do método
de salvação que caracterizam as diversas igrejas, desde a Reforma.
1.
O
CONCEITO REFORMADO (CALVINISTA). Após considerar alguns pontos sem muita
importancia, o autor apresenta uma síntese do pensamento reformado quanto a
ordo salutis. “Eles (reformados)
principiam a ordo salutis com a regeneração ou com a vocação e, assim,
salientam o fato de que a aplicação da obra redentora de Cristo é, em seu
início, uma obra de Deus. Segue-se a isto uma discussão da conversão, na qual a
obra da regeneração penetra a vida consciente do pecador, e ele se volta do
ego, do mundo e de Satanás para Deus. A conversão inclui o arrependimento e a
fé, devido à sua grande importância, esta é geralmente estudada separadamente.
A discussão da fé leva naturalmente à da justificação, considerando que esta
nos é mediada pela fé. E porque a justificação coloca o homem numa nova relação
com Deus, levando junto consigo a dádiva do Espírito de adoção e impondo ao
homem uma nova obediência, e também lhe dando capacidade para fazer de coração
à vontade de Deus, a obra de santificação é considerada logo a seguir.
Finalmente, conclui-se a ordem da salvação com a doutrina da perseverança dos
santos e a sua glorificação final”.
2.
O
CONCEITO LUTERANO. Os luteranos, embora não negando as doutrinas da eleição, da
união mística e da imputação da justiça de Cristo, não têm o seu ponto de
partida em nenhuma delas. Eles reconhecem plenamente o fato de que a realização
subjetiva da obra de redenção nos corações e vidas dos pecadores é uma obra da
graça divina, mas, ao mesmo tempo, fazem uma exposição da ordo salutis que
coloca a principal ênfase naquilo que é feito a parte hominis (da parte do
homem), antes que naquilo que é feito a parte Dei (da parte de Deus). Eles vêem
na fé primeiramente um Dom de Deus, mas, ao mesmo tempo, fazem da fé,
considerada mais particularmente como um princípio ativo no homem e como uma
atividade do homem, o fator absolutamente determinante em sua ordem da
salvação.
3.
O
CONCEITO CATÓLICO ROMANO. Na teologia católica romana, a doutrina da igreja precede
à discussão da ordo salutis. As crianças são regeneradas pelo batismo, mas os
que conhecem o Evangelho mais tarde, recebem a gratia suffciens (graça
suficiente), que consiste numa iluminação da mente e num fortalecimento da
vontade. O homem pode resistir a esta graça, mas também pode dar-lhe
assentimento. Se lhe der assentimento, ela se transformará numa gratia
co-operans (graça cooperante). Sob a
qual o homem coopera para preparar-se para a justificação. É mais que
evidente que a fé não ocupa um lugar importante nesse esquema. Ela é apenas um
assentimento intelectual às doutrinas da igreja. O dom da justificação é
preservado pela obediência aos mandamentos e pela prática de boas obras.
4.
O
CONCEITO ARMINIANO. A ordem da salvação elaborada pelos arminianos, embora
atribuindo ostensivamente a obra da salvação de Deus, realmente a torna
dependente da atitude e da obra do homem. Deus abre a possibilidade de
salvação, mas cabe ao homem aproveitar a oportunidade. O arminiano considera a
expiação de Cristo “como uma oblação e satisfação pelos pecados do mundo
inteiro” (Pope), isto é, pelos pecados de todos os indivíduos da raça humana.
Ele nega que a culpa do pecado de Adão seja imputada a todos os seus
descendentes, e que o homem seja por natureza totalmente depravado e, portanto,
incapaz de fazer algum bem espiritual; e crê que, embora a natureza humana esteja
indubitavelmente prejudicada e deteriorada como resultado da Queda, o homem
ainda é capaz de, por natureza, fazer aquilo que é espiritualmente bom e de
converter-se a Deus.
Operações do Espírito Santo
em Geral. P.416 - 428
Não
nada a comentar dessa paginas.
Graça comum e graça especial.
P.429
Devemos
notar os seguintes pontos de distinção entre a graça especial (no sentido de
graça salvadora) e a graça comum:
a.
A
extensão da graça especial é determinada pelo decreto da eleição. Esta graça
limita-se aos eleitos, ao passo que a graça comum não sofre esta limitação, mas
é outorgada indiscriminadamente a todos os homens.
b.
A
graça especial remove a culpa e a penalidade do pecado, muda a vida interior do
homem, e gradativamente o purifica da corrupção do pecado pela operação
sobrenatural do Espírito Santo. Por outro lado, a graça comum jamais remove a
culpa do pecado, não renova a natureza humana, mas apenas tem um efeito
restringente sobre a influência corruptora do pecado.
c.
A
graça especial é irresistível.
d.
A
graça especial age de maneira espiritual e recriadora, renovando completamente
a natureza do homem e, assim, tornando o homem capaz e desejoso de aceitar a
oferta da salvação em Jesus Cristo e de produzir frutos especiais. A graça
comum, ao contrário, opera somente de modo racional e moral, tornando o homem,
de maneira geral, receptivo ante a verdade, apresentando motivos à vontade e
apelando para os desejos naturais do homem.
Meios Pelos Quais Opera a
Graça Comum.
Os
seguintes são alguns dos mais importantes meios pelos quais a graça comum
realiza a sua obra:
1.
A LUZ DA REVELAÇÃO DE DEUS. 2. GOVERNOS. 3. OPINIÃO PÚBLICA. 4. PUNIÇÕES E
RECOMPENSAS DIVINAS.
Frutos da Graça Comum.
1. É
SUSTADA A EXECUÇÃO DA SENTENÇA. 2. RESTRIÇÃO DO PECADO. 3. PRESERVAÇÃO DE
ALGUMA PERCEPÇÃO DA VERDADE, DA MORAL E DA RELIGIÃO. 4. A PRÁTICA DO BEM
EXTERNO E DA JUSTIÇA CIVIL. 5. MUITAS BÊNÇÃOS NATURAIS.
A UNIÃO MÍSTICA. P. 441
O
autor aborda várias faces da união mística do crente com seu Salvador Jesus
Cristo. Mas no meio do texto, entre muitos parágrafos, ele descreve o que é a
união mística com uma breve sentença bem explicativa: “Pode-se definir a união mística como a união íntima, vital e
espiritual entre Cristo e o Seu povo, em virtude da qual Ele é a fonte da sua
vida e poder, da sua bendita ventura e salvação”.
