As perguntas que seguem abaixo foram elaboradas pelo professor Isaltino Coelho Filho tem o objetivo de levar a liderança das igrejas a refletir o seu papel.
1. Tenho a preocupação de cuidar, de marcar a vida das pessoas, de deixar lembranças positivas, ou vejo meu ministério apenas pelo aspecto de cumprir uma missão?
O ministério pastoral antes de qualquer coisa implica no cuidado com as ovelhas. Jesus quando encontrou-se com Pedro após a sua ressurreição perguntou-he: você me ama? Então apascenta as minhas ovelhas. O líder é um influênciador e como tal deve se conciêntizar da oportunidade e responsabilidade que tem de deixar marcas positivas na vida das pessoas que estão sob o seu cuidado.
2. Considero-me, como pastor, um produto acabado?
Pastor nenhum na face da terra é um produto acabado. O dia que o pastor se considerar um produto acabado ele estará de fato acabado. Sócrates, o grande filósofo, disse que sábio é aquele que sempre procura mais sabedoria. O rei Salomão disse algo bem oportuno sobre isso. Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal (Pv 3.7). O pastor na realidade é uma ovelha como as outras, um ser humano com as mesmas carências, fraquezas e necessidades. Isto significa que ele também vive um processo de crescimento que não pode parar.
3. Que características do pós-modernismo estou a ver em minhas ovelhas, mais comumente? E na minha conduta?
Essa é uma questão que vai exigir do pastor observação. O pastor inteligente ficará atento nas ocilações de comportamento do seu rebanho. E mais importante ainda, deverá ficar atento na própria conduta. É sempre essencial para o líder cristão fazer constantes comparações entre o perfil de um homem de Deus apresentado nas Escrituras e o seu comportamento no cotidiano.
4. Estou na pós-modernidade, com o peso da autoridade? Como reajo à ésta contastação e como me situo para responder aos desafios pós-modernos?
Ésta é mais uma boa pergunta que exige reflexão. Na éra moderna, em meados dos anos 70 e inicio dos anos 80 era bem mais fácil exercer a liderança. O líder se apoiava sobre o seu poder e raramente alguém ousava desafiar e questionar a sua autoridade. As coisas estão bem diferentes na atualidade. Agóra, o líder que insiste em um modelo de liderança baseado na força dificilmente sobreviverá por muito tempo. As pessoas da pós-modernidade querem um líder que as conquistem. Sómente depois elas reconhecerão e se submeterão à sua autoridade.
5. O que está no centro de minha visão pastoral?
A visão pastoral deve ser absolutamente acima de qualquer interesse terreno. O pastor tem que ter uma visão do Reino de Deus. Ele precisa encarar a igreja local da qual pastoreia como uma agência do Reino de Deus. Ísto significa que tudo que o pastor leva a igreja a realizar deve estar relacionado com os interesses do Reino. Tendo os interesses do reino de Deus norteando a sua visão, o pastor pode então desenvolver o seu ministério para a glória de Deus, sabendo que tudo quanto ele fizer será bem sucedido aos olhos do seu Senhor.
6. Qual a minha visão de Igreja e qual o uso do púlpito que faço?
Quanto à igreja, a primeira coisa que jamais poderá esquecer é que ela não é sua propriedade, como um negócio particular. Não é meramente o seu ganha pão, embora tenha direito a ser sustentado pelos dizimos e ofertas dos fiéis. Não é também o seu império, onde ele possa mandar e desmandar como bem entender. O pastor precisa saber que a igreja é de Deus; uma comunidade de pessoas salvas pelo precioso sangue de Jesus, que deve ser treinada e equipada para alcançar o mundo com a mensagem da cruz. Em relação ao púlpito, o pastor deve fazer uso dele com temor, tremor e reverência. Pulpito não é lugar de desabavo, mas de proclamação da verdade de Deus. Pulpito não é palanque de politico, nem muito menos lugar de discursos vazios e sem sentido. Pulpito é o altar do Senhor, lugar onde o pastor se coloca como porta-voz do Senhor. Pulpito é lugar de se fazer ouvir a voz profética de Deus.
O líder evangélico não pode ser alguém levado por qualquer idéia facilmente. Sua mensagem deve estar fundamentada na Palavra de Deus; por isto, é imprescindível que ele sature a sua mente com as Escrituras sagradas e se dedique o máximo à oração. Ele deve ser uma pessoa reflexiva. Pastor tem que ser um pensador, um formador de opinião, um influenciador. E como tal, deve levar a igreja a dar respostas relevantes para a vida real das pessoas. A mensagem precisa despertar o interesse das pessoas. Ela deve ser bíblica, trazendo as respostas das questões pertinentes ao homem pós–moderno.
A fé precisa ser viva numa igreja. Parece banal, mas isto tem nexo. A igreja não basta ter o nome de cristã, isso apenas não muda a vida das pessoas. Ela deve expressar o caráter cristão nas suas relações e no seu ambiente. O pós-moderno necessita ver uma igreja séria, espiritual, coerente em sua fé. As pessoas estão cansadas de tanta hipocrisia. De pessoas que discursam bem, mas que não praticam nada do que falam.
Se o mundo mudou e as pessoas mudaram, a liderança cristã precisa mudar a sua maneira de interagir com aqueles que são objeto do amor de Deus. Não que isso signifique que devemos mudar o evangelho ou barganhá-lo, definitivamente não. Mas o que devemos mudar é nossa estratégia, nossa liturgia, nossa linguagem, ou seja, o nosso modus operandi, pois a igreja não pode mais pensar com a cabeça do século XX.
SERRA, DEZEMBRO DE 2009
PASTOR ISMAEL
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