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JESUS CRUCIFICADO E FESTA NO INFERNO. SERÁ?


O ministério de louvor Diante do trono da Igreja Batista Lagoinha, Belo Horizonte, sucesso em todo Brasil com lindas músicas lançou o seu terceiro CD no segundo semestre de 2000, sob o titulo “águas purificadoras”. Dentre as canções daquele álbum, houve uma que causou desconforto teológico em muita gente: é a musica ‘A vitória da cruz’.
Ao ouvir essa musica logo que foi lançado o CD, fiquei um pouco intrigado, e como um bom “bereano” parti para a Bíblia para esclarecer minhas dúvidas.
Estou escrevendo este artigo porque dei um estudo na igreja recentemente sobre o assunto e uma irmã pediu-me por escrito.

Esta música, apesar do titulo, contém uma frase controversa, em primeiro lugar com o seu próprio titulo. Em segundo lugar com o ensino neotestamentário. A frase é a seguinte: ”Jesus crucificado e o inferno em festa se alegrou. Pensaram ter vencido e derrotado o salvador”.
Vou mostrar à luz da Bíblia com muita clareza que essa ideia é completamente errada; Que em hipótese alguma houve festa no inferno; muito menos o diabo achar que havia derrotado o Senhor.

O diabo em toda a vida e ministério de Cristo buscou desviá-lo da cruz. A cruz foi o ponto máximo, o clímax do estado de humilhação de Cristo. Portanto, era preciso que o Salvador morresse, e tivesse morte de cruz. Isto não significa de modo algum derrota. Tudo fez parte do plano de Deus de redenção, traçada ainda na eternidade. ap 13.8
A cruz, portanto, era o itinerário obrigatório da missão remidora de Cristo. Fugir da cruz seria desistir da missão. Ser desviado da cruz seria sofrer a derrota. Gn 3.15
Satanás sabia de tudo isso. Se não o soubesse, não teria investido tanto esforço para desviar Cristo da consumação da salvação (morte por crucificação). Is 53.4-12; Jô 19.30
Certamente Ana Paula (que, diga-se de passagem, é uma excelente compositora, e eu, um grande admirador do seu ministério), não estava atenta a estas questões cristologicas.
Vejamos então alguns outros argumentos contrários à suposta festa no inferno:

  1. No nascimento de Jesus Herodes mandou matar as crianças com o objetivo de matar Jesus. Se isto acontecesse, colocaria definitivamente um fim trágico na missão redentora de Cristo.  MT 2.13

  1. Em Mateus 16. 21-23, Jesus diz aos seus discípulos que seria preso, morto e ressuscitaria. Pedro o reprovou para que de modo algum acontecesse isso com ele, incutindo em cristo sentimento de auto piedade. O Senhor repreendeu a Pedro severamente, mostrando que aquilo que Pedro estava falando era de procedência satânica. Aqui Satanás da demonstrações que entendia o que era necessário Jesus passar para completar a obra de redenção. Veja que Jesus diz que em sua missão messiânica era preciso que ele morresse, e mais uma vez o diabo se manifesta para impedi-lo de sua missão.

  1. Na tentação no deserto Jesus passou quarenta dias sendo tentado pelo diabo a desistir de sua missão messiânica, oferecendo-lhe inclusive as glórias deste mundo. Mas o Senhor sabia que sua missão entre os homens implicaria viver sem nenhuma glória, pelo contrário, ele deveria sofrer, e sofrer muito, até o ponto de morrer.

  1. Não foi o diabo que matou Jesus. Ele morreu porque essa foi a vontade do Pai, e Jesus por vontade própria se submeteu à vontade do Pai. Lc 22.39-43.

Além do mais, desde quando o diabo se alegra e festeja quando alguém obedece a Deus? Até onde eu entendo o diabo trabalho dia e noite para nos fazer desobedecer a Deus. A Bíblia é clara em dizer que Jesus Cristo aprendeu tudo pela obediência, e a demonstração mais evidente disso, é que ele morreu por um ato da mais pura obediência. Estou certo que o maior gesto de obediência já praticado em toda história da humanidade só poderia causar uma coisa no inferno: muita tristeza. Fp 2.5-8

  1. A cruz era o tema central da pregação dos apóstolos. Paulo em suas cartas, também não deixava de mencionar a cruz e o que ela significava para a cristandade.

 Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã. 1 Co 1.17

Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.  Gl 6.14

E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. Ef 2.16

E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus. Cl 1.20

  1. O texto em seguida fala concisamente que o perdão dos nossos pecados foi efetuado exatamente na crucificação do Senhor. Imagine se o diabo é burro para pensar que Jesus estava sendo derrotado justamente no momento em que estava levando sobre si os nossos pecados. A divida estava sendo paga, a nota promissória sendo rasgada, a culpa sedo removida.

 E havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz; Cl 2.14.

  1.  Para finalizar meus argumentos nesse artigo, leia com atenção Cl 2.15.  E, tendo despojado os principados e potestades, os exibiu publicamente e deles triunfou na mesma cruz.
Você acredita que alguém pode fazer festa quando esta sendo triunfado, despojado, exposto publicamente? Acreditar nisso seria ignorar completamente o correto ensino da Palavra de Deus.
Dizer que o inferno fez festa no sofrimento, na crucificação e na morte de Cristo é no mínimo uma irresponsabilidade bíblica. De Genesis a Apocalipse não há absolutamente nada que nem de longe dê margem para essa ideia sem a menor base bíblico-teológica.

Por outro lado, estou consciente que as pessoas que pensam assim, não o fazem mal intencionadas.
Tal ideia se deu, acredito, por causa da tristeza dos discípulos quando Jesus foi preso. Eles pensaram que Jesus havia sido derrotado, fracassado. Mas não podemos esquecer que eles só entenderam corretamente a missão de Cristo após a sua ressurreição. E outra coisa completamente diferente foi a compreensão de satanás a respeito do sofrimento vicário de Cristo.




Serra-ES, janeiro de 2008.

Ismael Filgueira
Pastor.

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