Características da União
Mística.
1. É UMA UNIÃO ORGÂNICA.
Cristo e os crentes formam um corpo.
2. É UMA UNIÃO VITAL. Nesta
união, Cristo é o princípio vitalizador e dominante de todo o corpo de crentes.
Não é outra coisa senão a vida de Cristo que habita e anima os crentes.
3. É UMA UNIÃO MEDIADA PELO
ESPÍRITO SANTO.
4. É UMA UNIÃO QUE IMPLICA
AÇÃO RECÍPROCA. O ato inicial é de Cristo, que une os crentes a Si.
5. É UMA UNIÃO PESSOAL. Todo
crente está unido pessoal e diretamente a Cristo.
6. É UMA UNIÃO
TRANSFORMADORA.
Conceitos
Errôneos da União Mística.
1. ERRO RACIONALISTA.
Devemos evitar o erro dos racionalistas que costumam identificar a união
mística com a união de Cristo como o Logos com toda a criação
2. ERRO MÍSTICO. Outro erro
perigoso é o dos místicos, que entendem a união mística como uma identificação
do crente com Cristo. De acordo com este conceito, há nela uma união de
essência, na qual a personalidade de um simplesmente se funde na do outro, de
maneira que Cristo e o crente não permanecem como pessoas distintas.
3. ERRO SOCINIANO E
ARMINIANO. No outro extremo acham-se os ensinos dos socinianos e arminianos,
que apresentam a união mística como simples união moral, ou como uma união de
amor e simpatia.
4. ERRO SACRAMENTALISTA. Outro erro a evitar-se é o dos sacramentalistas,
representados pela Igreja Católica Romana e por alguns luteranos e episcopais
da alta igreja.
Vocação em Geral e Vocação Externa. P.
448
DIFERENTES
CONCEPÇÕES DA VOCATIO VERBALIS (vocação verbal).
A vocatio verbalis é, como a
própria expressão o sugere, o chamamento divino que chega ao homem por
intermédio da pregação da Palavra de Deus. De acordo com os católicos romanos, este chamamento pode
chegar-lhe também por meio da ministração do batismo. De fato, eles consideram
o sacramento como o mais importante meio de levar o homem a Cristo, e atribuem
à pregação do Evangelho uma significação decididamente subordinada. O central para
Roma é o altar, não o púlpito.
No transcurso do tempo
evidenciou-se considerável diferença de opinião sobre a questão, por que o
Evangelho se mostra eficaz nalguns casos e noutros não.
Pelágio buscou a solução disso na vontade
arbitrária do homem. Por natureza o homem tem uma vontade perfeitamente livre,
de modo que ele pode aceitar ou rejeitar o Evangelho, como queira, e assim pode
obter ou deixar de obter as bênçãos da salvação.
Agostinho, por outro lado, atribuía a diferença à
operação da graça de Deus. Ele dizia: “O ouvir o chamamento divino é produzido
pela própria graça divina naquele que antes lhe resistia; e então se acende
nele o amor pela virtude, quando ele pára de resistir”.
O semipelagianismo procurou um termo médio entre ambos, evitando tanto
a negação agostiniana da vontade livre (do livre arbítrio) como a depreciação
pelagiana da graça divina.
Lutero desenvolveu a ideia de que, enquanto que
a lei opera o arrependimento, o chamamento do Evangelho traz consigo o dom do
Espírito Santo. O Espírito está na Palavra, e, portanto, o chamamento, em si
mesmo, é sempre suficiente e, em sua intenção, é sempre eficaz.
A vigorosa insistência de
Lutero no caráter eficaz do chamamento do Evangelho deve-se à depreciação
anabatista dele. Os anabatistas virtualmente
puseram de lado a Palavra de Deus como meio de graça e davam ênfase àquilo que
denominavam palavra interna, “luz interior” e iluminação do Espírito Santo.
Para eles, a palavra externa não passa de letra que mata, ao passo que a
palavra interna é espírito e vida. A vocação externa significa pouco ou nada em
seu esquema.
Teologia
reformada
(calvinista). Segundo Calvino, o
chamamento do Evangelho não é eficiente em si mesmo, mas lhe é dada eficácia
pela operação do Espírito Santo, quando Este aplica salvadoramente a Palavra ao
coração do homem; e esta aplicação é feita somente aos corações e vidas dos
eleitos. Deste modo, a salvação do homem é obra de Deus, do começo ao fim. Por
Sua graça salvadora, Deus não somente capacita o homem, mas também o leva a dar
ouvidos ao chamamento do Evangelho para a salvação.
Os arminianos não ficaram satisfeitos com esta posição, mas
virtualmente retornaram ao semipelagianismo da Igreja Católica Romana. Segundo
eles, a proclamação universal do Evangelho é acompanhada pela graça universal
suficiente – “uma assistência graciosa real e universalmente outorgada,
suficiente para habilitar todos os homens para, se o quiserem, alcançar a plena
posse das bênçãos espirituais e, finalmente, a salvação”.
Vocação Externa.
A vocação externa consiste
na apresentação e oferta da salvação em Cristo aos pecadores, juntamente com
uma calorosa exortação a aceitarem a Cristo pela fé, para obterem o perdão dos
pecados e a vida eterna.
Regeneração e Vocação Eficaz
– p. 459.
Emprego do Termo Regeneração
na Teologia.
Tanto na igreja primitiva, quanto na teologia católica romana o termo
regeneração não ficou bem entendido. Até Agostinho deixou a desejar. Pelágio e
Tomaz de Aquino a confundiu com justificação. A opinião de Tomaz de Aquino foi
vitoriosa na igreja. Até nos dias atuais há uma certa confusão de regeneração e
justificação na Igreja Católica Romana, confusão sem dúvida devida em grande
parte ao fato de que a justificação não é concebida como um ato forense, mas
como um ato ou processo de renovação. Nela o homem não é declarado, mas feito
justo.
PELOS REFORMADORES E NAS
IGREJAS PROTESTANTES. Lutero não
escapou inteiramente da confusão da regeneração com a justificação. Além disso, ele falava da regeneração ou do
novo nascimento num sentido muito amplo. Até mesmo Calvino não
compreendeu a regeneração como os calvinistas da atualidade.
