A igreja do Senhor Jesus desde a sua fundação no século I até hoje, 2009, vem enfrentando muitos desafios para sobreviver. Em determinados momentos, parecia que ela seria esmagada pelo adversário de tão grande que eram as dificuldades.
No século primeiro, por exemplo, os cristãos eram perseguidos, presos e muitos foram mortos. Tiago, um dos apóstolos da igreja, morreu ao fio da espada. Estevão, um dos sete diáconos, foi apedrejado sem misericórdia alguma. Pedro, Paulo e tantos outros cristãos foram mártires. Ser crente nunca foi moleza.
O próprio Jesus, nunca prometeu que as coisas seriam fáceis. Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo (Jo 16.33).
Ele disse também que seriamos perseguidos, injuriados por causa do seu nome. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa (Mt 5.11).
É verdade que a igreja nunca teve sossego e ninguém deve se iludir pensando que é possível viver o céu aqui na terra. O descanso da igreja será apenas quando chegar no céu. Aqui na terra a igreja esta ainda militando, batalhando, lutando. Mas ninguém precisa desanimar. O Senhor disse: edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16. 18).
Talvez o primeiro século foi a época de maior tribulação que a igreja já enfrentou. No entanto, uma coisa é certa e todos concordam, foi a melhor fase da igreja espiritualmente. As pessoas viviam a fé no Cristo ressurreto intensamente, mesmo sendo ameaçados pela prisão e até mesmo pela morte não retrocederam. É imprescionante o nível de unção derramado sobre aquele povo. Eles com alegria buscavam o Senhor de todo coração, tinham comunhão uns com os outros e falavam e mostravam o amor de Deus por onde passassem (At 2.46).
No século XX, já na era moderna, a civilização teve muitos progressos, principalmente no ocidente. Mas com o progresso, a tecnologia e a informatização, veio também novos problemas. No campo religioso, a igreja teve de enfrentar o racionalismo, o materialismo e uma crescente onda de ateísmo. Isto obrigou a igreja a rever a sua apologética diante de novos obstáculos. Hoje, olhando para trás, vemos que aquelas dificuldades já não representam maiores perigos, podemos dizer seguramente que são desafios ultrapassados (GAMA FILHO, 2004, p. 34).
Porém foi no final do século XX que se iniciou uma nova era, como destaca Coelho Filho:
Em 1989 o mundo foi sacudido de maneira como poucas vezes o fora anteriormente. Caiu o muro de Berlim. Poucas pessoas entenderam que não era apenas um evento, mas uma nova era na história da humanidade (2002, p. 12).
Há algumas controvérsias quanto ao comentário citado acima. Alguns pensam que a pós-modernidade iniciou bem antes da queda do muro de Berlim. Entretanto, isto não tem muita importância. A questão maior é que todos os pensadores concordam no fato de que estamos na pós-modernidade.
2.1 A mentalidade do cidadão pós-moderno
Necessitamos saber agora como o mundo pensa e qual é a sua perspectiva de vida, para poder comunicar o evangelho de modo eficiente. A mensagem nunca muda, ela é a mesma. O apostolo Paulo disse que quem apresentar outro evangelho além do que ele apresentou seja maldito (Gl 1.8,9). Isso não significa que os métodos tenham que ser os mesmos de sempre. Método é algo flexivo, ele muda de acordo com o tempo, cultura e de acordo com as pessoas que a igreja queira alcançar. O próprio Jesus se contextualizou com a cultura das pessoas para se comunicar eficientemente. Quando ele falava com pescadores usava uma linguagem comum a pescadores, usando figuras de linguagem relacionado a peixe, redes, mar. Quando estava com agricultores falava em sementes, campos prontos para a ceifa, arado, etc. também sabia falar no nível dos mestres e doutores, como no caso de Nicodenos, que era considerado príncipe em Israel. Para cada tipo de pessoa Jesus sabia entrar e sair. Esta foi a razão do seu sucesso entre as pessoas, principalmente entre as mais pobres e humildes.
Jesus não é apenas o salvador que morreu na cruz por nossos pecados. Ele é também exemplo, modelo e padrão de vida a seguir, e os pregadores da atualidade precisam seguir o exemplo de Jesus, estudando as pessoas para comunicar a mensagem da cruz com eficiência. Porque querendo aceitar ou não, vivemos em um mundo novo, um mundo pós-moderno, e com ele o desafio de entender suas mudanças e como essas mudanças influenciam as pessoas no seu modo de pensar, sentir e agir. Cabe à igreja compreender estas mudanças para que ela possa assim contextualizar o seu modo de levar a mensagem de Deus.
Pós-modernidade não é apenas mais um modismo. É uma atitude cultural assumida por um grupo cada vez maior de pessoas, nas mais diversas áreas da vida humana. É uma mudança de hábitos que está a sepultar aquilo que conhecemos e praticamos. Um conjunto novo de valores na música, na literatura, na arte, nos filmes, nas novelas, no modo de vestir e no trato com as pessoas. Portanto, pós-modernismo é o nome aplicado às mudanças ocorridas nas ciências, nas artes e nas sociedades avançadas. (Coelho Filho)
Já o pastor Alberto Pereira define a Pós-modernidade da seguinte maneira:
Pós-modernidade é uma atitude intelectual que se expressa numa série de procedimentos culturais que recusa os ideais, crítica ao modernismo e aos princípios e valores que constituem o suporte da cultura ocidental moderna. É uma época que está emergindo, substituindo aquela em que estamos inseridos, moldando cada vez mais a nossa sociedade (2004, p. 1).
As mudanças que vem ocorrendo na sociedade é algo completamente novo. O mundo tem se afastado cada vez mais de Deus. O pecado tem se espalhado e multiplicado de maneira avassaladora. No entanto, para o apostolo Paulo não era nenhuma novidade. O texto profético de Paulo em (2Timóteo 3:1-5) revela o perfil dos homens dos últimos dias e este perfil se encaixa perfeitamente no homem pós-moderno, vejamos:
Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.
É assombroso, mas temos de admitir que esse seja o tempo que se refere o texto sagrado escrito pelo apostolo Paulo, pois as pessoas da nossa época atual têm o mesmo perfil das pessoas citadas no texto bíblico acima. Isto faz com que a responsabilidade da nova geração de pregadores frente ao mundo aumente mais ainda. A igreja não pode perder tempo e nem recursos com coisas que não farão a diferença no Reino de Deus. É preciso investir o máximo de esforço no trabalho de evangelização, porque Jesus está voltando, os sinais estão se cumprindo e cada dia é precioso.
Júlio Paulo Tavares Zabatiero escreveu um artigo referindo-se à geração pós-moderna com o título: A vida não refletida, apenas sentida. Ele acredita apropriadamente que uma das características fundamentais da chamada pós-modernidade é o abandono da reflexão crítica racional. Reconhecendo a incapacidade de a razão resolver todos os problemas humanos, as pessoas que aderem ao novo modo de ser pós-moderno preferem levar a vida a partir dos Sentimentos e desejos, e não da reflexão, ou, em linguagem bíblica, do discernimento. Sentir é mais importante do que saber, e sentir-se bem é o que realmente importa para o indivíduo pós-moderno...
continuação na parte II
FEU ROSA, DEZEMBRO DE 2009
ISMAEL FILGUEIRA.
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