Vimos nos capítulos anteriores que o homem pós-moderno e suas vertentes representa um grande desafio para a igreja contemporânea. São muitas as crises alistadas. Às vezes somos tentados a imaginar que essas coisas todas nada têm que ver com a igreja. Mas o nosso alerta é exatamente no sentido contrário. Aos poucos, vamos incorporando essa ou aquela atitude sem perceber. Tornamo-nos cínicos, para podermos sobreviver; consentimos, por falta de diálogo ou medo de magoar nossos jovens e perder importante fatia no mercado evangélico (Amorese 1998, p. 170).
A intenção desse capitulo não é oferecer uma série de passos de mágica para a igreja ser uma maravilha. A propósta é apresentar algumas sugestões para melhorar a situação da igreja brasileira. São idéias para se pensar um pouco, refletir, meditar. Sabemos, no entanto, que não podemos ser apenas seres pensantes e contemplativos, é preciso ação e esforço, muito esforço, no sentido de procurar viver no centro da vontade de Deus.
Em relação aos nossos cultos dominicais, o problema, é que ninguém conversa com ninguém a respeito de si próprio, a não ser para contar vantagens. Há igrejas que seus cultos mais parecem desfiles de moda. E o que mais se fala quando chegam a casa é quem estava mais bem vestido, em vez de falarem como foi abençoado o culto.
Uma boa sugestão para resolver esse problema é a realização de reuniões nos lares. Não para estudos bíblicos, nos quais um fica encarregado de expor as Escrituras e os demais aprendem. Nem tão pouco para conversa fiada, sem sentido. Mas para contar histórias, trocar experiências, valores que valham a pena socializar. Mas não se iluda achando que formar grupos pequenos na igreja é fácil. Geralmente, as pessoas são aversas a este tipo de coisa. A maioria não querem se expor, porque é muito melhor, mais cômodo para elas participar de um grupo grande, onde possam ficar anônimas, sem ninguém perceberem sua presença.
As células familiares trabalham na contramão do individualismo da pós-modernidade. Seu estilo e natureza trás o convívio social para dentro da igreja; que esta cada vez mais difícil. O pastor da igreja deve pregar valores que reforcem essa visão de grupos pequenos. Deve orar com instância resistindo os espiritos contrários e deve se posicionar de maneira firme diante da congregação.
Normalmente as pessoas querem optar pela sua “preferência” religiosa sem ser importunadas por opiniões contrárias. Os critérios que orientam essas escolhas são todos íntimos e subjetivos. Semelhantemente, também não tentarão impor sua nova opção de fé a ninguém.
Na Igreja, o que antes era convicção, hoje é opção. Os mandamentos divinos passaram a ser sugestões divinas. A igreja é orientada por aquilo que dá certo e não por aquilo que é certo. Isto é algo extremamente perigoso para a integridade da igreja. O quê os líderes e os membros precisam estar atentos, é que, o mais importante para a igreja é a sua fidelidade a Deus. Sucesso e crescimento são os resultados que a igreja alcança por viver saudavelmente . A Bíblia diz que a igreja quando começou no primeiro século era fiel ao Senhor. Os discipulos viviam em oração e ardente comunhão uns com os outros “E O SENHOR ACRESCENTAVA OS QUE IAM SENDO SALVOS” at 2.47
Nossa tarefa apologética para ésta era pós-moderna é restaurar a confiança na verdade. A Bíblia continua sendo a Palavra de Deus. A Bíblia é um documento inspirado da revelação divina, quer este ou aquele indivíduo receba ou não o seu testemunho. Devemos, pois, respeito e obediência à Bíblia, não por ser letra fixa e estática, mas porque, sob a orientação do Espírito Santo, essa letra é a Palavra viva do Deus vivo dirigida não só ao crente individual, mas à Igreja em geral.
Infelizmente, vivemos um paradoxo tristemente interessante: por um lado, nunca se produziu tantos exempleres de bíblias como temos na atualidade. É a Bíblia da mulher, da família, do ministro, do jovem, do adorador e até de quem não tem tempo para ler a Bíblia (Bíblia resumida). Por outro lado, as pessoas lêem pouquíssimo o livro sagrado. Há inclusive uma grande parcela de pastores que só lêem a Bíblia no dia em que vão pregar. Se aqueles que estão liderando as ovelhas tem esse nível de compromisso com a leitura da Bíblia, então o que podemos esperar do povo comum?
Mas isso ainda não é o pior. Cresce no meio evangélico algumas idéias esquisitas relacionadas à Bíblia. São teorias da teologia liberal que devastou completamente as igrejas da maior parte da Europa e deixou marcas terríveis nos Estados Unidos.
Esses falsos mestres negam a inspiração divina das Escrituras, querem negar a divindade de Cristo, a sua ressurreição corpórea e alegorizar a volta de Jesus. Querem fazer do cristianismo mais uma religião como outra qualquer.
A igreja de Jesus jamais pode abrir mão da verdade absoluta, da verdade bíblica. Mesmo que seja criticada, ridicularizada, zombada, injuriada e maltratada. Verdade para os seguidores de Cristo não é uma questão relativa, é uma questão de vida e morte. O seguidor verdadeiro de Jesus Cristo não negocia a sua fé. Ele esta firmado em Cristo, tem certeza da sua salvação, sabe que os seus pecados foram perdoados. Ésta é a verdede que ele não abre mão.
A palavra doutrina é muito confundida nos círculos evangélicos. Principalmente no meio pentecostal. Alguns pensam que doutrina é o mesmo que usos e costumes, ou uma série de preceitos éticos regionais. Na verdade, doutrina é muito mais que isso. São ensinamentos teológicos fundamentados na Bíblia, que não estão condicionados ao tempo, cultura ou espaço geográfica.
O pastor Hernandes Dias Lopes, da primeira igreja presbiteriana de Vitória (2005, p. 20.) fez um comentário interessante a esse respeito:
No mundo pós-moderno, não faz sentido discutir doutrina e teologia. Onde não existe verdade absoluta, não há espaço para a discussão de temas religiosos. Esse assunto deve ser empurrado para a lateral da vida e para fora da agenda da igreja. As pessoas não se interessam por doutrina, porque pensam que doutrina divide. Elas preferem temas mais ameno. Mas não há prática cristã sem doutrina. Antes de Paulo exortar a igreja, ele ensinava sobre doutrina. A doutrina é a base da moral. A teologia é a mãe da ética. O colapso moral presente na sociedade e na igreja é a ausência da doutrina bíblica.
Os apóstolos diferentemente do que acontece hoje evangelizavam com temas doutrinários. Pedro por exemplo, em seu primeiro sermão, faz uma exposição concisa da doutrina da ressurreição. Como resultado, mais de três mil pessoas se convertem a Cristo...
Continuação na 2ª parte
SERRA, DEZEMBRO DE 2009
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