Na teologia reformada (calvinista) do presente, a palavra
“regeneração” é geralmente usada num sentido mais restrito, como um designativo
do ato divino pelo qual o pecador é dotado de nova vida espiritual, e pelo qual
o princípio dessa nova vida é posto em ação pela primeira vez. Assim concebida,
ela inclui tanto a nova geração como o novo nascimento, em que a nova vida se
torna manifesta.
Na teologia “liberal” moderna, o termo “regeneração” adquiriu um
sentido diferente. Schleiermacher distinguia dois aspectos da regeneração, a
saber, a conversão e a justificação, e afirmava que na regeneração “uma nova
consciência religiosa é produzida no crente pelo espírito cristão comum da
comunidade, e a nova vida, ou a ‘santificação’, constitui o seu aparelhamento”
Esse “espírito cristão da comunidade”, é resultado de um influxo da vida
divina, mediante Cristo, na igreja, e é chamado “Espírito Santo” por
Schleiermacher.
Os estudiosos da psicologia da religião geralmente
deixam de distinguir entre regeneração e conversão. Consideram-na como um
processo no qual a atitude do homem para com a vida muda do autocêntrico para o
heterocêntrico. Ela acha sua explicação primariamente na vida subconsciente, e
não envolve necessariamente nada de sobrenatural.
CONCEITOS ERRÔNEOS.
a. A regeneração não é uma mudança
ocorrida na substância da natureza humana, como o ensinavam os maniqueus e, nos
dias da Reforma, FláciIllírico.
b. Também não é simplesmente
uma mudança ocorrida numa ou mais faculdades da alma, como, por exemplo, da
vida emocional (sentimento ou coração), pela remoção da aversão às coisas
divinas, como alguns conservadores a concebem.
c. Também não é uma mudança
completa ou perfeita da natureza total do homem, ou de alguma parte dela, de
sorte que ela não é mais capaz de pecar, como o ensinavam os anabatistas
extremos e algumas outras seitas fanáticas.
CARACTERÍSTICAS POSITIVAS DA
REGENERAÇÃO.
a.
A
regeneração consiste na implantação do princípio da nova vida espiritual no
homem, numa radical mudança da disposição dominante da alma, que, sob a
influência do Espírito Santo.
b.
É
uma transformação instantânea da
natureza do homem, afetando imediatamente o homem todo, intelectual, emocional
e moralmente.
c.
Em
seu sentido mais limitado, é uma mudança que ocorre na vida subconsciente. É
uma secreta e inescrutável obra de Deus que o homem nunca percebe diretamente.
DEFINIÇÃO DE REGENERAÇÃO:
Regeneração é o ato de Deus pelo qual o princípio da nova vida é implantado no
homem, e a disposição dominante da alma é tornada santa.
A Vocação Eficaz em Relação
à Vocação Externa e à Regeneração.
1. SUA INSEPARÁVEL CONEXÃO COM A VOCAÇÃO
EXTERNA. Pode-se dizer que a vocação de Deus é uma só, e a distinção ente uma
vocação externa e uma vocação interna ou eficaz simplesmente chama a atenção
para o fato de que esta vocação única tem dois aspectos.
Lutero, diferentemente dos reformados calvinistas, acreditava que a vocação
interna sempre vinha precedida pela vocação eficaz, que, para ele é a pregação
da Palavra de Deus.
=========
p.466
aprox.
Conceitos Divergentes de
Regeneração. P. 471
Dentre
os diversos conceitos de regeneração (sem entrar nos detalhes) temos o
pelagiano, arminiano e a chamada regeneração batismal, que se subdivide nos
conceitos da igreja católica, anglicana e luterana, com algumas variações de um
para outro. Temos ainda o conceito dos teólogos mediatários, idealizado por
Schleiermacher; o conceito tricotômico, com ênfase no espirito e finalmente o
conceito do liberalismo moderno.
Conversão
Da discussão da regeneração
e da vocação eficaz é natural a transição para a da conversão. Pela operação do
Espírito, aquelas redundam nesta. A conversão pode ser uma crise agudamente
marcante, mas também pode vir na forma de um processo gradual. Na psicologia da
religião, geralmente a regeneração e a conversão são identificadas. Tudo isso
indica a estreita relação entre ambas.
Estão
implícitos na conversão a fé, considerada pelos teólogos o elemento positivo e
o arrependimento, que é tratado como elemento negativo. Berkhof também assinala
que as três palavras no grego empregadas para arrependimento como conversão são
as palavras: Metanoia, Epistrophe e metameleia. Há também as palavras hebraicas
nacham e shubh.
a psicologia da religião deu
considerável atenção ao fato da conversão, mas sempre se deve ter em mente que,
embora tenha trazido à nossa atenção alguns fato interessantes, pouco ou nada
fez para explicar a conversão como um fenômeno religioso.
Características
da Conversão.
1.
A
conversão pertence aos atos recriadores de Deus, e não aos Seus atos judiciais.
2.
Como
a palavra metanoia claramente indica, a conversão tem lugar, não na vida
subconsciente do pecador, mas em sua vida consciente. Isto não significa que
ela não tem suas raízes na vida subconsciente.
3. A conversão assinala o
início, não só do despojamento do velho homem, da fuga do pecado, mas também do
revestimento do novo homem, da luta pela santidade no viver.
4. Tomando a palavra
“conversão” em seu sentido mais específico, ela indica uma mudança instantânea,
e não um processo como o da santificação.
5. Contrariamente aos que
pensam na conversão unicamente como uma crise definida na vida, deve-se notar
que, conquanto a conversão possa ser uma crise agudamente marcante, pode ser
também uma mudança muito gradativa.
6. não é um fenômeno
psicológico, mas uma obra sobrenatural de Deus.
A
Doutrina da Fé na História.
1. ANTES DA REFORMA. Desde
os primeiros tempos da igreja cristã, a fé sobressaia nas mentes dos lideres
como a grandiosa condição da salvação. A seu lado, o arrependimento logo se
tornou um tanto proeminente. Ao mesmo tempo, houve pouca reflexão, a principio,
sobre a natureza da fé e apenas um ligeiro entendimento da relação da fé com as
outras partes da ordo salutis
Tomaz de Aquino define a
virtude da fé como um “hábito da mente, em razão do qual a vida eterna tem
início em nós, considerando que ela leva o intelecto a dar o seu consentimento
às coisas que se não vêem”.
(DEPOIS DA REFORMA) Em
contrapartida, os Reformadores geralmente
a consideravam como fidúcia (confiança), com sua sede na vontade. Entretanto,
há muitas divergências quanto a importância dos elementos da fé entre os
reformados.
