No ultimo
domingo, dia 10 de março, fui a uma igreja em um bairro próximo de onde eu moro
participar de um culto que o doutor Russel Shedd iria ministrar. Sua ministração
foi baseada em 2 Co 2.14 “E graças a Deus, que sempre nos faz
triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento”. Ele falou sobre a
igreja triunfante e a igreja triunfalista, discorrendo sobre os textos paulinos
acerca de suas batalhas, suas crises e mostrando com sua enorme serenidade
peculiar o que significou ser triunfante para Paulo e o que a teologia da prosperidade
chama de triunfante.
A explanação do Dr.
Shedd foi magistral, e só não entendeu quem não quis, segados pela ignorância ou
pelo fascínio da teologia da prosperidade. No entanto, como o nobre palestrante
é um biblicista, mestre na arte de ensinar e profundo conhecedor dos
significados das palavras bíblicas do Novo Testamento no original grego e não
um exortador com "veia" profética me vi a imaginar o apostolo Paulo pregando a
esse respeito.
O que os pregadores
televisivos estão fazendo no Brasil é um completo desrespeito a quase tudo que
Paulo escreveu e uma quase absoluta total incoerência com o que Jesus ensinou e
viveu. Se onde Paulo se encontra pudesse assistir a programas de TV, ele
ficaria furioso com os programas evangélicos e talvez até chegasse a pensar que
puseram fim às suas cartas, tamanho é a distancia da pregação triunfalista da
teologia da prosperidade, que, como um câncer esta tomando conta quase que do
evangelicalismo todo.
Segundo Paulo, nosso
triunfo é Cristo, é o que ele fez na cruz. O único lugar além de 2 Co 2.14 que
existe a palavra triunfar é em Col. 2:15 “E, despojando os principados e
potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo”. Paulo acreditava
no seu triunfo em Cristo, independente de qualquer situação que ele estivesse
vivendo: seja em prisões, em lutas, frio, fome, angustia, abandono, tristeza,
etc. Paulo fala sobre isso claramente em Filipenses 4. 1-13 “Não digo isto como
por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar
abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas
estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância,
como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece”. Essa
passagem já é suficiente para desmoronar todo esquema da teologia da
prosperidade que prega que o crente não pode aceitar derrota, não pode ficar
doente, não pode fracassar, não pode ser pobre, porque se não (segundo a
teologia da prosperidade) alguma esta errado com ele. Se isso fosse verdade,
Paulo então não tinha Deus em sua vida. O que dizer de sua modesta vida
material? O que dizer dos açoites, das prisões, do abandono e da escassez
que ele sofreu em boa parte de sua vida? O que dizer de Jesus, que sendo rico
(na glória com o Pai) se fez pobre? O que dizer do fato de Jesus e Paulo não
ter induzido ninguém a dar dinheiro a eles? E Jó, que usam tanto como exemplo
de homem prospero, o que dizer de suas perdas, de suas crises, da morte de seus
filhos e da incompreensão de sua mulher?
Agora fico
pensando uma coisa! O que acontece com os crentes, será que são cegos ou
simplesmente se recusam a ver o que esta acontecendo? Por que não comparam
Jesus, Paulo, o evangelho da graça com essa turma de hoje que busca fama,
grandeza, riquezas e poder?
Bem, eu já fiz a
minha escolha, fico com a simplicidade que há em Jesus Cristo de Nazaré. Escolho
o evangelho da graça de Deus.
14 de março de 2013.
Ismael
Comentários
Postar um comentário