Os
arminianos revelaram uma tendência romanizante, quando conceberam a fé como uma
obra meritória do homem.
Schleiermacher,
o pai da teologia moderna, mal menciona a fé salvadora e ignora absolutamente a
fé em termos de confiança em Deus.
Barth
e Brunner consideram a fé simplesmente como a resposta divina, produzida por
Deus no homem.
CONCEITO
DE FÉ: QUATRO TIPOS DE FÉ.
a.
Fé histórica. Pura e simples apreensão da verdade, vazia de qualquer
propósito moral ou espiritual.
b.
Fé miraculosa. A fé miraculosa, assim chamada, é a
persuasão produzida na mente de uma pessoa de que um milagre será realizado por
ela ou em favor dela.
c.
Fé temporal. Esta é a persuasão das verdades religiosas que vem
acompanhada de algumas incitações da consciência, mas não tem suas raízes num
coração regenerado.
d.
A verdadeira fé salvadora. A verdadeira fé salvadora tem sua sede no
coração e suas raízes na vida regenerada.
Justificação – p. 507
Historicamente
a doutrina da justificação pela fé nem sempre foi claramente compreendida. De
fato, até à época da Reforma, ela não encontrou sua expressão clássica.
A DOUTRINA DEPOIS DA
REFORMA. A doutrina da justificação foi o grande princípio material da Reforma.
Com respeito à natureza da justificação, os Reformadores corrigiram o erro de
confundir a justificação com a santificação, salientando o seu caráter legal e
descrevendo-a como um ato da livre graça de Deus pelo qual Ele perdoa os nossos
pecados e nos aceita como justos aos Seus olhos, mas não nos muda
interiormente.
Natureza e Características
da Justificação.
A justificação é um ato judicial
de Deus, no qual Ele declara, com base na justiça de Jesus Cristo, que todas as
reivindicações da lei são satisfeitas com vistas ao pecador. Ela é singular, na
obra da redenção, em que é um ato judicial de Deus, e não um ato ou processo de
renovação, como é o caso da regeneração, da conversão e da santificação.
Santificação – p. 524 (Nada
digno de nota).
A Perseverança dos Santos –
p. 542
Pode-se definir a
perseverança como a contínua operação do Espírito Santo no crente, pela qual a
obra da graça divina, iniciada no coração, tem prosseguimento e se completa. É
porque Deus nunca abandona a Sua obra que os crentes continuam de pé até o fim.
A DOUTRINA DA IGREJA E DOS
MEIOS DE GRAÇA – p. 548
A
IGREJA
A doutrina da aplicação dos
méritos de Cristo leva naturalmente à doutrina da igreja, pois esta consiste
dos que são partícipes de Cristo e das bênçãos da salvação que nele há. A
concepção reformada (calvinista) é que Cristo, pela operação do Espírito Santo,
reúne homens Consigo, dota-os da verdadeira fé e, assim, constitui a igreja
como Seu corpo, a communio fidelium ou sanctorum (comunhão dos fiéis ou dos
santos). Todavia, na Igreja Católica Romana o estudo da igreja tem precedência
sobre tudo mais, antecedendo até ao estudo da doutrina de Deus e da revelação
divina. O que se diz é que a igreja foi o instrumento da produção da Bíblia e,
portanto, tem precedência sobre ela; além disso, ela é despenseira de todas as
graças sobrenaturais. (segundo ele) Não é Cristo que nos leva à igreja, mas a
igreja que nos leva a Cristo. Toda a ênfase recai, não sobre a igreja invisível
como communio fidelium, mas sobre a igreja visível como mater fidelium (mãe dos
fiéis).
No Novo Testamento, Jesus
foi o primeiro a fazer uso da palavra ekklesia, e Ele a aplicou ao grupo dos
que se reuniram em torno dele, Mt 16.18, reconheceram-no publicamente como seu
Senhor e aceitaram os princípios do reino de Deus.
Mais tarde, como resultado
da expansão da igreja, a palavra adquiriu várias significações. Igrejas locais
foram estabelecidas em toda parte, e eram também chamadas ekklesiai, desde que
eram manifestações da igreja universal de Cristo. Eis os usos mais importantes
da palavra:
a. Com muita freqüência a
palavra ekklesia designa um círculo de crentes de alguma localidade definida,
uma igreja local, independentemente da questão se esses crentes estão reunidos
para o culto ou não.
b. Nalguns casos, a palavra
denota o que se pode denominar ekklesia doméstica, igreja na casa de alguma
pessoa.
c. a palavra se acha pelo
menos uma vez, no singular, para denotar um grupo de igrejas, a saber, as
igrejas da Judéia, da Galiléia e de Samaria.
d. Num sentido mais geral, a
palavra serve para denotar a totalidade do corpo, no mundo inteiro, daqueles
que professam exteriormente a Cristo e se organizam para fins de culto, sob a
direção de oficiais para isso designados.
e. Finalmente, em seu
sentido mais compreensivo, a palavra se refere a todo o corpo de fiéis, quer no
céu quer na terra, que se uniram ou se unirão a Cristo como seu Salvador.
OUTROS DESIGNATIVOS
(figurados) BÍBLICOS DA IGREJA.
Corpo de Cristo -Templo do
Espírito Santo ou de Deus - A Jerusalém de cima, ou nova Jerusalém, ou
Jerusalém celestial - Coluna e baluarte da verdade.
A Doutrina da Igreja na
História.
Antes da reforma – Cabe a
Cipriano a distinção de ser o primeiro a desenvolver plenamente a doutrina da
igreja em sua estrutura episcopal. Ele considerava os bispos como reais
sucessores dos apóstolos e lhes atribuía caráter sacerdotal em virtude da sua
obra sacrificial.
APÓS
A REFORMA
Lutero. Ele considerava a igreja como a
comunhão espiritual daqueles que crêem em Cristo, e restabeleceu a idéia
escriturística do sacerdócio de todos os crentes. Ele defendia a unidade da
igreja, mas distinguia dois aspectos dela, um visível e outro invisível. Ele
teve o cuidado de assinalar que não existem duas igrejas, mas simplesmente dois
aspectos da mesma igreja. A igreja invisível torna-se visível, não pelo governo
de bispos e cardeais, nem na chefia do papa, mas pela administração da Palavra
e dos sacramentos.
Os anabatistas não ficaram satisfeitos com a posição de Lutero e
insistiam numa igreja só de crentes. Em muitos casos, eles zombavam da igreja
visível e dos meios de graça. Além disso, exigiam completa separação de igreja
e estado.
Calvino
e os teólogos reformados
estavam de acordo com Lutero quanto à confissão de que a igreja é essencialmente
uma communio sanctorum, uma comunhão de santos. Todavia, eles não procuravam,
como os luteranos, a unidade e a santidade da igreja primariamente nas ordenanças
objetivas da igreja, tais como os ofícios, a Palavra e os sacramentos, mas
sobretudo na comunhão subjetiva dos crentes. Distinguiam, também, entre um
aspecto visível e um aspecto invisível da igreja, embora de maneira
ligeiramente diversa. Ademais, encontravam as verdadeiras marcas da igreja, não
somente na correta administração da Palavra e dos Sacramentos, mas também na
fiel administração da disciplina da igreja.
o racionalismo Era indiferente em matéria de fé e não tinha
entusiasmo pela igreja, que ele colocou a par com outras sociedades humanas. Até
negava que Cristo tivesse a intenção de fundar uma igreja no sentido geralmente
aceito da palavra.
Para Schleiermacher, a igreja era essencialmente a comunidade cristã, o
corpo dos crentes animados pelo mesmo espírito. Ele via pouca utilidade na
distinção entre a igreja visível e a invisível, e via a essência da igreja no
espírito de companheirismo cristão.
Ritschl substituiu a distinção entre a igreja
invisível e a visível pela distinção entre o reino e a igreja. Ele considerava
o reino como a comunidade do povo de Deus que age motivado pelo amor, e a
igreja como aquela mesma comunidade reunida para o culto. O nome “igreja”
restringe-se, pois, a uma organização externa com a função única de cultuar; e
esta função apenas capacita os crentes a familiarizar-se melhor uns com os
outros.
A Essência da Igreja.
1. A CONCEPÇÃO CATÓLICA
ROMANA. Os cristãos primitivos falavam da igreja como a communio sanctorum
(comunhão dos santos) e assim, sem contudo terem pensado na matéria
completamente, já deram expressão à essência da igreja. Logo, porém, no fim do
segundo século, como resultado do surgimento de heresias, a questão quanto à
verdadeira igreja se lhes impôs e os levou a fixar a atenção em certas
características da igreja como instituição externa. Desde o tempo de Cipriano
até a Reforma, a essência da igreja foi cada vez mais procurada em sua
organização visível e externa. Os católicos romanos definem a igreja como:
“A congregação de todos os fiéis que, sendo batizados, professam a mesma
fé, participam dos mesmos sacramentos e são governados por seus legítimos
pastores, sob um chefe visível na terra”.
A CONCEPÇÃO ORTODOXA
GREGA. A concepção ortodoxa grega da
igreja é estreitamente relacionada com a dos católicos romanos, e, todavia,
difere dela nalguns pontos importantes. Essa igreja não reconhece a Igreja
Católica Romana como a igreja verdadeira, mas reivindica para si esta honra. Há
somente uma igreja verdadeira, e essa igreja é a Ortodoxa Grega.
A CONCEPÇÃO PROTESTANTE. A
Reforma foi uma reação contra o externalismo de Roma em Geral, e em particular,
também contra a sua concepção externa da igreja. Ela tornou a trazer ao
primeiro plano a verdade de que a essência da igreja não se acha na organização
externa da igreja, mas nesta como a communio sanctorum. Tanto para Lutero como
para Calvino, a igreja era simplesmente a comunidade dos santos, isto é, a
comunidade dos que crêem e são santificados em Cristo, e que estão ligados a
Ele, sendo Ele a sua Cabeça.
O caráter Multiforme da
Igreja.
1. A DA IGREJA MILITANTE E A
IGREJA TRIUNFANTE. Na presente dispensação, a igreja é militante.
2. DISTINÇÃO ENTRE IGREJA
VISÍVEL E INVISÍVEL. Quer dizer que, de um lado, a igreja de Deus é visível, e
de outro, é invisível. Dizem que Lutero foi o primeiro a fazer esta distinção.
3. A DISTINÇÃO ENTRE A
IGREJA COMO ORGANISMO E A IGREJA COMO INSTITUIÇÃO. Não se deve identificar esta
distinção com a imediatamente anterior, como às vezes se faz. É uma distinção
que se aplica à igreja visível e dirige a atenção a dois aspectos diferentes da
igreja considerada como corpo visível. É um erro pensar que a igreja só se
torna visível nos ofícios, na administração da Palavra e dos Sacramentos e numa
certa forma de governo eclesiástico. Mesmo que todas estas coisa estivessem
ausentes, a igreja continuaria sendo visível na vida comunitária e no
testemunho público dos crentes.
Definição
de igreja.
Calvino define a igreja como a “multidão de
pessoas espalhadas pelo mundo, que professam adoração a um só Deus em Cristo;
são iniciadas nesta fé pelo batismo; dão testemunho da sua unidade e amor por
sua participação na Ceia; estão de acordo na Palavra de Deus, e pela pregação
dessa Palavra mantêm o ministério ordenado de Cristo”.
A
igreja e o Reino de Deus.
1. A IDÉIA DO REINO DE DEUS.
O reino de Deus é primariamente um conceito escatológico. A ideia primordial do
reino de Deus na Escritura é a do governo de Deus estabelecido e reconhecido
nos corações dos pecadores pela poderosa influência regeneradora do Espírito
Santo, assegurando-lhes as inestimáveis bênçãos da salvação – um governo que,
em princípio, é realizado na terra, mas que não chegará à sua culminação antes
do visível e glorioso retorno de Jesus Cristo. Sua realização atual é
espiritual e invisível.
2. CONCEPÇÕES HISTÓRICAS DO
REINO. Agostinho via o Reino como
uma realidade presente e identificada com a igreja.
A Igreja Católica Romana identificava francamente o reino de Deus com
a sua instituição hierárquica, mas os Reformadores
recuperaram o conceito de que, nesta dispensação, ele se identifica com a
igreja invisível.
Sob a influencia de Kant, e
principalmente de Ritschl, ele foi
despojado do seu caráter religioso e veio a ser considerado como um reino ético
de fins.
3. O REINO DE DEUS E A
IGREJA INVISÍVEL. É impossível estar no reino de Deus sem estar na igreja como
corpo místico de Jesus Cristo. Há semelhanças entre ambos,
porém, devemos fazer as devidas distinções entre eles.
4. O REINO DE DEUS E A
IGREJA VISÍVEL. Desde que os católicos romanos insistem indiscriminadamente na
identificação do reino de Deus e a igreja, sua igreja reclama poder e
jurisdição sobre todos os domínios da vida, como a ciência e as artes, o
comércio e a indústria, como também sobre as organizações sociais e políticas.
Este é um conceito completamente equivocado.
Berkhof
encerra esse assunto com a sentença: “Na
medida em que a igreja visível serve de instrumento para o estabelecimento e a
extensão do Reino, naturalmente ela está subordinada a este como um meio para
um fim. Pode-se dizer que o Reino é um conceito mais amplo que a igreja, porque
objetiva nada menos que o domínio completo de todas as manifestações da vida.
Ele representa o domínio de Deus em todas as esferas do esforço humano”.
Os Atributos da Igreja – p.
567
Segundo os protestantes, os
atributos são atribuídos primariamente à igreja considerada como um organismo
invisível, e só secundariamente como instituição externa.
1.
A
UNIDADE DA IGREJA. Concepção protestante. Os protestantes asseveram que a
unidade da igreja não é primariamente de caráter externo, mas, sim, de caráter
interno e espiritual. É a unidade do corpo místico de Jesus Cristo, do qual
todos os crentes são membros. Este corpo é dirigido por uma Cabeça, Jesus
Cristo, que é também o Rei da igreja, e é vivificado por um só Espírito, o
Espírito de Cristo.
2.
A
SANTIDADE DA IGREJA. Os protestantes sustentam que a igreja é absolutamente
santa num sentido objetivo, isto é, como ela é considerada em Jesus Cristo.
3.
A
CATOLICIDADE DA IGREJA. Os protestantes insistem em que a igreja invisível é
primordialmente a real igreja católica, porque inclui todos os crentes da
terra, de toda
e qualquer época
particular, sem nenhuma
exceção; porque,
conseqüentemente, ela também tem os seus membros entre todas as nações
evangelizadas do mundo; e porque exerce uma influencia controladora sobre a
vida inteira do homem, em todas as suas fases.
AS MARCAS DA IGREJA EM
PARTICULAR.
a. A fiel pregação da Palavra. Esta é a mais importante marca da
igreja.
b. A
correta ministração dos sacramentos. Jamais se deve separar os sacramentos
da Palavra, pois eles não têm conteúdo próprio, mas extraem o seu conteúdo da
Palavra de Deus;
c. O fiel exercício de disciplina. É deveras essencial para a
manutenção da pureza da doutrina e para salvaguardar a santidade dos
sacramentos.
O
Governo da Igreja – p.575
Relativo
ao capitulo que tange sobre o governo da igreja, não fiz nenhuma asseveração,
por se tratar primeiramente de um assunto geral e de fácil assimilação e, no
que diz respeito aos detalhes, um tema estritamente presbiteriano.
O
Poder da Igreja – p. 590
O
único ponto que suspeitei como uma possível questão de prova nesse capitulo é o
que o autor descreve a seguir como “o poder dogmático ou docente (potestas dogmática ou docendi)”.
POTESTAS DOGMATICA OU
DOCENDI. A igreja tem uma tarefa divina, com relação à verdade. É seu dever ser
uma testemunha da verdade perante os de fora, e tanto uma testemunha como um
mestre para os de dentro. A igreja deve exercer este poder:
a. Na preservação da Palavra
de Deus.
b. Ministração da Palavra e
dos sacramentos.
c. Na estruturação de
símbolos e confissões.
d. No cultivo do estudo da
teologia.
OS
MEIOS DE GRAÇA –
p. 601
Conceitos
Históricos a Respeito dos Meios de Graça
A Igreja Primitiva nada nos
oferece de definido sobre este ponto. Havia muito maior ênfase aos sacramentos
que à Palavra de Deus. O batismo era mui geralmente considerado como o meio
pelo qual os pecadores são regenerados, enquanto que a eucaristia sobressaía
como o sacramento da santificação.
CONCEITO CATÓLICO ROMANO.
Embora os católicos romanos considerassem até as relíquias e as imagens como
meios de graça, distinguiam particularmente a Palavra e os sacramentos. Ao
mesmo tempo, não davam a devida proeminência à Palavra, e só lhe atribuíam
significação preparatória.
2. CONCEITO LUTERANO. Com a
Reforma, a ênfase foi transferida dos sacramentos para a Palavra de Deus.
Lutero deu grande proeminência à Palavra de Deus como o primordial meio de
graça. Ele assinalava que os sacramentos nada significam sem a Palavra e que,
na verdade, eles são apenas a Palavra visível. Lutero não conseguiu corrigir
inteiramente o erro católico romano quanto à conexão inseparável entre os meios
externos e a graça interna comunicada por intermédio deles.
3. CONCEITO DOS MÍSTICOS.
Lutero teve que discutir muito com os místicos anabatistas, e foi
principalmente sua reação contra as idéias deles que determinaram o seu
conceito final sobre os meios de graça. Os anabatistas e outras seitas místicas
da época da Reforma e de tempos posteriores à Reforma negavam virtualmente que
Deus sempre se serve de meios para a distribuição da Sua graça. Eles
salientavam que Deus é absolutamente livre para comunicar a Sua graça, e,
portanto, dificilmente se pode conceber que Ele está preso a tais meios
externos.
4. CONCEITO RACIONALISTA. Os
socinianos do tempo da Reforma, por outro lado, foram muito longe na direção
oposta. O próprio Socino nem sequer considerava o batismo como um rito
destinado a ser permanente na igreja de Jesus Cristo, mas os seus seguidores
não chegaram a esse extremo. Reconheciam o batismo e a Ceia do Senhor como
ritos de validade permanente, mas lhe atribuíam apenas uma eficácia moral.
5. CONCEITO REFORMADO
(CALVINISTA). Enquanto a reação aos anabatistas levou os luteranos a mover-se
em direção a Roma e a ligar a graça de Deus aos meios no sentido mais absoluto
– posição assumida também pelos anglicanos da Igreja Alta – as igrejas
reformadas (calvinistas) deram continuidade ao conceito originário da Reforma.
Eles negam que os meios de graça podem, por si mesmos, conferir graça, como se
fossem dotados de poder mágico para produzir santidade. Deus, e Deus somente, é
a causa eficiente da salvação. E, na distribuição e comunicação da Sua graça,
Ele não está atado absolutamente aos meios divinamente ordenados pelos quais
Ele age ordinariamente, mas os utiliza para atenderem aos propósitos da Sua
graça, de acordo com o Seu livre arbítrio.
O
Batismo Cristão – p.619 – 641.
Analogias do Batismo
Cristão.
1. NO MUNDO GENTÍLICO. O batismo
não era uma coisa inteiramente nova nos dias de Jesus. Os egípcios, os persas e
os hindus tinham todos as suas purificações religiosas. Estas eram mais
proeminentes ainda nas religiões gregas e romanas.
ENTRE OS JUDEUS. Os judeus
tinham muitas purificações e abluções, mas estas não tinham caráter sacramental
e, portanto, não eram sinais e selos da aliança. O chamado batismo dos
prosélitos tinha maior semelhança com o batismo cristão. Quando gentios eram
incorporados em Israel, eles eram circuncidados e, pelo menos em tempos mais
tardios, também eram batizados.
Outra
comparação interessante que o autor faz é com o batismo de João. Ele afirma que
há vários pontos de semelhança entre os dois, mas mostra também outros pontos
que os diferenciam. Dentre os termos de diferenciação está a antiga dispensação
que se encontra o batismo de João.
No
decorrer do livro, o autor discorre algumas questões irrelevantes para se
formular perguntas de prova, como a forma e a formula batismal, a validade ou
não de batismo de crianças, entre outras coisas.
A Ceia do Senhor – p.642
QUEM DEVE PARTICIPAR DA CEIA
DO SENHOR. A Ceia do Senhor não foi instituída para todos os homens,
indiscriminadamente, nem mesmo para todos os que acham espaço na igreja visível
de Cristo, mas unicamente para os que se arrependem fervorosamente dos seus
pecados, confiam que estes foram cobertos pelo sangue expiatório de Jesus
Cristo, e estão desejosos de aumentar sua fé e de crescer num viver
verdadeiramente santo. Os participantes da Ceia do Senhor têm que ser pecadores
arrependidos, prontos a admitir que, por si mesmos, estão perdidos. Devem ter
uma fé viva em Jesus Cristo, de modo que, para a sua redenção, confiam no
sangue expiatório do Salvador. Além disso, devem ter correta compreensão da Ceia
do Senhor, devem fazer correta avaliação dela, devem discernir entre ela e as
refeições comuns, e devem fixar o fato de que o pão e o vinho são lembranças do
corpo e do sangue de Cristo. E, finalmente, devem ter um santo desejo de
crescimento espiritual e de cada vez maior conformidade com a imagem de Cristo.
Basicamente
a ceia do Senhor ou como é preferencialmente chamada por alguns de santa ceia
tem quatro escolas de interpretação quanto ao conceito e significado: os
católicos a define como transubstanciação, os luteranos de consubstanciação,
zwinglianos (batistas) de memorial e os reformados calvinistas um meio termo
entre o conceito zwingliano e luterano.
No
mais, não vi nada que pudesse constituir em elemento que apresentasse qualquer
nível de dificuldade para se elaborar questões de prova.
A
DOUTRINA DAS ÚLTIMAS COISAS
ESCATOLOGIA
INDIVIDUAL – p. 657 – 733.
a questão da escatologia é
uma questão natural. Alguma doutrina das últimas coisas não é coisa peculiar à
religião cristã.
A QUESTÃO DA ESCATOLOGIA NA
FILOSOFIA. A questão do destino final do indivíduo e da raça ocuparam
importante lugar nas especulações dos filósofos. Platão ensinava a imortalidade
da alma, isto é, sua existência continuada após a morte, e esta doutrina
persistiu como um importante dogma da filosofia até à época presente. Spinoza
não teve lugar para ela em seu sistema panteísta, mas Wolff e Leibnitz a
defenderam com toda sorte de argumentos. Kant dava ênfase à insustentabilidade
desses argumentos, mas, não obstante, conservou a doutrina da imortalidade como
um postulado da razão prática. A filosofia idealista do século dezenove a
rejeitou.
Morte
Física –
p. 664
A idéia escriturística da
morte inclui a morte física, a morte espiritual e a morte eterna. Naturalmente,
a morte física e a espiritual são discutidas em conexão com a doutrina do
pecado, e a morte eterna é considerada mais particularmente na escatologia
geral. Por essa razão, uma discussão da morte em qualquer sentido da palavra
poderia parecer fora de lugar na escatologia individual. Todavia, dificilmente
se poderia deixar totalmente fora de consideração, ao se fazer a tentativa de
relacionar as gerações passadas com a consumação final.
A morte física é o término
da vida física pela separação de corpo e alma. A morte é um rompimento das
relações naturais da vida.
Imortalidade
da alma
Diferentes Conotações do
Termo “Imortalidade”.
São indispensáveis certas
distinções para evitar confusão.
1. No sentido mais absoluto
da palavra, só se atribui imortalidade a Deus.
2. A imortalidade, no
sentido de uma existência continuada ou sem fim, também é atribuída a todos os
espíritos, a alma humana inclusive.
3. Ainda, o termo
“imortalidade” é empregado na linguagem teológica para designar o estado do
homem no qual ele está inteiramente livre das sementes da decadência e da
morte.
4. Finalmente, a palavra
“imortalidade” designa, especialmente na linguagem escatológica, o estado do
homem no qual ele é impérvio à morte e não tem a mínima possibilidade de se
tornar sua presa.
Testemunho
da Revelação Geral Quanto à Imortalidade da Alma (provas históricas e
filosóficas).
1.
ARGUMENTO
HISTÓRICO. a crença na imortalidade da alma se acha em todas as raças e nações,
não importa seu estágio de civilização.
2.
ARGUMENTO
METAFÍSICO. Na morte a matéria se dissolve em suas partes. Mas a alma, como uma
entidade espiritual, não se compõe de várias partes, e, portanto, é incapaz de
divisão ou dissolução.
3. ARGUMENTO TEOLÓGICO.
argumenta-se que Deus não teria conferido aos homens essas habilidades e
talentos só para faze-los fracassar em suas realizações, não teria dado aos
corações esses desejos e aspirações só para decepciona-los. Ele deve ter
providenciado uma existência futura, na qual a vida humana alcançara fruição
real.
4. ARGUMENTO MORAL. A
consciência humana atesta a existência de um Governante do universo que exerce
justiça.
SUBSTITUTOS
DA DOUTRINA DA IMORTALIDADE PESSOAL.
O desejo de imortalidade está
implantado tão profundamente na alma humana que, mesmo os que aceitam os
ditames de uma filosofia materialista, procuram algum tipo de substituto para a
rejeitada noção da imortalidade pessoal da alma. Sua
esperança quanto ao futuro assume uma das seguintes formas:
a.
Imortalidade
racial.
Há os que se consolam com a
idéia de que o individuo continuará a viver nesta terra em sua posteridade, em
seus filhos e netos, até gerações intermináveis. O individuo busca compensação
para a sua falta de esperança numa imortalidade pessoal na noção de que ele
contribui com sua parte para a vida da raça e continuará vivendo nela.
b. Imortalidade de
comemoração. De acordo com o positivismo, esta é a única imortalidade que
devemos desejar e buscar. Cada qual deve ter em vista fazer alguma coisa para
estabelecer um nome para si mesmo e que passe para os anais da história. Se o
fizer, continuará a viver nos corações e mentes de uma posteridade agradecida.
c. Imortalidade de
influencia. Esta se relaciona de perto com a imediatamente anterior. Se o homem
deixar sua marca na vida e realizar alguma coisa de valor duradouro, sua
influencia continuará por muito tempo depois de sua partida. Jesus e Paulo,
Agostinho, etc.
O
Estado Intermediário
A.
Conceito Bíblico de Estado Intermediário.
1. DESCRIÇÃO BÍBLICA DOS
CRENTES ENTRE A MORTE E A RESSURREIÇÃO. A posição usual das igrejas reformadas
(calvinistas) é que as almas dos crentes, imediatamente após a morte, ingressam
nas glórias do céu.
PURGATÓRIO não é um lugar de
prova (ou de segunda oportunidade), mas de purificação e de preparação para as
almas dos crentes que têm a segurança de uma entrada final no céu, mas ainda
não estão prontas para apossar-se da felicidade da visão beatífica.
LIMBUS PATRUM. lugar onde,
segundo os ensinos de Roma, as almas dos santos do Velho Testamento ficaram
detidos.
LIMBUS INFANTUM. Este é o
lugar de habitação das almas de todas as crianças não batizadas,
independentemente de sua descendência, quer de pagãos, quer de cristãos.
A DOUTRINA DO SONO DA ALMA
(PSICOPANIQUIA).
a. Exposição da doutrina.
Esta é uma das formas em que a existência consciente da alma depois da morte é
negada. Ela afirma que, depois da morte, a alma continua a existir como um ser
espiritual individual, mas num estado de repouso inconsciente.
O EXTINCIONISMO ensina que o
homem foi criado imortal, mas que a alma, que continua em pecado, está privada,
por um ato positivo de Deus, do dom da imortalidade e, finalmente, é destruída,
ou (segundo alguns), para sempre é despojada da consciência, o que equivale
praticamente a ser reduzida à não existência.
A DOUTRINA DA IMORTALIDADE CONDICIONAL. a imortalidade
não é um dote natural da alma, mas um dom de Deus em Cristo aos que crêem. A
alma que não aceita a Cristo, finalmente deixa de existir, ou perde toda a
consciência.
TEORIA DA “SEGUNDA PROVA”,
Essa teoria pretende que a salvação mediante Cristo é possível no estado
intermediário para certas classes de pessoas, ou talvez para todas; e que é
oferecida nos mesmos termos como no presente, a saber, a fé em Cristo como
Salvador. Cristo é dado a conhecer a todos os que ainda necessitam dele para a
salvação, e todos são instados a aceita-lo.
ESCATOLOGIA
GERAL
A
Segunda Vinda de Cristo
Vários termos são empregados
para denotar este grande evento, dos quais os seguintes são os mais
importantes: (1) apocalypsus (desvendamento, revelação); (2) epiphaneia (aparecimento,
manifestação; e (3) parousia (literalmente, presença).
PRÉ-MILENISMO.
Não
fiz nenhuma asseveração a respeito do pré-milenismo por se tratar de um tema
que conheço bem, e por suas diferenças em relação ao pós-milenismo a amilenismo
serem gritantes.
PÓS-MILENISMO.
A posição do pós-milenismo é
completamente oposta à tomada pelo premilenismo, respeitante à data da segunda
vinda de Cristo. Ele afirma que o retorno de Cristo será depois do milênio, que
se pode esperar para durante e no fim da dispensação do Evangelho.
Imediatamente após, Cristo virá para introduzir a ordem eterna de coisas. Na
discussão do pós-milenismo será necessário distinguir duas formas da teoria,
uma das quais espera que o milênio será realizado pela influência sobrenatural
do Espírito Santo, e a outra espera que ele advirá por um processo natural de
evolução.
As objeções ao pos-milenismo
são baseadas nos seguintes postulados:
a.
A
idéia fundamental da doutrina segundo a qual o mundo inteiro será
gradativamente ganho para Cristo, a vida de todas as nações será transformada
pelo Evangelho no transcurso do tempo, a justiça e a paz reinarão
supremas, e as bênçãos do
Espírito serão derramadas mais copiosamente que antes, de sorte que a
igreja experimentará um período de prosperidade sem par imediatamente antes da
vinda do Senhor.
b.
a
presente era não acabará numa grande mudança cataclísmica, mas passará numa
transição quase imperceptível para a era vindoura.
c.
A
idéia moderna de que a evolução natural e os esforços do homem no campo da
educação, da reforma social e da legislação produzirão gradativamente o reinado
perfeito do espírito cristão (Walter Rauschenbush).
A Doutrina da Ressurreição
na História.
Os
teólogos do período da Reforma geralmente estavam de acordo em que o corpo da
ressurreição será idêntico ao atual.
NO
VELHO TESTAMENTO. só mostra algum conhecimento dela nos seus últimos livros. É
deveras comum a opinião de que Israel tomou por empréstimo dos persas a sua
crença na ressurreição. p. 724
O Juízo Final
1.
JUÍZO PURAMENTE METAFÓRICO.
2.
JUÍZO EXCLUSIVAMENTE IMANENTE.
O
JUÍZO NÃO SERÁ UM SÓ EVENTO.
O
JUÍZO FINAL É DESNECESSÁRIO.
É
indubitavelmente certo, porém, que uma grande parte da linguagem referente ao
céu e ao inferno deve ser entendida figuradamente.
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